A morte, de certa forma prevista, do Google Wave

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

No dia 4 de agosto de 2010, às 14h, com extremo pesar, o Google anunciou a descontinuação do Wave.

Mesmo sendo lançado por uma das maiores potências da internet contemporânea (que foi e ainda é o grupo de malucos que reinventou a forma de navegar na internet), o Wave é uma aplicação sem sucesso que não foi absorvida na vida e nos hábitos das pessoas, diferente do que aconteceu com o buscador Google, o Gmail, o Maps, o Youtube e o Orkut.

Fiquei de antena com o “burburinho” criado com este anúncio para sentir a reação da galera, e como já esperava, o que mais li e ouvi foi: “Mas eu nem sabia que isso existia!“.

Ou então “Vixi, vi alguém comentando desse troço aí umas três vezes e depois nunca mais.” E o mais popular “WTF?

O que é o Google Wave?

Para quem nem ouviu falar do Google Wave, trata-se de uma aplicação que pretendia integrar e-mails, redes sociais, documentos, tradutores, calendário, comunicadores instantâneos e tudo o que faz parte do dia-a-dia da grande maioria dos usuários de internet (ou pelo menos o que fosse possível).

E tudo isso aplicando o conceito de computação em nuvem, ou seja, não necessitava ser instalado na máquina do usuário, pois todo o processamento e armazenamento das informações era feito pela internet e em servidores dedicados.

O que deu errado?

Mas caramba, por que uma aplicação assim, tão útil e moderna, que até hoje não existia, está “morrendo”? Por que uma empresa, que enxergou tantas “brechas” no mercado e criou nas pessoas necessidades que não existiam, fazendo com que ficassem praticamente dependentes de seus produtos, errou tão feio nessa? O que deu errado?

É importante discutirmos isto, pois se o Google está sujeito a errar, e com uma aplicação destas, quem somos nós? E por isso, gostaria muito de levantar esta discussão e ter mais opiniões a respeito.

O golpe final do clique

Hoje mesmo, li um comentário de uma amiga no Twitter, dizendo não entender porque não conseguia gostar do Facebook. Minha resposta foi: “Eu tenho a mesma impressão. Deve ser porque ele realmente é uma zona e também porque acabamos nos acostumando com a simplicidade do Twitter“.

De pronto, ela respondeu: “Exatamente. Muita coisa, me deixa até tonta rs… aqui é simples e fácil, você posta e pronto!” (Abraços pra querida @juabba que me ajudou a abrir mais um pouquinho a mente).

Para mim, o fato é: infelizmente, o grande público ainda não está preparado para este tipo de abordagem. As pessoas querem conhecer coisas novas, mas estão cada vez menos preocupadas em perder tempo em achá-las, em experimentá-las, entendê-las. Tudo precisa estar fácil, à mão. E os tablets, como o iPad, estão aí para provar isto.

Percebam quanta coisa gira em torno de um clique (ou um toque). Ele nunca foi tão importante quanto nos tempos de hoje.

A verdade é que as pessoas ficaram “preguiçosas”. Querem cada vez mais serem servidas pois estão conhecendo seu poder de escolha, de consumo e o leque de opções que elas têm.

E o Wave não é uma aplicação de um clique só. Ele é complexo, é avançado (não que eu concorde que os dois adjetivos devam caminhar juntos) e tenho certeza que algo lançado como isso hoje, integrado em um sistema operacional – principalmente touch – seria matador.

E na minha opinião, quem está mais próximo disso é o iPad, com uma das aplicações que mais me impressionou pela simplicidade e integração perfeita com o dispositivo. O nome dela é FlipBoard e foi desenvolvida pela Flipboard Inc.

Ela é grátis, linda, simples, leve e eficiente, transformando seus feeds em uma “revista social” digital.

E o Kiko?

Avisa o Kiko pra ele se preparar.

As coisas estão mudando de verdade. Hoje mesmo estava com um grupo de desenvolvedores nerds (são os melhores), viajando sobre o momento especial que estamos vivendo… as mídias estão evoluindo com a internet e a própria internet está evoluindo com isso. Os dispositivos estão cada vez mais versáteis, úteis e “inteligentes” e a tendência inevitável é que tudo vire uma coisa só. Éééé… A nuvem já é real e já está entrando pelas frestas da janela.

E o Google está bem longe de morrer com isso. Continua comprando, crescendo e investindo em seus filhos Google Chrome OS e Android.

A Apple continua enchendo os bolsos com os filhos, gênios e quase gêmeos, iPod, iPhone e iPad. Sem falar, é claro, dos MacBook. E pelo visto vai continuar metendo chumbo grosso na disputa e inovando, como sempre, orgulhosamente, fez.

A Microsoft também está na briga, aprimorando seus Windows Phones e os seus filhos mais velhos e bem sucedidos, Windows e Office. Além do Live, também no mundo dos games.

E o mais importante: todos eles estão pensando em como aproveitar esse momento tão próspero.

Bom, a briga tá boa e eu estou mesmo é querendo ver o circo pegar fogo. Agora, quanto ao Wave, deixa essa tsunami passar e veremos… (não aguentei, tive de fazer o trocadilho infame). [Webinsider]

…………………………

Conheça os serviços de conteúdo da Rock Content..

Acompanhe o Webinsider no Twitter.

Evandro Temperini é estrategista em inovação, intra/empreendedorismo, advisor/mentor de negócios.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

8 respostas

  1. Valeu pelo comentário Cleiton… Mas se você já não sabia, acabou acertando na mosca hehe. Mas já faz algum tempo que a MS tá de mãos dadas com o Facebook. Se liga aqui…

    Oct. 24, 2007
    Facebook and Microsoft Expand Strategic Alliance
    http://www.facebook.com/press/releases.php?p=8084

    E essa saiu ontem :O

    13/10/2010 | 17:32
    Microsoft e Facebook querem tornar buscas ´mais sociais´
    http://portalexame.abril.com.br/tecnologia/noticias/bing-usara-informacoes-facebook-mostrar-resultados-603876.html

    😀

  2. Oi Evandro, legal a matéria.
    Acredito que o Google precisa rapidamente encontrar uma maneira de entrar pelas portas do fundo das grandes redes sociais. Imagine se a Microsoft alia-se ao Facebook e a partir do flamigerado bing, as pessoas e principalmente as empresas possam descobrir um público alvo que anseia por algo… uauuuuu. Eu estou na torcida para que o Google ganhe essa inteligência e não o tio Bill. Enquanto isso, fico aqui rindo do seu trocadilho de wave que foi muito legal. Falou Evandro.

  3. Minha opinião sobre o Google Wave; é que faltou divulgação e melhorar o design. Particularmente eu achei muito bagunçado.

    Quando me enviaram o link para acessar o aplicativo, lembro que estava tão atarefado com os estudos que logo que vi, nem tive muito interesse. Pois até eu descobrir para serve e como mexer em todas aquelas telinhas; acabei desistindo e continuando as velhas e conhecidas ferramentas.

    Depois de um tempo, pude entrar para ver suas funcionalidades. Mas ainda sim não serviu para mim!

    Um dos fatos é que; não consegui descobrir com facilidade, nem a metade da empolgação que achei nos meterias que li sobre o assunto. Outra coisa que me fez perder o interesse, é que a maioria dos meus contados não usam ferramentas do Google para se comunicar (salvo o Orkut, rs).

    No caso do GMail; logo que foi lanchado achei muito interessante, ver as mensagens chegando sem ter que clicar em “atualizar” (por exemplo). Estava quase migrando para a ferramenta e deixando o velho Yahoo!, foi quando o mesmo revolvel inovar. Posso dizer que as minha conta do GMail serve apenas para entrar em meu Blog e Orkut… Deve ter mais de anos que não entro para ver as mensagens!

    Na minha opinião; o Google inovou, mas não deu seqüência nos aplicativos em tempo hábil e acabou complicando quando deveria facilitar. Outra coisa, é que não vi como deixar em português o Wave, não tenho problema com o inglês; mas muita gente (inclusive eu), adoraria ver ferramentas em minha língua materna.

  4. Tá aí uma utilização interessante Galdir 😉

    E tb concordo contigo quanto sermos mesquinhos. É só dar uma olhada pelos perfis nas redes afora. Só tem gente preocupada em falar. Está todo mundo querendo ser ouvido, mas não sabem ouvir.

    Minha opinião neste caso é objetiva: você não aprende a escrever se não ler e se não sabe escrever, o que tem de bom a dizer?

    E eu nem estou falando de construir obras literárias, da nova correção ortográfica ou de uma gramática perfeita… estou falando é do básico mesmo.

    A internet, assim como a vida, tem mãos de duas vias. Se só anda em uma delas, nunca saberá o que perdeu de bom lá pra trás 😉

  5. Concordo contigo Jonatas. O ponto principal é justamente este: as pessoas não entenderam o propósito. Pode ter sido por falta de pesquisa? Por ser avançado demais? Por ser mal planejado? Ou por ser mal feito mesmo? Eu dei minha opinião, mas é essa discussão é que quero levantar 😉

    Não tenho contatos fortes no Google, mas imagino que eles tenham pensado em alternativas para explorar o Wave e acho sim que eles chegaram a uma conclusão. Essa talvez seja: o Wave não é pra ser rodado em browser, ele precisa ser integrado (e entenda como diluído), de maneira intuitiva no sistema operacional. E não to falando só de Chrome OS. Falo também de Windows, Linux, SOs de tablets, mobiles (como no Android) e porque não também em browsers, mas com uma abordagem mais “Addon” do que um site web?

    Pra mim, essa vai ser a jogada… desmembrá-lo e utilizá-lo em partes pelos dispositivos e ferramentas do Google inicialmente (pois como citou, juntar tudo numa coisa só, ainda não colou).

    Achei legal também a idéia de abrir o source dos recursos de interface que utilizaram.

    Trecho na nota do Hölzle, que confirma isso:

    “The central parts of the code, as well as the protocols that have driven many of Wave’s innovations, like drag-and-drop and character-by-character live typing, are already available as open source, so customers and partners can continue the innovation we began. In addition, we will work on tools so that users can easily “liberate” their content from Wave.”

    Pode ser teoria das conspiração demais, mas quem sabe não tenha algo por trás disso também… do tipo: “vou lançar no mercado, para as pessoas continuarem comentando e evoluindo os recursos inovadores que o Google aplicou, e quando estiver evoluido o suficiente, sendo aplicado em outras plataformas e bem maturado, eu simplesmente compro”.

    Seria como repassar esse custo de pesquisa que você comentou. Pesquisa que concordo ser realmente necessária.

    Aproveitando… pra mim, o mesmo ocorreu (numa proporção bem menor), com o Buzz. Mas esse eu acho que além de ser dentro do Gmail (que considero uma tentativa terrível), não é lá tão inovador, pois perdeu o timming. Até senti, na época, uma vontade nas pessoas de tentar entendê-lo, mas não colou também.

  6. Olá Evandro.

    Gostaria de dar minha opinião sobre “O que deu errado…”.

    Voltando um pouco no tempo, por volta de 2006, a Google adquiriu a JotSpot, uma empresa que desenvolveu uma ferramenta wiki utilizada por empresas para compartilhar informações entre seu colaboradores.

    Sou usuário de wikis a muito tempo e é um tipo de ferramenta de colaboração ainda pouco explorado. A Google, vendo esse potencial, tentou agir rápido mas acho que o fato de ter juntado tantas ferramentas em uma só confundiu demais os usuários do Wave. Já que haviam tantos conceitos envolvidos, isso devia ter ficado claro na apresentação da ferramenta.

    As pessoas estão tão acostumadas a expor suas idéias de forma não-estruturada nas Redes Sociais e nos Microblogs que acham, de fato, cansativo organizar as informações para formar um conceito mais elaborado e, preferencialmente, colaborativo.

    Na minha opinião, a Google não deveria descontinuar o serviço, mas poderia sim buscar alguém no mercado que entendesse bem os conceitos envolvidos e fazer uma divulgação mais focada em comunidades que já possuem alguns desses conceitos em uso.

    Se houvesse um caso de sucesso com o uso do Wave, não seria uma forma de difundir melhor seus reais valores para o mercado e para os usuários comuns?

  7. Caro, acho que o Wave é a ferramenta de colaboração máxima… e na verdade é bem simples para isso… é digitar, clicar e por links… sua maior beleza é tornar a colaboração prática, instantânea, objetiva. Acho que o problema é que não fomos educados para colaboração assim… somos mesquinhos com o que escrevemos, não gostamos que alterem diretamente. Penso que não há ainda público alvo suficiente para o que o Wave foi destinado.
    Por outro lado, pq o google não embutiu o Wave nos sistemas de comentários de suas aplicações, desativando a possibilidade de edição do texto alheio? Seria um sucesso um autor poder ver os comentários sendo digitados ao vivo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *