Branding na política: o Brasil já perdeu

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Nunca antes na história deste país o tal do branding foi tão perigoso. Se estivesse vivo, Goebbels viria para cá, a exemplo do Menguele, só para acompanhar e aprender. Estão fazendo bem feito e não é de hoje.

Ainda existem aqueles peixes pequenos que emplacam jingles alegres dizendo mais do mesmo, placas no meio da rua (aqui em São Paulo é proibido, mas quem é que liga?) e discursos sem sal na propaganda eleitoral, mas os tubarões da nossa política já viram que a coisa pode e deve, para benefício exclusivamente deles, ir além.

Hoje nós temos marcas em vez de candidatos. Posicionamento em vez de propostas. E assim o pseudodebate eleitoral vai acontecendo, cada vez mais raso e cada vez servindo menos aos propósitos da população.

Não gostaria de apontar exemplos de candidatos posicionados como marcas porque, invariavelmente, o assunto descambaria para uma discussão política como sempre acontece; alguém se doeria pelo seu candidato ou partido e aí já viu. Sim, na política também existem as lovemarks.

Agora a dúvida: num país politicamente tão embrionário quanto o nosso a propaganda política ajuda ou atrapalha? Fomenta ou banaliza o debate? Até por termos fincado nossos pés na democracia há menos de trinta anos e não estarmos inteiramente acostumados a fazer escolhas sobre o futuro, não creio que a nossa análise política seja madura o suficiente para optar pelos melhores candidatos.

E acho que a publicidade, da forma perigosa como tem sido feita na política, não está nos ajudando nesse processo. Não deixo de cogitar que a sua completa ausência só traria benefícios. Fica o debate.

Por fim, como o conhecimento e a disposição para se aprofundar na política por parte do povo são quase nulos, a abordagem emocional e o posicionamento das marcas estão decidindo novamente as eleições em todos os âmbitos com uma importante e inegável colaboração publicitária.

Nós que somos do ramo, principalmente na política devemos avaliar as consequências da nossa atividade. Se o povo vota errado, todo mundo perde. A gente, inclusive. Repensemos para as próximas, pois, ao que me parece, o estrago já foi feito nestas eleições. O processo eleitoral sequer acabou, mas adianto: o Brasil já perdeu. Estamos presenciando o triunfo, independente de quem vença, da ignorância sobre a razão. [Webinsider]

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Igor Novelli (igor@efficazia.com.br) é publicitário, redator e diretor de criação da Efficazia Comunicação.

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5 respostas

  1. Oi, Igor,

    Infelizmente você está certo, mas a nossa história fez isso com a gente. Sem entrar no mérito político, o Lula já participou de eleições antes, mas ganhar mesmo só quando teve um marketeiro para colocar um terno, aquela barba simpática, e aquele discurso cheio de comparações, entre outros pontos.

    Proibir a propaganda talvez não seja justo. O ideal seria obrigar todas a terem o mesmo molde, daí as pessoas se concentrariam no conteúdo (ou melhor, todos seriam obrigados a ter um conteúdo).

    Aproveito para deixar um desabafo: é revoltante o modo como o Tiririca chama atenção, sendo que, no que interessa, ou deveria interessar – as propostas – ele simplesmente se limita a responder: “não pensei nisso ainda, mas vou ganhar”. O pior, tem chances mesmo, nem que seja com votos de pessoas que “façam como protesto”. Seria o auge da minha decepção.

    Pelo menos na internet podemos encontrar gente que vê isso tudo. Muito bom texto.

  2. A publicidade é uma doença que se apropriou da tecnologia que serviria para nos livrar de tudo que é sujo dentro da publicidade….

    Me enoja ver a internet morrendo por causa de tanta publicidade, conteúdos fracos, blogueiros que mal sabem o processo de fazer tecnologia, estão todos condenados… geração Y é a geração dos fracos…

    Morte a publicidade, morte aos blogueiros…

    Robson Rodrigues

  3. Não é totalmente verdade que os braços dos publicitários estão atados, se querem fazer a diferença e usar seus talentos de forma realmente criativa. O poder de manipulação pode ser usado como fonte inspiradora através das mesmas técnicas audio/visuais. Vou viajar em uma idéia para ilustrar o post. A net pode e deve ser usada para encontrar pessoas que pensem igual para também fazer algo concreto.

    Peguemos o case da smirnoff e seu incrivel texto:

    “Imagine algo que ninguém nunca imaginou. Convoque aqueles que querem fugir do lugar comum. Transforme um lugar num cenário perfeito. E aí você poderá dizer: eu estava lá.”

    Vamos lá:

    Agora inverta o processo, ao invés de fazer pessoas beberem vodka, dê uma idéia nova a elas:

    1) imagine o que nunca imaginou
    – Um comercial independente no horário nobre da globo que passa uma mensagem limpa e não distorcida as pessoas.

    2)Convoque aqueles que querem fugir do lugar comum
    – Planejado e executado por publicitários que entendam de apresentar idéias e uma câmera hd com chroma key de fundo. Apresente a idéia e convoque pessoas para doar recursos como nas campanhas politicas.

    3)Transforme um lugar num cenário perfeito.
    – Crie blogs, orkut, sites, facebook, cadastros, conteúdo e claro o botão de doação. Deixe as pessoas interegirem nas idéias da mensagem que querem passar.

    Faça o comercial, pague o espaço e no meio da novela das oito você poderá dizer: eu estou aqui!

  4. Oi Igor,

    Já há alguns anos, em época de eleições, sempre fico me perguntando o mesmo, será que a propaganda eleitoral deveria ser proibida? Fico pensando também se não deveria haver um teto de investimento para a criação de material informativo sobre o candidato e suas propostas, para que não houvesse a lógica de quem tem mais dinheiro (para investir em marketing) ganha a eleição.
    Infelizmente esse é um cenário pouco provável e creio que estamos ainda longe do dia em que haverá uma consciência do quão ruim pode ser o uso das ferramentas do marketing e da publicidade para “vender” um candidato.
    Vamos torcer para que o estrago não seja tão grande e que tenhamos melhores exemplos na próxima vez… 😉

    Abraços!

  5. Igor, vou ser honesto com você. Quando você escreveu o artigo sobre a má fama da publicidade, pensei que você era mais um publicitário tentando resolver o dilema existêncial de ter pagado um curso universitário para aprender a manipular as pessoas.

    Depois deste seu segundo artigo e do adendo que executou no artigo anterior, percebi que você é um profissional que busca o valor em tua profissão.

    Retiro o que disse sobre todos os publicitários, se tivesse uma campanha para fazer, confiaria que você tentaria fazer o melhor para todos, para mim (o cliente) e para tua comunidade.

    E você esta certo mesmo. É possível que vejamos a primeira eleilção ser ganha 100% pelo marketing.

    Triste, chato e até revoltante acontecer isso em pleno 2010, mas fatos são fatos. Quando a democracia foi inventada, não foi previsto o interesse humano e a falta de visão de grupos. Em parte é um sistema utópico que parte do principio que qualquer cidadão tem interesse no todo e isso não é verdade.

    Mas nem tudo é perdido. E por isso é importante manter a internet como o último reduto da livre expressão.

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