Empreendedor, me dá o autógrafo? O caso Jovem Nerd

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A cena é inusitada: numa sessão de autógrafos, uma multidão ansiosa pelos autógrafos dos empresários da editora, das mulheres deles, dos amigos deles e dos filhos deles, tanto quanto do próprio autor.

Aconteceu com os empresários e blogueiros Alexandre Ottoni e Deive Pazos no lançamento do livro do amigo e autor Eduardo Spohr, A Batalha do Apocalipse. Nunca ouviu falar? O site que eles criaram, Jovem Nerd, tem mais de 25 mil acessos diários e o livro de Spohr, lançado pelo selo vinculado ao site, se tornou o livro mais vendido no estande da Editora Record na Bienal do Livro 2010 em São Paulo.

Mas o que faz tanta gente querer suas contra-capas autografadas não só pelo autor mas por outras pessoas que, à primeira vista, não têm conexão nenhuma com a obra? Simples: são todos participantes do conteúdo base que sustenta toda a estrutura do site, que é um podcast.

Um podcast é um arquivo de áudio, parecido com um programa de rádio, mas que as pessoas baixam e ouvem onde e quando quiserem no seu tocador de mp3 (a parte “pod” do nome combina com Ipod). No caso, o “nerd”cast vai ao ar toda sexta-feira e é um papo descontraído entre amigos, com o que seria a visão nerd sobre os mais variados temas (inclusive os não nerds).

O formato aparentemente despretensioso os tornou famosos. Os participantes, ao exporem suas histórias, gostos e visões tão variadas (há o sarcástico, o escritor, o que mora no exterior, o amigo-enciclopédia), criam uma discussão equilibrada e várias possibilidades de identificação com o espectador.

Ao mesmo tempo, compartilham com os ouvintes um interesse comum, o olhar nerd sobre o mundo. Como empreendedores com o mesmo interesse que seus clientes, eles se colocam como consumidores e estabelece-se o par.

Prova desse elo é um vídeo publicado no site em que eles aparecem adquirindo várias caixas de actions figures nos EUA (“figura plástica posável de um personagem”, segundo a Wikipédia; “brinquedo adulto” parece um pouco mais claro para que não é iniciado).

Ao concretizar um sonho tipicamente nerd “comprar quantos action figures for possível numa loja no exterior” eles demonstram o quanto compartilham naturalmente dos anseios de seus clientes. E é justamente essa familiaridade que tornou possível a tarde de autógrafos “coletiva”.

A intimidade entre empreendedor e cliente está refletida nos anúncios e produtos vendidos. O público elege as histórias mais marcantes dos programas, o que resulta em “melhores momentos” e canecas com as melhores frases dos participantes vendidas no site.

A caneca não é adquirida pela utilidade específica, mas pela capacidade e impacto que as frases impressas nela têm em fazer recordar o espectador momentos agradáveis de um dos seus programas favoritos. Além do fator emocional, o consumidor ainda faz parte da confecção dos produtos e dos serviços que ele anseia.

Na parte da publicidade, os anúncios estão sempre de acordo com o tema do programa da semana. O ouvinte então sente uma relação mais honesta entre o site e ele. É menos uma publicidade bolada por especialistas em mercado e sim outros consumidores, quase amigos, dando a sua recomendação e aprovação.

Foi o caso do livro A Batalha do Apocalipse. Os blogueiros gostaram do livro do amigo e acreditaram em seu potencial comercial. Fizeram um nerdcast específico sobre o livro e lançaram alguns teasers durante outros (pequenos trechos do livro lidos por dubladores).

A estatística de 200 livros vendidos em duas horas e o posterior interesse da editora Record em republicar o livro demonstram o sucesso.

O site Jovem Nerd deixa claro a importância do vivenciar, da emoção e da identificação num empreendimento digital. O que vem bem a calhar no contexto atual já que, nesse tipo de abordagem, o cliente, de fato, recusa imitações.

As ferramentas online propiciam novas e inusitadas interações entre empreendedor e cliente – e a pergunta que não quer calar é: você está pronto para desbravá-las, explorar seu potencial no melhor nível? Está pronto para distribuir seu autógrafo? [Webinsider]

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Matheus Pacheco (pacheco_matheus@yahoo.com.br) é designer. E também gosta de webwriting e antropologia. No Twitter: @matheusepacheco.

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27 respostas

  1. Na realidade inicialmente eles fizeram um programa sobre a Mitologia do livro, já que não poderiam falar sobre o mesmo, uma vez que ninguém fazia ideia da sua existência. Eles queriam vender um produto, e queriam que fosse lido, não fazia sentido mandar Spoiler. Posteriormente, quase 200 programas depois, foi gravado um episódio falando enfim sobre o livro.

    “Fizeram um nerdcast específico sobre o livro e lançaram alguns teasers durante outros (pequenos trechos do livro lidos por dubladores).”

    Na realidade fizeram um “audio-drama” que não limita-se simplesmente na Leitura feita por Dubladores, mas sim na Interpretação consistida em efeitos e muita dramatização sobre determinadas passagens do livro. Basicamente, o que seria um trailer.

  2. Pingback: Empreendedor, me dá o autógrafo? O caso Jovem Nerd
  3. Pingback: » Auto-exposição ponderada fortalece a imagem Webinsider
  4. Discordo sobre a afirmação do sucesso deles virem no fato de “dizerem a verdade”, pois acredito que nossa geração está de “saco cheio” do lance “DIZER O QUE FAZER”. Isso por um trauma de vivenciarmos o “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
    Finalmente, ao meu ver, o grande sucesso deles consiste daí: eles serem consumidores daquilo que eles vendem! Ou seja, eles deixam de lado aquele lance de “vamos empurrar isso goela abaixo, mesmo que isso seja uma porcaria” ou das enganosas “imagens ilustrativas” tanto usadas em campanhas de marketing; e vendem aquilo que eles gostariam de comprar, produtos com qualidade…nada mais é do que um respeito ao consumidor….

  5. Diego Magalhaes e Eilton Ribeiro:

    Muito obrigado pelos comentários e por compartilharem suas experiências pessoais aqui no Webinsider.
    São justamente essas histórias que dão base e sustentam a matéria.

    Abraços!

  6. Nunca vi alguém definir tão bem o Jovem Nerd e o que ele significa para os fãs alucinados que derrubam o servidor deles toda sexta-feira. =]
    Muito legal, cara, gostei muito da análise, você escreve muito bem.

    E PARA OS QUE AINDA NÃO CONHECEM O JOVEM NERD, VISITEM, VASCULHEM O SITE, PROCUREM NAS CATEGORIAS UM NERDCAST QUE TRATE DE ALGUM ASSUNTO QUE VOCÊS GOSTEM, E GANHEM HORAS E HORAS DE DIVERSÃO. =]

  7. Luiz Roberto: Vou perder um bom tempo pensando sobre o seu comentário! Tenho estudado bastante filosofia e antropologia, dá para sentir que você entende bastante dessas áreas.

    Divano Silva:
    Obrigado por dedicar seu tempo para escrever este longo comentário! É bom perceber que você pegou o espírito da coisa.

    Tahiana: Você diz e eu replico #NERDPOWER!

  8. Toda essa familiaridade comentada na materia realmente nos da a ideia de uma certa aproximação. Apresentei o site a diversos amigos ao longo destes anos, alguns apesar de nunca terem a oportunidade de fica frente a frente com qualquer participante do podcast, juram de pé junto que são amigos dos podcasters, não temam, não são lunaticos, mas posso dizer aqui que Deive, Alexander e companhia fazem nossa vida (pelo menos toda sexta) mais alegre.

    Abraço a todos!

  9. Parabéns pela matéria, Matheus!
    Muito bem escrita, realista e rica em detalhes. Ainda estou baixando o NC de hoje, mas vi que citaram seu artigo lá e resolvi checar. Os caras realmente merecem o sucesso que estão alcançando hoje. Podemos reparar a incrível evolução pela qual passaram dos primeiros programas até hoje; inclusive o site, que foi reformulado algumas vezes e está em constante mudança, recebendo desenhos/histórias dos colaboradores (que, em sua maioria, são os próprios fãs), etc. Tudo para atender às demandas dos NERDs e visitantes em geral. Bom, é isso… vida longa a quem realmente nos entende como “consumidores”! rsrs
    Grande abraço

  10. Daniel, obrigado pelo comentário!

    Lola, gostei do que você disse sobre “Empresário que diz a verdade é muito mais valorizado, mas a maioria ainda teima em subestimar a inteligência dos clientes”. Acho que é justamente isso que estabelece um laço entre empreendedor e cliente. Realmente, me parece que subestimar o cliente é a coisa mais errada a se fazer.

    Valeu Rafa Rhoads! O link é um ótimo complemento para a matéria =)

    Rebew: Obrigado pela força! Quando a gente se expõem estamos sujeitos a todo tipo de crítica. Inclusive os caras do JovemNerd mesmo, são alvos de várias críticas dos próprios fãs. Se eles, fodas do jeito que são, recebem todo tipo de crítica, imagina eu.

    Vinicius: Obrigado pelo comentário, os caras do Jovem Nerd merecem!

  11. Olá, Matheus,

    Logo, logo (?!!), alguém vai querer patentear o termo Nerd, e vira logo(marca)!

    Tem me chamado à atenção vários movimentos na internet que vão se configurando com um certo “voyeurismo” e hedonismo, fruto de um sentimento tudo a ver ou nada a ver ou tudo isso e mais outros issos… E agora, tente você também!
    E aí umas carinhas estereotipadas (até quando não se “desejam” estereotipadas ou se fazem de), oportunamente capitalizam ou seu espaço (este sítios, e coisa e tal, com um ar ‘blasé’ ou um tô-nem-aí! que-se-f.), com propagandas das mais diversas. Tudo isso versejando esperteza.
    Muda-se a ferramenta, mas o caráter… Diria o filósofo: Ecce homo!

    Um abraço
    Saudações capitalistas – e deixe que o mercado regule!

  12. Texto muito bom, Pacheco. O pessoal do JN comentou na leitura de e-mails. (:
    E outra, o cara vir aqui comentar só para corrigir o outro, é sacanagem. Crítica construtiva? Pode até ser. Mas poderia ter falado de uma forma menos agressiva, né, champs? Pega leve. Ou faça um blog. E aguente as chamadas “críticas”.

  13. Acho que uma boa parte do sucesso deles vem da forma como encaram o marketing. Enquanto a maioria das empresas dizem “compre o meu produto porque ele é o melhor” ou “assim você ajuda a natureza” eles dizem “compra esse negócio porque tô precisando de grana pra comprar um videogame novo”. Empresário que diz a verdade é muito mais valorizado, mas a maioria ainda teima em subestimar a inteligência dos clientes. É por isso que eu sou fâ desses caras! =D

  14. Esta técnica de interação e indentificação com o consumidor é, com certeza, lucrativa ao mercado.
    Além de gerar debates interessantíssimos de opinião jovem, com ideias de diferentes concepções e, sobretudo, atuais, traz consumo e desenvolvimento das diversas partes.

    Ótima matéria.

  15. Olá Márcia,

    Acho que o melhor lugar para você saber mais é o próprio site do Jovem Nerd (www.jovemnerd.com.br). Mais do que ler sobre o método de trabalho deles, lá você poderá senti-lo.

  16. Leonardo Ferreira: Obrigado pela correção!

    Carlos, ainda não conhecia o livro Blogs Lucrativos. Mas é uma ótima dica, vou correr atrás para saber mais.

    Galera, obrigado pelos comentários! =)

  17. “E é justamente essa familiaridade que tornou possível à tarde de autógrafos ‘coletiva'” não tem crase no A (é um artigo). Teria se você tivesse escrito “E é justamente essa familiaridade que tornou possível à tarde de autógrafos SE TORNAR ‘coletiva'”. Sorry… 😀

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