Jornais brasileiros engatinham nas redes sociais

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No meu Trabalho de Conclusão de Curso analisei a presença de cinco portais de notícias no site de rede social Twitter e a forma como o discurso jornalístico estava sendo reconstruído neste espaço, que oferece apenas 140 caracteres por vez para o jornalista passar a informação ao leitor.

Durante uma semana observei o conteúdo publicado e as interações dos perfis do G1, O Globo, Estadão, Jornal do Brasil e Zero Hora.

O principal ponto descoberto foi a falta de interação existente entre os perfis jornalísticos e seus seguidores.

O G1 e o Jornal do Brasil apenas criaram uma conta no site de rede social e passaram a publicar diariamente uma avalanche de notícias, usando o canal como um RSS e não como um site de rede social.

O Globo está iniciando, ainda timidamente, um relacionamento com seus seguidores.

Já os jornais Estadão e Zero Hora são os que mais interagem na rede sociais, mas poucos tweets convidaram os seguidores a participar de ações promovidas pelos veículos ou aproveitaram este canal de comunicação para encontrar fontes para suas matérias.

Um grande engano que as empresas jornalísticas aparentam possuir é de que as redes sociais são um modismo, quando na verdade elas são um fenômeno social e estão em crescente ascensão. Ignorar este fato e criar uma conta apenas para dizer que está presente por lá é arriscar perder a confiança dos leitores. A falta de entendimento sobre o objetivo principal das redes sociais, em geral, é algo preocupante.

O Twitter já existe há cinco anos e apenas observando a sua evolução, o posicionamento de diversas empresas e a atuação de atores sociais relevantes é possível compreender que este site de rede social foi feito para a troca de diálogos.

Tanto é que suas mensagens são limitadas a 140 caracteres e podem ser enviadas de diversos dispositivos móveis, mostrando que as pessoas têm necessidade de se comunicar a todo o momento e com muita rapidez, independente do lugar que estão.

Saber trabalhar com o relacionamento entre os seguidores ativos e os silenciosos é questão estratégica para um veículo jornalístico. Assim como os sites dos jornais foram evoluindo com o tempo, o seu perfil nos sites de redes sociais deve seguir pelo mesmo caminho.

No trânsito

A única diferença é que naquela época a evolução era mais lenta e hoje já existem inúmeros cases a serem seguidos. O perfil @transitozh, criado pela Zero Hora, atualiza seus seguidores em tempo real sobre as informações do trânsito na região metropolitana de Porto Alegre.

Através do levantamento de informações realizado por uma equipe de repórteres, pelos perfis de empresas como Concepa e EPTC e informações de seus seguidores, o canal vem ganhando destaque entre os gaúchos por prestar um serviço de grande importância com rapidez e credibilidade.

Mesmo assim, o uso da ferramenta também parece ser algo que ainda não está sendo aproveitado em sua amplitude pela maioria dos veículos, a começar pelos programas usados para publicação dos tweets nos perfis jornalísticos analisados.

As diversas plataformas usadas por Zero Hora, Estadão e O Globo indicam que há dúvida sobre qual delas deve ser utilizada. O problema de usar diversas plataformas é que os veículos não conseguem avaliar os resultados que estão obtendo com a sua presença no site de rede social.

Caso usassem o HootSuite, por exemplo, conseguiriam saber quantas pessoas clicaram nos links postados, o número de citações do perfil por outros usuários do site de rede social, número de retweets, quantos usuários entraram no site da empresa através Twitter, entre tantas outras informações.

Ao saber os assuntos mais clicados, o jornalista pode trabalhar com um maior número de tweets voltados aos temas preferidos de seus seguidores, os fidelizando e ganhando mais seguidores, pois a satisfação é revertida em mensagens positivas sobre o perfil, que se espalham aos outros usuários.

O número elevado de tweets publicados, como é o caso do G1 e do Jornal do Brasil, que postam mais de 50 mensagens por dia (o G1 chega à média de 88), também pode se tornar um problema. Com tanta atualização fica difícil do leitor acompanhar tudo na timeline do seu perfil e, com o passar do tempo, os seguidores ou deixam de seguir o veículo, ou acabam ignorando as suas atualizações.

Texto adequado ao meio

O conteúdo postado no Twitter tanto no G1 quanto no Jornal do Brasil é apenas copiar o que está no site de notícias e colar no site de rede social. O Estadão e a Zero Hora fizeram metade dos posts copiando o site, e outra metade diferenciaram as chamadas do Twitter do seu site de notícias. O Globo foi o único perfil jornalístico analisado que fez todas as chamadas dos seus tweets de forma diferenciada dos títulos das notícias do seu site.

O Twitter é um canal de informação diferente de um site de notícias, por isso exige que o formato de texto seja específico para ele, até pelo número limitado de caracteres que disponibiliza por mensagem. Deste modo, torna-se importante aproveitar o espaço disponibilizado para chamar a atenção dos seguidores com informações relevantes e usando os recursos disponibilizados pela ferramenta, como as hashtags, o replay e o retweet.

As repetições de notícias no perfil do Twitter cometidas pelo O Globo, Estadão e G1 mostram o quanto ainda falta uma atenção especial para esta rede social, visto que os posts repetidos ainda continuam no ar. O mais prejudicado são os seguidores, que recebem notícias repetidas em sua timeline, só o G1 fez isto 15 vezes na semana analisada.

Segundo Steve Johnson, em entrevista a Revista Time, possivelmente daqui há algum tempo o Twitter será sucedido por outra rede social devido a vulnerabilidade de troca que o público deste tipo de mídia possui, mas elementos-chave da plataforma vão ser preservados como a estrutura de contatos dividida em amigos e seguidores, a utilização do serviço também para propósitos informativos sustentado no compartilhamento de links e a possibilidade de busca em tempo real para acessar informações atuais.

Se ele vai ou não continuar a existir não se sabe, mas a sua forma de possibilitar o relacionamento das pessoas revolucionou de tal forma as redes sociais que está cada vez mais complexo se fazer presente sem ser notado. Cabe agora os jornais saberem utilizar essa nova rede de comunicação a seu favor e em prol de um jornalismo mais participativo e ativo na Internet. [Webinsider]

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Daniela Machado (danielamachado.jor@gmail.com) é jornalista e trabalha como atendimento e redatora da 3YZ.

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7 respostas

  1. Acredito que esteja ocorrendo uma mudança de paradigma no jornalismo. As empresas temem arriscar. A primeira vez que li uma notícia do Jornal do Brasil, na editoria de português da Deutschewelle, em Köln, custei a crer. Informação precisa, direta e personalizada deve ser o próximo passo. Esperemos…

  2. Alessandro, acredito que jornais muito populares como o G1 e a Folha, por exemplo,certamente não vão conseguir interagir com os diversos seguidores que enviam tweets diariamente. Mas o Estadão prova que o diálogo com os leitores é importante e interage com alguns de seus seguidores. Além disso, mantém uma página no site para que eles possam indicar os assuntos que acharam interessantes e viram na web durante a semana. Essa é uma forma de diálogo qualificado, pois gera conteúdo para outros leitores.

    Josiane, certamente eles têm receio, em parte pelo mau uso que alguns jornalistas fazem do Twitter, e em parte pelo desconhecimento das redes sociais. Acredito que a leitura diária de sites reconhecidos que abordam a temática da tecnologia e falam de cases de sucesso de marcas e organizações nas mídias sociais, é um bom começo para eles começarem a entender a importância de se fazer presente nas mídias sociais.

    Stefano, as suas observações são muito pertinentes em relação ao conteúdo. Elas já me deram ideia do assunto que abordarei no próximo artigo. Mas já discutindo algumas questões que apontastes, realmente é um desafio diário mostrarmos para os nossos clientes (digo isto, pois trabalho em uma agência digital) o quanto o investimento online pode trazer grandes resultados e melhor, pode ser metido efetivamente. Hoje podemos saber quantas pessoas clicaram ou visualizaram o conteúdo que divulgamos, quantas chegaram até o site da empresa através das mídias sociais, etc. Além de ser um espaço de aproximação da marca com os consumidores a um custo baixo.

    Cristhiano, falta sim maturidade de alguns receptores, mas isto é uma coisa que acontece em todos os espaços. Alguns perfis existem no Twitter, por exemplo, apenas para fazer piadas dos assuntos mais comentados do dia e veja, atraem milhares de seguidores. Mas o mesmo podemos ver na televisão, no rádio, no jornal…

  3. Parabéns pelo post, sou solidário ao comentário do Alessandro (1). Por coincidência hoje estávamos analisando o comportamento de usuários em diversos sites e redes sociais.
    Logo após o atentado no aeroporto de Moscou surgiu 12 comentários na notícia do Terra, todos eles fora do assunto e muitos deles bizarros como estes: KABUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM!!!!… Tem homem bomba, mulher bomba será que já tem G… bomba?.
    Infelizmente o usuário Brasileiro mostra que não está preparado para participar e não os jornais.

  4. Boas observações e acrescento alguns pontos que também devem ser incluídos nessas observações:

    1º Receita x Publicidade x Acesso

    Os veiculos de imprensa online sobrevivem (ou temtam) com verba publicitaria. E essa verba é atraída de acordo com o número de acessos e a efetivação de resultados destes. Essas medidas nas redes sociais ainda não estão bem compreendidas. Aí vem a questão como provar ao anunciante que vale mais a pena anunciar no portal de notícia ou numa página do “Facebook”. É um desafio a ser compreendido.

    2º Profissionais

    No setor de imprensa (jornalistas, editores, empresários e até muitos estagiários) ainda estão apreendendo como lidar e como produzir conteúdo para tantas mídias sociais existentes. Pois uma coisa é admnistrar seu “twitter” pessoal. Outra é ajudar a empresa em que trabalha a desenvolver e aplicar uma estratégia de conteúdo para este serviço.

    Em nosso portal já fizemos alguns testes com Twitter, Orkut e Facebook. Mas ainda não conseguimos encontrar essas respostas. O que mais resposta positiva recentemente foi a volta do Blog. Gerou mais resultado, principalmente por quê pesquisamos o interesse dos nossos usuários e criamos uma estratégia de foco de conteúdo que atendeu o interesse local.

    A primeira experiência com Blog a 3 anos atrás não decolou. Essa funcionou melhor do que o planejado.
    Talvez com as midias sociais o caminho será o mesmo.

    1. Oi Stefano,

      com o tempo acredito que os resultados serão mais expressivos pois as pessoas vão se acostumando com os novos ambientes.

  5. Olá! Trabalho em um grande jornal do interior de SP e percebo que entre os diretores e outros jornalistas um certo receio sobre as redes sociais. Como desmitificá-los?

  6. Concordo com você Dani, mas ao mesmo tempo me pergunto se é viável um jornal, do porte desses citados no post, interagir com milhares de leitores e que nível de interação seria essa.

    A maioria das empresas não sabe utilizar as redes sociais na internet e não sei se a forma como os jornais as utilizam é ruim. Vou refletir mais sobre o assunto.

    Parabéns pelo post e senso crítico!

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