O modelo da Dribbble, rede social para designers

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Quem navega por portfolios de designers estrangeiros talvez tenha notado, entre os ícones que redirecionam para redes sociais, uma singular bola de basquete rosa. Trata-se do logo do Dribbble, uma rede social específica para designers onde eles compartilham e discutem seus projetos.

Tem causado alvoroço por ser uma comunidade fechada, em que só se pode ingressar através de convites – como o Orkut era no início. Estes têm sido distribuídos de maneira cuidadosa – em lotes infrequentes e pequenos – entre os membros, que ficam encarregados de recrutar novos participantes. Os próprios criadores justificam o método: somos obcecados pela qualidade do site, o Dribbble é tão bom quanto o forem seus membros.

Esse sistema mantém o alto nível dos trabalhos já que quem possui os raros convites têm de distribuí-los sabiamente para designers que possam contribuir de maneira efetiva.

Apesar de a participação ser restrita aos convidados, desde abril de 2010 todo o conteúdo está visível para quem quiser se inspirar.

E é ótimo acompanhar os comentários – mesmo não se tratando do seu projeto sendo analisado, há discussões e dicas enriquecedoras.

A língggua do Dribbble

Proteja seu trabalho contra o plágioTodo o tema é baseado no basquete, com uma série de metáforas referentes ao esporte. Abaixo você encontra os principais termos e significados para desfrutar do melhor que o site oferece.

Shot (arremesso). Shots são pequenos screenshots* dos projetos que os designers estão desenvolvendo, daí o slogan do site: “No que você está trabalhando?”.

Shots estão para o Dribbble como tweets para o Twitter, mas ao invés de palavras, publicam-se imagens. Assim como os tweets são limitados a 140 caracteres, cada imagem postada tem no máximo 400 × 300 px.

Esse tamanho reduzido, apesar de às vezes parecer insuficiente, é um diferencial que obriga o designer a escolher determinada área e a olhar atentamente seu projeto sob esse ponto de vista. Isto permite um enfoque em cada pixel desenhado e é ótimo para pessoas procurando aprender sobre mínimos detalhes (linhas que dão profundidade, texturas quase imperceptíveis, etc.). E são justamente eles, em geral, que fazem a diferença num projeto. Essa limitação também previne que qualquer um revele excessivamente sobre um trabalho ainda não lançado publicamente.

Quando um designer é convidado, ele recebe 24 shots. No primeiro dia de cada mês, o site garante que cada membro tenha 24 uploads livres. Se, por exemplo, você tem 4 shots sobrando no dia 31 de março, você ganhará 20 novos no dia 1 de abril. Mas se você usou todos eles, você receberá 24 novos. Essa é outra limitação para que os membros não publiquem à toa.

Rebound (Rebote). Um rebound é um shot em resposta a outro. Uma espécie de redesign em que um membro pega o shot de outro, altera-o, e o publica para mostrar como ele melhoraria o projeto. Os rebounds também são uma maneira de conectar dois shots. Por exemplo, um rascunho e a versão final, ou mesmo diferentes propostas de um mesmo projeto

Players (jogadores). Membros efetivos da comunidade, únicos que podem postar e comentar.

Draft (algo como recrutamento). No basquete é o processo de seleção de jogadores amadores pelas equipes profissionais – em que as equipes com piores desempenhos da temporada têm a oportunidade de escolher entre os melhores amadores. No Dribbble, o termo é utilizado para convidar designers que não são membros a ingressar.

Like (algo como apreciar ou curtir). É um recurso rápido, uma espécie de voto, que permite aos players informarem ao autor que eles apreciaram seu shot. Além de ser um modo de verificar a aceitação de seu conceito antes de avançar no desenvolvimento, é uma maneira fácil dos membros compartilharem sua opinião mesmo sem comentar. Quanto mais likes o shot acumula, maior destaque e visibilidade ele recebe. Na galeria “Popular” estão os shots mais apreciados. Há também a possibilidade interessante de identificar quem apreciou seu projeto.

Spectator (espectador). Qualquer pessoa com conta no Twitter pode utilizar o site com certas limitações. Spectators podem seguir seus players favoritos e utilizar o Like. É como se fosse uma permissão do tipo “somente leitura”.

Prospect (interessado, pretendente). Caso queira ingressar efetivamente na comunidade, depois de inscrever-se como spectator você pode se declarar interessado aderindo a uma lista de prospects. Nela, quem tem convites encontra facilmente os candidatos, tem a oportunidade de conferir seus portfólios e convidar quem julgar merecedor com o clique de um botão.

Os aspirantes são ordenados pelo número de seguidores, então mesmo quem não tem convites, mas gostaria de ver algum candidato entrar, pode ajudar seguindo-o. Seguir um prospect funciona como uma recomendação pessoal à comunidade.

All-Stars. Nos esportes, são os atletas escolhidos como os melhores em suas posições de todas as equipes de uma liga ou região. No Dribbble é a lista de membros com mais seguidores.

Rookies (jogadores novatos). Novos membros, acabaram de ingressar na comunidade.

Debut (estreia). É a seção específica para divulgar o primeiro shot dos rookies.

Visa favorecer a visibilidade dos novos membros, por isso é bom mostrar o melhor do seu portfólio.

Cada shot é marcado com palavras-chave (tags) para facilitar a busca por determinadas áreas – logos, ícones, etc.

Um dos recursos mais úteis é que os projetos podem ser filtrados por sua cor principal.

Como conseguir um convite

O sucesso da comunidade tornou os convites muito cobiçados. Ao ponto de alguns membros promoverem concursos em seus blogs no qual o prêmio é um convite. A melhor maneira de se conseguir um convite é seguir e ficar atento nos twitters dos players, já que eles geralmente informam quando recebem convites, e enviar seu portfólio para apreciação.

Surgiram até sites não oficiais especialmente voltados para ajudar nessa empreitada, como 400×300 e Cribbble.

No 400 × 300, por exemplo, você se cadastra e tem um único shot para convencer os players da qualidade do seu trabalho. Já o Fannns é um site em que se pode comentar os trabalhos postados no Dribbble mesmo sem ser membro.

Um caso interessante foi à história do designer belga Davy Kestens. Diante da multidão implorando por convites, Davy decidiu tentar uma abordagem inversa para se destacar: fazer com que os membros o procurassem para convidá-lo.

Foi então que ele criou todo um site voltado exclusivamente para o propósito de implorar por um convite (pleaseinvitemetodribbble.com, algo como: porfavormeconvideparaodribbble.com), com motivos engraçados para que alguém o convidasse. A iniciativa inusitada ficou famosa e lhe rendeu o ingresso poucas horas depois.

Trabalhos como este demonstram o carinho e a identificação dos designers com a marca do Dribbble, a bola de basquete rosa.

Uma tribo

Navegando pela comunidade encontra-se inúmeros trabalhos em homenagem ao próprio site: biscoitos e crochê em forma do logo, regras de etiqueta de como se portar na comunidade (o que, aliás, gerou muito protesto), ícones e ilustrações.

Sem contar as oportunidades de negócios que surgiram, concursos e encontros presenciais organizados pelos membros. Com apenas oito meses de seu lançamento público, desenvolveu-se um clima de intimidade e identificação entre os usuários – um membro all-star, por exemplo, publicou um esboço rudimentar apenas para estrear sua tablet Cintiq nova e comentar que a comprou. Parece uma tribo de designers. Talvez a inventividade inerente desse tipo de profissional seja justamente o que faz essa comunidade tão vibrante.

* As imagens foram capturadas da área de trabalho do computador. Veja as páginas de imagens no Dribbble que reproduzimos: Tangerina, Rebound e o Cookie.

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http://br74.teste.website/~webins22/2014/10/30/design-thinking-aplicado-ao-mercado-de-comunicacao/

Matheus Pacheco (pacheco_matheus@yahoo.com.br) é designer. E também gosta de webwriting e antropologia. No Twitter: @matheusepacheco.

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6 respostas

  1. Rodrigo, o que você queria? Designer falando de design para um médico, padeiro ou advogado? É uma rede para trocar experências e conhecimento com outros colegas de profissão. Meu caro, o design deixou de ser elitista qndo lançaram o Corel Draw, graças a esse software esdrúxulo, hj qualquer zé da esquina tem pode dizer que é designer.

  2. Achei a idéa do site bem legal, de ser um local de discussão acerca do design, mas me preocupa o fato de ser uma comunidade fechada. Designers falando de de design para outros designers? Acho que o design é, em si, democratizante, então essa comunidade me parece elitista. Brigar por convites parece ridículo.

  3. Sou um membro do dribbble, mas ainda não o explorei com a devida atenção. O melhor da comunidade é que os comentários são muito mais do que elogios, como ocorre em outras comunidades de designers e afins.
    Ótima matéria, depois de lê-la até atualizei meu perfil.

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