Tuitar é fácil, fazer é que é difícil

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Que as redes sociais têm um papel cada dia mais importante na vida das pessoas isso não se discute. Aliás, não apenas das pessoas, mas de empresas. Aliás, não apenas de pessoas e empresas, agora também de países.

A militância virtual vem ganhando cada dia mais força, prova disso é que Facebook e Twitter ocupam frequentemente um lugar de destaque nos noticiários locais e internacionais.

A recente crise do Egito mobilizou pessoas no mundo inteiro, como já havia acontecido recentemente durante dias turbulentos no Irã em 2009. Mas esta nova militância tem uma característica única: o baixo comprometimento.

Tiago Dória escreveu recentemente um post em seu blog chamado Hasgtags não derrubam governos e é um dos mais brilhantes ensaios sobre o tema, recomendo a leitura.

Doria baseia seu texto no livro The Net Delusion, de Evgny Morozov e, em uma das melhores passagens diz que “(…) muitas vezes esse tipo de ciberativismo não apresenta resultados, visto que se preocupa muito com a mobilização (juntar seguidores no Twitter e amigos no Facebook) e pouco com a ação (depois de conseguir 10 mil seguidores e fãs na página do Facebook, o que vai fazer? Enviar spam com conteúdo político para todo mundo?) (…)“.

É uma grande verdade, pois dado o impressionante número de citações a grandes pensadores e escritores que leio especialmente no Facebook, o Brasil seria um dos países mais cultos e engajados do mundo. Longe disso, não é mesmo?

É legal, é bacana, é moderno tuitar com hashtags politicamente corretas, assim como pega bem citar Clarice Lispector, Bukowski ou Shakespeare em seu perfil do Facebook.
Não estou aqui negando a influência das redes sociais, mas assim como Doria e Morozov, relativizando seu papel. Até porque, se bem orquestrado é possível influenciar os famosos TTs (trend topics, do Twitter).

O pessoal do Pânico faz isso quase todo dia, por exemplo. Já tratei isso inclusive em outro artigo, quando das eleições presidenciais. Não é sempre que espontaneamente surge um #calabocagalvão.

No final de janeiro, porém, tivemos um bom exemplo de como uma iniciativa diferenciada pode sim reverter em bons resultados e, claro, atingir o topo dos TTS.
Não, não estou falando de nenhuma estratégia de guerrilha ou marketing viral, mas da ira de um consumidor, o Sr. Oswaldo Borelli.

Insatisfeito com os problemas em seu refrigerador Brastemp, após três meses de idas e vindas sem uma solução definitiva, ele gravou um vídeo e postou no YouTube. Em seguida criou uma conta no Twitter. Resumindo: sete dias após a postagem, a Brastemp resolveu o problema deste consumidor, soltou um pedido público de desculpas e prometeu rever suas políticas. Mas não antes da marca ter atingido o topo dos assuntos mais discutidos.

Neste caso, sem dúvida, Twitter, Facebook e YouTube tiveram um papel preponderante no caso do Sr. Borelli, mas mesmo assim eu vi mensagens falando sobre futebol com a hashtag Brastemp, num evidente esforço de apenas prejudicar a marca e ver o circo pegar fogo (deveria tê-las guardado para futuras palestras, aliás).

Mas ele poderia ter resolvido seu problema de outra forma? Sem dúvida, o Procon e o Código do Consumidor estão aí pra isso. Mas dá muito trabalho reunir documentos, deslocar-se até lá, fazer a denúncia, aguardar o julgamento. Assim como dá muito trabalho organizar a sociedade civil e ir às ruas protestar. Tuitar ou clicar no botão “Curtir” é bem mais fácil. [Webinsider]

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Texto publicado na revista ProXXIma.

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Marcelo Sant'Iago (mbreak@gmail.com) é colunista do Webinsider desde 2003. No Twitter é @msant_iago.

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