Licença para não copiar ou reproduzir!

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É curioso como certos assuntos continuam recorrentes, ao invés de se tornarem esquecidos de vez. E nós agora passamos para o século 21, com vícios herdados do século passado e que parece não terem prazo para acabar.

Um deles é a guerra entre os artefatos do DRM, impostos no peito pela legislação norte-americana, e a reação das comunidades de usuários e hackers internacionais para combatê-los.

A guerra começou bem antes da era digital, e o seu objetivo era um só: impedir que os usuários finais fizessem cópia de material protegido pelo direito autoral. A legislação abre brecha para a ação antipirataria invocando que o usuário final tem direito de usar, mas não de copiar o material que ele compra. O problema é que o usuário final não é o pirata que a indústria precisa combater, e sim o duplicador ilegal em massa das fábricas de disco clandestinas.

E como chamar o usuário final de pirata é uma acusação um tanto ou quanto pesada, a reação das várias comunidades foi imediata. Justiça seja feita, a indústria de equipamentos de áudio e vídeo foi arrastada para este combate de forma compulsória, acusada certa feita de estar facilitando o processo de cópia.

No lendário processo de ação judicial Universal Studios versus Sony, conhecido como o caso Betamax, a corte americana deliberou que a cópia feita pelo usuário, para fins pessoais, não era reconhecida como crime e sim como uso legítimo e justo (o assim chamado fair use). Isto, entretanto, não impediu que as empresas detentoras de conteúdo continuassem a bombardear os diversos segmentos da sociedade com métodos diversos de proteção incluídos no programa deste conteúdo.

Uma das primeiras iniciativas nesta direção foi adotar o Macrovision, ainda em ambiente analógico, portanto a guerra continuou bem antes do conteúdo passar para o domínio digital. O Macrovision foi adotado para impedir que o usuário copiasse uma fita de vídeo cassete, e continuou no DVD, porque os estúdios tinham medo de que a imagem superior do DVD fosse usada para cópias de melhor qualidade de seus originais em fita magnética.

O DRM na era digital

A paranóia dos estúdios americanos (leia-se MPAA – Motion Pictures Association of American) aumentou quando o mundo entrou na era do vídeo digital (DVD). Antes disso, a mídia digital, na forma de CDs, nunca tinha sido alvo de qualquer esquema de proteção contra cópia, mas o foi, depois que empresas diversas começaram a escrever softwares e advogar que os estúdios de gravação também estavam sendo lesados.

A aceleração do processo de combate à cópia de mídia digital se deu por volta do lançamento dos primeiros drives de CD-ROM para computadores, e posteriormente, com a introdução de drives para gravação de DVD. O lançamento desses drives só foi possível porque a manufatura de mídia virgem começou a tomar corpo, após anos de intermináveis pesquisas. Ainda na época do lançamento do CD já se desenhavam todas as especificações da mídia CD-R, para dados e música. O mesmo aconteceu depois com o DVD-R.

Ironicamente, foi no uso do computador pessoal, que o usuário doméstico encontrou as armas para se livrar dos grilhões da prática do DRM, e valer-se do fair use, elucidado na corte americana.

O bloqueio de região no DVD

Com a introdução do DVD, os estúdios adotaram um critério de dividir o planeta em regiões. E isto provocou problemas na reprodução de vídeo residencial, até que leitores de DVD codefree aparecessem no mercado. Para reagir contra isso, os estúdios americanos lançaram o DVD com o recurso do RCE (Regional Code Enhancement).

Em todos os leitores de mesa para DVD existe um byte armazenado na sua memória, contendo o número do código da região onde o aparelho fora fabricado. Na reprodução normal de um DVD, o disco autorado para uma determinada região é lido e o byte do disco comparado com o do leitor. Se não forem idênticos, o leitor para automaticamente.

Como em um grande número de leitores, a modificação deste byte é factível por métodos diversos, uma das primeiras técnicas foi modificar o byte da região para “0” ou “9”, que correspondem a “ALL”. Com isso, o leitor se torna codefree, mas por outro lado impede que discos que contenham algoritmos de verificação de região, como os RCE, toquem corretamente.

O disco RCE contém um loop contendo um arquivo em vídeo codificado com todas as regiões, menos aquela do conteúdo principal. Uma das possíveis explicações de como o processo funciona é a seguinte. Um programa incluído no disco procura por regiões fora da zona de reprodução prevista. Por exemplo, um disco RCE para região 1 terá este loop com as regiões 2, 3, 4, 5, 6. Isto força o leitor codefree a setar o byte de região para o último desses valores. Assim, ao tentar tocar o conteúdo principal, com código 1, o aparelho para no loop e exibe a mensagem do mesmo, indicando aparelho de região diferente do disco, ao mesmo tempo em que todas as teclas de função do remoto são bloqueadas. O jeito é ejetar o disco.

Contornando o RCE de forma eficiente

Para resolver isso, a solução foi tornar o aparelho capaz de permitir o usuário selecionar a região de interesse manualmente. Esses aparelhos foram classificados como region selectable. As primeiras dessas modificações foram feitas por hardware. Quem teve um Pioneer DV-505 da região 1, por exemplo, deve se lembrar daquele famoso pingo de solda, que permitia modificar um circuito integrado, o qual aceitava comandos do remoto para mudar a região do aparelho.

Com o tempo, aparelhos com seleção automática de região derrotaram totalmente o RCE, da mesma forma como os de seleção manual. Note o leitor que o RCE foi extensamente praticado em tempos de outrora, mas somente em discos norte-americanos. Quem é colecionador antigo e importou discos região 1 continua com os mesmos na prateleira, porém se tiver tido a sorte de usar um leitor de DVD automático, nem vai saber que os discos estão lá.

Reprodução de DVDs RCE em leitores Blu-Ray

A reprodução de discos RCE em leitores Blu-Ray é problemática. Em três aparelhos consecutivos que eu usei, a saber, Panasonic DMP-BD10K, DMP-BD30 e Philips BDP8000/78, a troca de região 1 (no caso dos dois primeiros) e da região 4 (no último) os deixaram sem tocar discos região 1 com RCE.

Eu experimentei e, portanto, posso testemunhar, os dois casos. O primeiro, Panasonic (BD10K), chegou às minhas mãos na região 1 e foi mudado para 1 e 4 com remoto de serviço em uma autorizada Panasonic, por cortesia. Tocava RCE sem problema, até ser modificado. O Panasonic BD30 já veio de fábrica para as regiões 1 e 4. Nunca tocou disco 1 com RCE.

No caso do Philips BDP8000, cuja modificação é mais fácil de fazer com o próprio controle remoto, eu pude testar as regiões 4 (fábrica), 1 e 0. Na região 1, os discos RCE tocam sem problemas, mas uma vez na 0 (multiregião) cai-se no caso descrito para os leitores codefree, com todas as teclas bloqueadas, a não ser as de parada e ejeção.

O motivo pelo qual os discos RCE podem não tocar em um aparelho Blu-Ray modificado pode estar no fato de que a desabilitação de verificação do código possa estar em outra região de memória, como sugerido por um blog de modificação dos Panasonic.

Solução do RCE por software

Para quem não tem um aparelho de leitura (DVD ou Blu-Ray) capaz de tocar um disco região 1 com RCE, mas tem um computador com drive de gravação, a solução é fazer uma cópia do filme, usando para isso programas como DVDFab, AnyDVD e outros que retiram todas as proteções do disco e portanto a cópia sai limpa. Para quem investe uma nota em mídia legítima e as coleciona, esta é, na minha opinião, a melhor solução.

Tudo isso, é claro, envolve um custo, mas no final compensa. O AnyDVD, por exemplo, que eu uso há anos, remove inclusive proteções de CD, algumas das quais são notórias transmissoras de vírus!

Fazendo-se cópias 1:1 o resultado é perfeito. No passado remoto, diversos programas, agora banidos, faziam este trabalho gratuitamente. Existia uma suíte, chamada de RipIt4Me, para copiar o DVD para o disco rígido e um outro programa, chamado FixVTS, que conserta a estrutura propositalmente modificada, de um DVD já no disco rígido. Se o leitor der sorte, ainda poderá encontra-los por aí.

Quem tiver habilidade com programação, pode tentar o Ifoedit, e retirar manualmente as principais proteções. É um trabalho insano algumas vezes, e provavelmente não vai funcionar na maioria dos últimos DVDs, sem a ajuda de um programa auxiliar, que identifique as trancas dos discos.

Bloqueio de regiões na reprodução de DVDs em computadores

Até fins de 1999 era possível se comprar um drive de DVD para o micro com o seu RPC (Regional Playback Control) na versão 1 (RPC-1). Com eles era possível trocar a região do drive para a desejada tantas vezes quantas fossem necessárias.

Na versão seguinte, o RPC-2, houve uma modificação imposta pelos estúdios, de somente permitir cinco trocas de região, a última das quais tornaria o drive operante somente naquela região. Em função disso, diversas modificações de firmware foram desenhadas, de maneira a retroceder RPC-2 para RPC-1, mas nem sempre isto funciona corretamente, e pode na verdade inutilizar o drive de vez.

A ação do RPC-2 se dá em vários níveis: no firmware do drive, no programa de reprodução e dentro do ambiente do sistema operacional, cortesia Microsoft.

A melhor solução para contornar o RPC-2 é por software. Programas como o AnyDVD, por exemplo, trabalham em tempo real e no background, na medida em que um disco é inserido no drive. A partir daí, o sistema operacional “enxerga” um disco multiregião, e assim não exerce qualquer censura à reprodução.

Pesquisando por aí, ainda é possível achar programas gratuitos com esta função, como por exemplo, o DVDIdle. A ajuda de programas deste tipo é importante em dois casos: no primeiro, não há mais como trocar a região de um drive, e no segundo, na compra de um drive novo, não é preciso mexer em nada! Portanto, economia de dinheiro e dor de cabeça na vida diária do usuário.

Bloqueio de regiões no Blu-Ray

Um dos motivos que se alega para o Blu-Ray ter sido o formato de alta definição vencedor foi que o HD-DVD era totalmente sem código de região, enquanto que o Blu-Ray foi dividido em 3 regiões, aparentemente para satisfazer os estúdios americanos outra vez.

Em se tratando de Brasil, a pancada foi menos violenta, porque finalmente se reconheceu que o brasileiro importa discos americanos de forma significativa e isso não vai mudar tão cedo. Assim, Estados Unidos, Japão e Brasil ficaram no grupo A.

Menos sorte deu a Europa, que ficou no grupo B, como se o brasileiro não fizesse uso de discos europeus, o que é uma sandice!

Por sorte, muitos estúdios, como a Warner, se cansaram desta brincadeira de gato e rato, caíram na real, e decidiram fazer discos sem código, prerrogativa esta quase que exclusiva dos estúdios independentes do resto do mundo civilizado.

Mas, há um detalhe que o usuário precisa prestar a atenção: discos sem código vindos da Europa podem ter conteúdo em PAL, e isto obriga o usuário a ter o leitor com saída de vídeo em PAL, além de NTSC. A invasão de material de vídeo em PAL é um verdadeiro absurdo, mas ela está lá e não deve ser ignorada, sob pena de que o usuário não possa assistir o disco. E para saber se é este o caso, é prudente consultar o banco de dados Blu-Ray Region Code Info, criado por usuários do mundo todo, que enfatiza possíveis percalços, em todas as regiões.

No tocante à reprodução de Blu-Rays no computador a situação é significativamente menos crítica. O disco Blu-Ray não faz uso do RPC-2 dos drives. A troca de cinco regiões a que o usuário tem direito é feita diretamente no programa para reprodução instalado no computador, e está arquivada em um arquivo gerado pelo programa. As fórmulas para ressetar os códigos têm sido divulgadas na Internet.

Porque o bloqueio de regiões está errado

O bloqueio de regiões não deixa de ser uma violação das regras mundiais de livre comércio entre países. Talvez por este motivo a grossa maioria das revendas americanas on-line ignoram o aviso de proibição de comércio estampado em alguns DVDs e enviam discos para qualquer parte do mundo. Isto sem falar nas pessoas que viajam ou que têm parentes no exterior, de quem recebem discos.

O bloqueio de regiões afeta profundamente o usuário que é cinéfilo, e neste caso é sempre bom lembrar que o acesso a qualquer tipo de arte é prerrogativa de quem a desfruta. Impedir isso é um crime pior do que aquele alegado pelo FBI, em países que não lhe dizem respeito.

O bloqueio de regiões por reforço RCE foi inicialmente comunicado em um memorandum, vazado depois na Internet. Os seus signatários, Columbia e Warner, fizeram uso do mesmo inicialmente, e tudo indica que nenhum dos dois persistiu nele. Os discos afetados são, aparentemente, todos da região 1. Outros estúdios que fizeram uso do RCE foram Disney/Buena Vista, Universal, Paramount e M-G-M/UA. Depois de certo tempo, o RCE foi abandonado. No caso específico dos estúdios Disney, os códigos de região foram retirados por completo!

Entre os ativistas mais exaltados contra o uso de códigos e demais proteções está a entidade Eletronic Frontier Foundation. A entidade decidiu marcar todos os produtos que adotam o DRM com o slogan Defective By Design. A maioria dos jornais europeus também já publicou editoriais contra o uso de códigos, já que a implantação com fins comerciais alegada pelos seus proponentes viola claramente o livre comércio entre países e continentes.

Os códigos de região são plenamente compensados pela lei da oferta e da procura. Se os prepostos locais dos vários estúdios forem competentes, os seus discos saem localmente mais baratos e acessíveis a qualquer um, portanto sem necessidade de importar nada.

Note que a ausência de importação acaba prejudicando as revendas norte-americanas como Amazon e outras. Portanto, equilíbrio e sensatez são importantes para não atrapalhar a vida comercial de ninguém.

Alguns métodos de proteção usados em vídeo

O Macrovision, já citado anteriormente, foi adotado ainda em ambiente analógico, mas é de fácil derrota por quem conhece eletrônica. Seu principal objetivo é distorcer a imagem da cópia, criando oscilações de brilho, cor, sincronismo, etc. Uma das maiores críticas, ainda no domínio analógico, foi a de ter introduzido problemas durante a reprodução de programas, em alguns equipamentos, principalmente os de projeção.

O CSS (Content Scramble System) é um método de proteção por criptografia. O código foi quebrado por um então jovem hacker norueguês chamado Jon Lech Johansen, popularmente conhecido na Internet como DVD Jon. Esta quebra permitiu, entre outras coisas, a cópia dos DVDs para os discos rígidos e a cópia desses para mídias virgens. Um dos primeiros programas resultantes foi o DVD Decrypter, cuja última versão saiu em 2005, e desde então tem sido substituído por outros programas.

Um método pouco usado, mas ainda presente em alguns lançamentos antigos de DVD-Audio foi o CPPM (Content Protection for Prerecorded Media). Existem fontes que afirmam que o programa DVD Decrypter, mencionado acima, é capaz de quebrar a criptografia usada neste método.

CPRM (ou Content Protection for Recorded Media) é um método parecido com o anterior, e que carrega consigo um byte que define uma chave criptográfica que controla o seu destino no ambiente do usuário. Esta proteção pode ser definida em autorização para uma só cópia ou nenhuma cópia.

A chave vem embutida no conteúdo digital transmitido, digamos, por emissoras de TV ou provedores diversos de sinal. A gravação é autorizada em equipamentos compatíveis (gravadores de DVD, PVR, etc.) e a reprodução somente neste mesmo aparelho. A ideia é que, quando o usuário tentar copiar o conteúdo para outro lugar, ele é impedido de fazê-lo.

Diversos tipos de mídia podem ser compatíveis com o CPRM, tais como DVD-R/RW e DVD-RAM (modo de gravação de vídeo “VR”), flash drives (pen-drives), cartões SD/SD HC, etc., e assim elas podem ser usadas para o primeiro armazenamento do conteúdo transmitido.

Existem programas de computador capazes de remover esta restrição, dependendo do formato de gravação do conteúdo, e aparentemente, alguns modelos de PVR também.

O CPRM é inconveniente para aqueles usuários que gostam de gravar seriados, jogos de futebol, e shows, a maioria em HD, e depois arquivá-los para apreciação futura. O CPRM obriga que o equipamento gravador, mesmo aquele com disco rígido, seja apagado, para armazenar outros programas. Dependendo do equipamento, o apagamento poderá acontecer à revelia do usuário.

Até agora, pelo menos, eu não tive notícia de bloqueio por CPRM nas transmissões digitais abertas brasileiras, mas não ficaria surpreso se um dia ele aparecesse.

HDCP (de High-bandwith Digital Content Protection) é um dos mais infames e idiotas dentre todos os projetos de proteção de sinal. Já se mostrou que ele é facilmente burlável, mas ao nível do consumidor ele é a fonte das maiores dores de cabeça na ligação entre equipamentos que usam conectores HDMI e DVI-D.

Por causa do HDCP a indústria fritou a conexão analógica por vídeo componente, e a retirou da cadeia de transmissão de sinal em 1080p, com ameaças atuais de retirá-la da transmissão de 1080i, até nos leitores de Blu-Ray.

Tudo isso se deve à crença (poder-se-ia dizer “mito”) de que o ambiente analógico possibilita a duplicação de material de vídeo em alta definição, o chamado analog hole ou buraco analógico. Na realidade, é justamente o contrário: em ambiente digital é muito mais fácil driblar qualquer mecanismo contra cópia.

O próprio HDCP foi um dia anulado em conectores/conversores que identificam a chave de licenciamento do mesmo e passavam o sinal sem chave adiante. Esses conectores são vendidos no mercado, de maneira a possibilitar o usuário a usar equipamentos de vídeo (por exemplo, displays) não compatíveis com o HDCP.

Para o usuário de microcomputadores, o uso de um adaptador de vídeo com saída digital (DVI-D) sem compatibilidade com HDCP tornará a reprodução de mídia protegida (por exemplo, Blu-Ray) sem imagem, tais como nas TVs sem HDCP.

O usuário final não é pirata!

Até hoje eu me pergunto o porquê da exibição de um aviso contra cópias em materiais comerciais de vídeo, desde a época do videocassete.

Se a gente for levar ao pé da letra tudo o que está escrito ali, a partir do momento em que eu reunir um grupo de pessoas para assistir um filme em vídeo na minha casa, eu já me tornarei ipso facto, um criminoso!

Nós que fomos cineclubistas na adolescência fazíamos exibição de filmes em 16 mm, alugados de alguma distribuidora, e não era incomum se fazer uma “vaquinha” para o aluguel do filme ou para comprar peças do projetor, como lâmpadas de projeção ou excitadoras. Não fosse assim, só com o subsídio da instituição onde estudávamos, que pelo menos no meu caso nunca aconteceu.

As proibições estipulam locais onde a exibição do vídeo é proibida, o que é um verdadeiro absurdo. Alguém por aqui já conseguiu imaginar um funcionário de uma plataforma de petróleo se sentir compelido de não assistir um DVD por causa dessas proibições?

Quando o DVD foi lançado no Brasil já haviam se passado mais de dois anos que os usuários estavam adquirindo leitor e discos da região 1. Nesta época, a Gradiente lançou um leitor e informava ao comprador, por telefone, os comandos do remoto que o tornariam codefree. E logo a seguir, eu cansei de ver promotores da Philips (cujo leitor já reproduzia PAL) circulando pelas lojas destrancando seus leitores nos depósitos ou na frente do consumidor, com um remoto de serviço.

Isso estimulou significativamente o comprador a parar de importar leitores e adquiri-lo localmente. Quanto a discos, a situação é outra, porque nem todos os lançamentos têm equivalentes em outros países, o que na prática quer dizer que a necessidade de um leitor multiregião existiu ontem, existe hoje e existirá amanhã.

Muitos estúdios se sensibilizaram, justiça seja feita, com a miséria do usuário final e abandonaram de vez os códigos de região e seus reforços. Foi o caso inicialmente dos estúdios Disney, aqui e lá fora. E hoje em dia, não se vê um disco Blu-Ray Warner com bloqueio de região A, B ou C. Além deles, nenhum estúdio independente brasileiro que eu tenha conhecimento jamais usou código para bloquear reprodução.

Outros estúdios precisam entender o lado cultural deste assunto. O cinéfilo que se preza não vê filmes de um só país, e na verdade isso foi prática comum na década de 60 e 70, quando se freqüentava salas de arte e museus que tinham suas cinematecas.

A importação de produtos de bens culturais, como a música e o cinema, deve ser protegida pelo estado, para garantir o enriquecimento dos seus cidadãos, não importa se o conteúdo e o destino se configurarem como distração ou lazer!

É fato que nada disso subsiste sem antes garantir uma educação de base decente, mas uma ação nada tem a ver com a outra, e só mesmo administradores sem visão do futuro poderiam não enxergar isso! [Webinsider]

…………………………

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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9 respostas

  1. Nunca tive esse tipo de problema com DVD, me pergunto se foi pura sorte. Tenho aproximadamente 1200 DVDs, pelo menos uns 200 importados, e nunca fiquei na mão. Meu primeiro DVD foi um Philips,nos idos de 2003, cuja região eu troquei para ALL com um código no controle remoto. Depois tive um RCA que comprei em uma viagem ao Uruguai. A caixa dizia região 4, mas tocou meus importados sem problema, sem nem mesmo eu fazer troca de região ia controle. Mais tarde comprei um Pioneer que uso até hoje (estupendo aparelho), que comprei apenas pela saída HDMI q os outros não ofereciam, visto que tanto o Philips quanto o RCA ainda funcionam. Esse Pioneer é vendido como região ALL na caixa, e tb não fiz nenhuma mudança. Em nenhum desses 3 equipmentos tive disco negado, e olha q tenho discos americanos (a maioria dos meus importados), de varios países europeus e inclusive alguns japoneses.

    1. Oi, Fabio,

      Podes ter certeza que foi sorte sua. Várias modificações para liberar código de região resultaram em bloqueios de reprodução de discos com códigos RCE. Um exemplo disso são os Blu-Ray players montados no Brasil até recentemente. Algumas fábricas fizeram leitores de DVD sem censura de códigos, como a Sony, até um certo ponto. Depois, não sei mais o que aconteceu, porque nunca mais investi neste tipo de aparelho.

  2. Oi, Tresse,

    Não há dúvida que direito autoral é indiscutível.

    No meu entender, entretanto, politizado é pouco para se enfocar o problema. Deixe-me colocar um pouco mais de pimenta neste molho:

    O CD foi a primeira mídia digital lançada para o consumidor, por volta do fim do ano de 1982. Lá pelo início da década de 90, os métodos industriais de duplicação atingiram um custo de centavos. Mas, ninguém viu o preço do CD cair no varejo!

    Os anos se passaram, e ninguém da indústria fonográfica conseguiu evitar a derrocada e o fechamento das grandes lojas especializadas, tipo Tower Records, por exemplo.

    Aqui no Rio, a última grande loja a cair foi a Modern Sound. Ao fechar, o filho do dono se queixou na imprensa sobre a intolerância da política de preço das gravadoras, segundo ele, aumentando o custo para lojas especializadas. A Modern Sound, apesar das atividades paralelas, fechou com uma dívida mensal absurda, e era uma loja que cobrava caro qualquer CD.

    A indústria fonográfica também entrou em crise. O consumidor passou a ter formas de ouvir música que mataram o comércio de CDs.

    Só que a postura da indústria continua a mesma. Você não vê nenhuma queda de preços de discos no varejo.

    Culpar o usuário por pirataria é muito simples, jogar a culpa do que aconteceu em cima dele muito mais.

    Mas, não seria ingenuidade nossa se acreditássemos que o problema todo se resume à duplicação doméstica?

    No meu caso, os meus textos vinham sendo sistematicamente duplicados em blogs, e eu tive que enfrentar isso de forma madura. Em dois casos apenas, o Webinsider foi obrigado a intervir:

    Num deles, tratava-se de um site de um jornal do nordeste, e aí foi jornalista falando com jornalista. E no outro, o cidadão pegou o meu texto, mudou o título (dando a entender que fosse dele), e só lá no fim colocou o meu nome, mas em letra bem miúda.

    Em ambos os casos foi feito um pedido formal de retirada, e os textos foram retirados, sem que ninguém precisasse recorrer a outra coisa.

    O verdadeiro crime de pirataria de mídia em discos acontece nas fábricas clandestinas, Tresse, e são essas que a polícia e os órgãos de defesa tem que combater. Envolver uma cópia eventual de um usuário e tachá-lo como culpado de crime é querer enganar as pessoas com um cenário que não muda em nada a realidade do problema, e um abuso de poder com o qual eu jamais irei concordar.

  3. Paulo,
    mais uma vez, parabéns pelo texto. A minha posição sobre cópias é a segiunte: Só com autorização do/s autor/es. Embora compreenda as componentes sócio-econômicas do problema, Pirataria, para mim, é crime. Não aceito. Veja o seu caso. Você perde tempo para passar informações para nós que queremos aprender. Não podemos nos apoderar de seus textos sem sua autorização. Podemos, no mínimo, citar a origem e dar o crédito. Concordo, porém, que o assunto pode ser politizado.
    Abs

  4. Rogério,

    Depois de ler o seu comentário, eu fui dar uma olhada e achei esta página: http://www.portallemenews.com.br/noticia.asp?noticia=846

    E vi lá uma petição para o cinema não fechar.

    Tem que ser assim mesmo: aqui no Rio, a Prefeitura da época descumpriu acordos de isenção de IPTU com o Grupo Severiano Ribeiro e o resultado disso foi o fechamento e venda do cinema Palácio, no centro da cidade.

    Enquanto os administradores públicos não entenderem que não é só o prédio que está em jogo, nós ainda vamos assistir ao fechamento de muitas outras salas.

    As distribuidoras também precisam fazer a sua parte. Não adianta tentar manter aberto, se depois, como me disse um exibidor, a sala usa o dinheiro da pipoca para não cair no vermelho.

    Lamento muito saber deste fechamento, e me solidarizo com todos que estão contra ele. E parabéns ao proprietário, por ter tido coragem de mantê-lo aberto até agora.

  5. Olá Paulo

    Quero aproveitar o gancho desta reportagem, sobre os mecanismos de direito autoral tão defendido pela indústria do cinema para para trazer uma triste informação para nós cinéfilos da 7a arte.
    Ainda que discutamos a forma com que as empresas cinematográficas cerceiam nosso direito de poder assistir o título que seja de nosso interesse, são “elas” que acabam por formar uma panelinha, só investindo na produção e “principalmente” na distribução para salas de exibição que tragam altos ganhos, dando as costas e torcendo o naris para salas que no passado foram os carros chefes das distribuidoras, em grandes cidades do interior, daí minha informação que agora compartilho com voce e a todos os leitores.
    Na data de ontem na cidade de Lins foi exibida a última sessão do cinema Alvorada, um dos últimos grandes cinemas era analógica, que ainda resistiam mantendo suas portas abertas exibindo a “boa” e velha película de 35 mm, mas devida a falta de público, aumento de despesas com funcionários e ao baixo retorno investido no aluguel das fitas, acabaram por inviabilizar que continuasse com suas portas abertas. Este cinema foi um marco no interior do estado de São Paulo, pois possuia capacidade para acomodar 1200 pessoas.
    É como descrevi no começo e repito, as empresas cinematográficas focam apenas lucro, o espectador “se quiser” que compre ou assista (na sala que ela achar conveniente) o que ela decidir colocar no mercado.
    Tem mais uma situação pior que isso, a maioria das salas do interior (que ainda resistem) como em Avaré S.P. só exibem “refugo” de filmes, que já sairam de cartaz a semanas ou até meses nas grandes capitais.
    Isso é um acinte…

    Um abração Paulo

  6. Ao Rogério,

    Eu também me sinto velho e cansado dessa brincadeira. Este problema de não ter disponível material em vídeo de interesse não é complicado de resolver, mas é obrigatório que: 1 – você se disponha a importar; 2 – você tenha um equipamento capaz de reproduzir vídeo de outros padrões, como o PAL-1 (PAL-Europeu); 3 – você tenha um domínio razoável de legendas de outras línguas.

    A situação, acredite, já foi bem pior. Em tempos remotos, você tinha que ter acesso a um catálogo de títulos e a importação era cheia de restrições. Note que até hoje muitas revendas não querem ou não gostam de exportar títulos para o Brasil. E um dos gravíssimos motivos é a inconfiabilidade dos Correios, por um lado, e o excesso de taxas dos couriers do outro (tipo FedEx, por exemplo). Eu, infelizmente, já tive um monte de encomendas minhas “perdidas” nos Correios, e neste caso é sempre bom você comprar em algum lugar que te dê garantia de reposição!

    Não vejo o seu comentário como desabafo, Rogério. Acho que é natural de quem quer ter liberdade de comprar e desfrutar do que gosta, e irrespectivo das agendas de lançamentos locais.

    Uma coisa que me preocupa sempre é não ver títulos de catálogo serem relançados, ou recuperados dos arquivos dos estúdios. E aí, quando o usuário começa a troca figurinha na Internet, usando Lp velho como fonte, a gente vai dizer o quê?

    Se você desconfia, eu tenho 99% de certeza de que nenhum executivo, de qualquer estúdio, vai ler o que eu escrevo. E, se algum deles ler, dependendo que quem seja, não vai poder fazer nada mesmo. Se for de indústria fonográfica então nem se fala!

    Ao Nolan,

    Não é possível que, sob a desculpa de combater a pirataria, a indústria coloque um vírus rootkit, como aconteceu com aqueles CDs da Sony que depois foram retirados do mercado. Como também é um absurdo mudar a estrutura de diretórios de discos diversos, para impedir uma cópia qualquer.

    Tudo isso eu digo porque se eu, com um pouco de conhecimento, me livro desta tralha, agora imagine a indústria de duplicação clandestina, essa mesma que vende mídia em torno de lugares que todo mundo conhece, passa ao lado e finge que não está vendo, para não arrumar encrenca. Até porque isso é assunto de polícia, e não de quem consome.

    Eu sou um que, como muitos, não levo meus CDs para fora de casa de jeito nenhum! Não é à toa que todo mundo passa conteúdo para MP3, antes de sair na rua!

  7. Olá Paulo !

    Em primeiro lugar quero parabenizá-lo e tambêm felicitá-lo pela elaboração de mais uma contundente matéria, a qual peço sua licença para colocar algumas posições sobre tão atribulado e conflitante tema.
    Acho que provavelmente nenhum executivo das indústrias ou distribuidoras cinematográficas lerão esse meu comentário, mas servirá como um desabafo.
    Sabe Paulo, eu tenho procurado por mais de duas décadas num processo de “garimpagem” em sites de lojas internacionais (como Amazon) para adquirir séries antigas em DVD, mas o cartel da indústria cinematográfica sempre dá um jeito de boicotar consumidores de regiões onde não achem que possam ter rentabilidade, e volume de vendas na distribuição de seus filmes, por isso que dificilmente conseguirei séries da minha infância em DVD de região 4 e legendadas em PT-BR aqui no Brasil. Cito alguns exemplos:
    Terra de Gigantes*
    Viagem ao Fundo do Mar*
    Tunel do Tempo*
    Galactica (Astronave de Combate) *
    Thunderbirds em ação*
    Buck Rogers no século XXV*
    E mais recentemente Star Wars/Clone Wars (Animação)
    *Todas essas séries exibidas acima são vendidas a mais de uma década lá fora, mas para nós aqui consumidores de um país subdesenvolvido (na opinião desses executivos das distribuidoras), acham que não compensa vender esses títulos aqui.
    Poderiamos então importá-las, mas como sabiamente falou o Paulo no texto acima, esse títulos tem sistemas diferentes de gravação e não falo somente da região, tem tambêm o fatídico problema de sistema de gravação em Pal e tambêm a falta das legendas em portugues.
    Recentemente um amigo esteve em Lisboa (Portugal), e de lá ligou para mim eufórico, informando ter achado a série animada que tanto queria (Thunderbirds), com legendas em PT-PT só que um detalhe, o box estava setado para Região 2, e com padrão gravação em Pal.
    Realmente Paulo seu texto possui muita propriedade dizendo serem descabidas essas regionalizações. Isso só serve para impedir e afastar o público dos títulos originais, que acabam levando o consumidor (menos paciente) em sua ânsia de ter aquele título, optarem comprar um pirata (mesmo com qualidade ruim), mas no meu caso como sou contra a pirataria e prefiro a qualidade ao invéz da precariedade dos piratas, vou ficando velho, perdendo cabelos e esperando a boa vontade das distribuidoras em lançar por aqui séries que tanto tenho admiração.
    Bem Paulo espero que entenda esse meu desabafo, afinal estava a muito tempo esperando por alguêm publicar um tema de tanta relevância para cinéfilos como eu.
    Um abraço

  8. Prezado Paulo:
    O assunto é controverso.Duvido que a Macrovision tenha recuperado o custo das pesquisas que fez,dado a rapidez com que o formato VHS se foi…E eu mesmo recebi demos em DVD da Macrovision e de outras empresas e as bypassei.Um deles,típico era pegar um CD dito protegido,achar a camada de proteçãoque refletia a luz como um circulo mais fosco e cobrir este circulo com uma caneta preta para retroprojetor.Funcionava em qualquer player.Quanto a pirataria,eu a detesto,mas não aceito ser coibido de fazer uma cópia para mim de DVDs que alugo.Curioso é que meu drive é Sony e uso DVDs virgens…Sony.Aliás peguei uma gravadora chamada SEVEN,da Sony Music fazendo algo parecido com pirataria:pegou varios fonogramas de musicas latinas dos “Les Elgard” e transformou em um disco nacional do Maestro Bruno Rodrigues com a sua Orquestra e coral Tupy.São os MESMOS fonogramas e os nossos amigos musicos americanos talvez nem saibam da tramóia.Se você quiser conferir,o numero da tal”copilação” em CD é 241-035.Eu tenho e dá vontade de criar um caso com a Sony,porque ela chamou a nós todos de piratas caso fizessemos copias de CD em…cassete!Mesmo usando um de seus BoomBox!Descaradinha essa Sony,né.
    Abração

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