As administrações públicas não emplacam nas redes

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As redes sociais, que já viraram sucesso de público no mundo inteiro e no Brasil, ainda não conseguiram emplacar entre as administrações públicas brasileiras.

Embora sejam comuns links para diversas redes em sites de instituições públicas, o número de ações desenvolvidas e respectivos resultados ainda são inexpressivos, se considerarmos o volume de acessos às redes pela sociedade brasileira como um todo e o seu expressivo aumento registrado ano a ano.

Estudo recente da comScore, empresa mundial de pesquisas, mostrou que no Brasil 99% das pessoas que acessam a internet, usam as redes sociais. Os dados obtidos são do mês de março e mostram que nós só perdemos para os americanos, cujo índice de acesso às redes chega a 99,7% por parte dos internautas.

As redes sociais são tão populares para os brasileiros que os números de pageviews superam os da Índia e Espanha. Ou seja, tivemos 24,8 bilhões de visualizações de páginas contra 10,6 bilhões da Índia e 12,9 bilhões da Espanha. O Orkut respondeu por 71,9% das visitas às redes, o Facebook por 40,8% e o Twitter, 21,8%.

Diante desse quadro, justifica-se o fato das empresas estarem direcionando seus esforços de divulgação de marca, produtos e serviços para a internet e suas redes sociais. Da mesma forma, justifica-se o aumento do número de empregos nas áreas de tecnologia e conteúdo web. Só não se justifica – avaliando de forma mais simplista – o ingresso tímido dos órgãos públicos, especialmente administrações municipais e estaduais às redes sociais.

A participação mais freqüente de governos municipais e estaduais no Twitter, Facebook, YouTube, só para citar alguns, quando ocorre, impressiona e chama a atenção de estudiosos e especialistas, como eu mesma destaquei em meu artigo “As Mídias Sociais nas Administrações Públicas”, no e-book “Para Entender as Mídias Sociais”, lançado em abril deste ano. Por que isso acontece, se o uso das redes já se popularizou tanto?

A impressão que nos passa é a de que as administrações públicas ainda estão ressabiadas desses instrumentos de comunicação. E o próprio cidadão, por sua vez, também não espera muito delas no que tange esse quesito de relacionamento.

Mais do que todos os outros setores, elas não sabem como lidar com as redes. Podemos afirmar, a partir de alguns estudos, que os gestores públicos precisam aprender a falar, a ouvir e, principalmente, a responder às comunidades nesses sites de relacionamento e de colaboração.

É certo, entretanto, que os cuidados na forma e no desempenho da comunicação nos setores públicos devem ser muito maiores do que nos demais. Isso porque faz parte da nossa cultura desconfiar de órgãos públicos. Ao mesmo tempo em que se sabe que a transparência propiciada pelas redes pode contribuir para a diminuição dessa desconfiança, pode também despertar para fragilidades pessoais, como a redução do poder ou ter que dividi-lo com outros.

Segundo Fernando Filgueiras, em “Corrupção, Democracia e Legitimidade” (Editora UFMG 2008), “é preciso que sejam reconstruídos os valores políticos, por meio de uma concepção normativa de interesse público”. Ao fazer essa proposta, o autor defende que os valores políticos estejam efetivamente a serviço do cidadão.

Com esse tipo de mudança ele entende ser possível reduzir a distância que persiste entre o indivíduo e o poder público. Tal lacuna também pode ser preenchida pelas redes sociais.

Não é mais possível convivermos com interesses unilaterais. E, ao contrário do que define o autor citado, uma política transparente não pode mais pressupor uma forma utópica de sociedade, sobretudo numa época em que a comunicação mediada pelo computador deu voz, poder e dinamismo às ações públicas.

A necessidade e urgência de estabelecer um relacionamento direto e satisfatório com as sociedades talvez seja o calcanhar de Aquiles das administrações públicas. E até para isso as redes sociais podem auxiliar. [Webinsider]

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Ivone Rocha (@ivonerocha) é jornalista, gestora e consultora de projetos de mídias sociais pela ABC Comunicação. É docente e consultora em cursos de pós-graduação em mídias digitais do Senac-SP e Unicid. Mantém o blog Ivone Rocha.

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2 respostas

  1. Manifesto aqui os meus parabéns, ao artigo escrito pela jornalista Ivone Rocha. Pessoa que goza de profunda respeitabilidade no mundo ético e cibernético. As redes são os marcos da democracia de hoje. A ditadura no Brasil não teria a mesma desenvoltura, se a contrapartida fosse as mensagens fluentes das redes sociais. O Estado deve abarcar nas suas entranhas esta moderna forma de comunicação. Quem sabe, até a burocracia seria minimizada. Para o bem dos servidores e do povo. Fraterno abraço. Vicentinho.

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