A audição é o primeiro sentido desenvolvido. Antes mesmo do aparelho auditivo estar formado, o feto escuta por meio das vibrações sonoras. Com o passar dos séculos, a audição – que era muito desenvolvida -, se atrofiou. O mundo hoje produz uma quantidade excessiva de ruídos e de música inadequada e isso causa danos enormes às pessoas.

Por essa razão, instintivamente, as pessoas acionam um mecanismo de proteção: ignoram certos ruídos. Ainda assim, os sons atuam drasticamente em todo o nosso sistema. Pode-se escolher o que ver, pois o campo de visão é limitado, mas não se pode escolher o que ouvir. O ser humano é definitivamente muito mais vulnerável na audição.

O som é uma linguagem universal, acima de todas as línguas e está presente nas nossas vidas o tempo todo, na sua maioria de forma inconsciente. Quando estamos em uma esquina barulhenta, por exemplo, fazemos de conta que o barulho não existe – enquanto ele, de fato, existe e nos afeta.

Fisicamente, o som altera os batimentos cardíacos, a respiração e as ondas mentais. É como quando ouvimos o som do mar e relaxamos. Os ciclos das ondas do mar têm grande relação com o ciclo da respiração e por isso são muito familiares e reconfortantes. A música altera a estrutura molecular da água. Nosso corpo contém 77% de água. Assim é correto afirmar: a música tem o poder de atuar fisicamente na nossa saúde.

Psicologicamente, a música é capaz de mudar o humor e interferir no estado emocional: provoca tristeza, alegria, irritação. A música pode mudar completamente a qualidade de nossos momentos e da nossa vida.

Nosso poder de processamento auditivo nos permite escutar um som de cada vez. Assim, quando se está num escritório barulhento, o ruído excessivo pode causar danos à saúde e à produtividade das pessoas – esta chega a cair muito, cerca de 66%. Imagine o impacto disso para as empresas?

No comportamento, pesquisas já comprovaram que a música pode ditar as atitudes e o ritmo das pessoas. Em torno de um mesmo estilo reúnem-se multidões em grandes festivais de música da história como Woodstock, Rock in Rio e tantos outros.

O som usado de forma inapropriada não só causa danos às pessoas. No ponto de venda, pode reduzir dramaticamente as vendas – em até 28%, segundo estudos. Quantas vezes você já deixou um estabelecimento por causa de uma música ou um som inadequado?

Cognitivamente, o som tem o poder de gerar reconhecimento – como quando ouvimos a trilha de filmes como Indiana Jones ou Titanic. Quem poderia deixar de associar essa marcante história de amor regada a drama à música que o acompanhou?

O som pode melhorar significativamente o relacionamento com a sua marca

As marcas se comunicam bastante através dos olhos e parecem se esquecer dos ouvidos. Porém, algumas já se associaram ao som. O toque do celular da Nokia, por exemplo, é a música mais tocada no planeta hoje: cerca de 1,5 bilhões de vezes por dia. A logo sonora da Intel é reconhecida mundialmente. E o “plim plim” da Globo faz parte da história da TV brasileira.

É possível desenhar o ambiente sonoro de acordo com o que queremos provocar no nosso público. Esse fato representa uma grande oportunidade de aproximação com o consumidor. É possível utilizar o som em favor de uma marca.

Assim como os pontos cardeais, pode-se dar à comunicação sonora de uma marca quatro direções fundamentais:

• Faça-a coerente com o conceito da marca e com a comunicação visual. Dê a mesma importância e direcionamento. Se o som comunicar na direção contrária, isso pode reduzir o impacto positivo em até 86%. É um número importante;
• Pense o som apropriado para a situação;
• Dê às pessoas algo de valor, bem feito, e pense na qualidade da experiência;
• Crie ferramentas de mensuração. O universo do som é complexo e muitas vezes é preciso testar e testar para se obter conclusões mais precisas, para se chegar ao resultado ideal.

Você pode se perguntar: por que eu deveria fazer comunicação sonora? A resposta é: porque você já a faz! Mesmo sem saber exatamente o efeito dela na saúde e no humor do seu consumidor.

Entretanto, sem os devidos cuidados, talvez você se distancie dele, nesse momento…

Com toda essa informação ao seu alcance, você já pode escolher: deixar a sua marca ao sabor de qualquer onda sonora ou colocar seus dois pés no novo milênio e considerar o som como um parceiro fundamental para o sucesso.

Hoje as marcas ocupam uma fatia enorme do som ambiente do mundo e emitem seus sons continuamente. Se cada uma fizer a sua parte, com toda certeza o mundo se tornará um lugar mais leve, harmonioso e saudável para se viver. Este é o meu desejo para o futuro próximo do planeta.

Fontes: AdrianNorth, Masaru Emoto e Julian Treasure. [Webinsider]

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Zanna Lopes

Zanna Lopes (zanna@zanna.net) é diretora de criação da Zanna Sound.