Trocando de A/V receiver

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Nos últimos quinze anos mais ou menos trocar de A/V receiver tem sido parecido como trocar de carro, exceto que enquanto o objetivo da troca deste último costuma ser por desgaste, a do primeiro é por atualização de novos recursos.

E, de fato, a cada ano que passa novos processadores de áudio e, em épocas recentes, de vídeo também, aumentam seu desempenho, ao mesmo tempo em que passam a aceitar codecs de formatos recém-criados ou criados nos últimos anos.

Até os anos de 1980, “receiver” (ou “receptor”) era sinônimo de amplificador estéreo com sintonizador de rádio AM/FM integrado. O termo “receiver” foi incorporado no vernáculo como foram outros tantos termos de língua inglesa, oriundos do computês desta mesma época.

Acontece que o mundo do áudio mudou, com a inclusão da reprodução de filmes com som multicanal. Antes disso, a maioria dos aficionados dava preferência ao áudio com a montagem de componentes separados, como pré-amplificadores e amplificadores de potência. E mesmo com o avanço do Dolby Stereo no ambiente doméstico, com o nome de “Dolby Surround”, ainda assim muita gente continuou a usar amplificadores de apenas dois canais. A instalação mais sofisticada, digamos assim, desta modalidade, era a adição de duas caixas surround, na forma de um circuito Hafler. Este circuito possibilitava a decodificação passiva dos 4 canais matriciais derivada dos 2 canais do Dolby Stereo com absoluta competência e chegou a ser referência de decodificação passiva nas revistas especializadas!

Os processadores domésticos começaram a evoluir e avançar, com a introdução da decodificação ativa (alimentada eletricamente) das trilhas Dolby Stereo, conhecida como Dolby ProLogic. Mas, mesmo assim, muita gente não viu motivos para abandonar o Hafler, com o argumento de ele soava melhor.

Este cenário só mudou realmente com a entrada em cena do Dolby Digital. A partir daí, não era mais possível usar Hafler, se o usuário quisesse de fato obter cinco canais discretos de áudio, com o surround, antes difuso, partido agora em esquerdo e direito.

O Dolby Digital abriu nos cinemas em 1992, com o filme da Warner “Batman Returns”, mas chegou ao laserdisc lá pelo meio desta década, na edição do filme Paramount “Clear and Present Danger”. Na época, o codec ainda era chamado de “AC-3”, como era reconhecido nas capas dos discos.

Para se obter Dolby Digital em casa era preciso adquirir um A/V receiver ou um processador externo. Os receivers eram uma forma mais barata de conjugar amplificação com decodificação, já que o uso de um processador externo obrigava a instalação de cinco amplificadores e um subwoofer ativo, ou seis amplificadores com subwoofer passivo.

A trilha AC-3 no videodisco era gravada como sinal de rádio freqüência, substituindo o segundo canal de áudio analógico dos discos. Os primeiros A/V receivers para Dolby Digital incorporavam uma entrada específica para videodisco, dotada de um adaptador capaz de converter a rádio freqüência no bitstream AC-3.

As primeiras apresentações do Dolby Digital em videodisco foram acompanhadas do trailer conhecido como “City”, e eram realmente espetaculares para a época. A presença das trilhas AC-3 nos discos foi a escola introdutória do som multicanal, para muitos de nós hobbyistas. Nesta época, foi o próprio Roger Dressler, autoridade reconhecida da empresa, quem respondia a consultas via e-mail. O site da Dolby permitia download de material técnico, e isso, junto com pessoas dedicadas que mantinham os seus próprios sites, foi a única forma de aprender como som multicanal se espalhava na sala.

E de lá para cá, as evoluções foram tremendas, sob este ponto de vista. O DVD usou AC-3 direto no seu formato digital, em saída coaxial ou ótica, e os decodificadores aumentaram de potência e processamento, até mesmo para o Dolby Stereo ativo (Dolby ProLogic II e IIx). Receivers mais novos adotaram decodificadores DTS, e com o passar do tempo, Dolby e DTS com 6.1 canais, alguns dos quais estão aí até hoje!

Correndo atrás do prejuízo

Eu já passei por situações onde foi preciso trocar o receiver, para ver novos codecs fora do equipamento transmissor (reprodutor) sendo processados, a última delas com o lançamento do Blu-Ray, que foi feito em total descompasso com o lançamento dos leitores propriamente ditos:

O que aconteceu é que primeiro saíram os leitores Blu-Ray com saída em PCM multicanal (os novos codecs eram convertidos antes da saída, por exemplo, no Sony PS3). Se o usuário desse sorte, todos os codecs seriam convertidos integralmente, mas vários aparelhos de primeira geração faziam decodificação apenas do “core” e não do codec integral de algum formato. Quer dizer, o usuário tinha o codec no disco, mas não levava!

Os primeiros receivers “future proof” (no jargão do hobby) passaram a aceitar os codecs em bitstream diretamente por HDMI, mas aí seria necessário trocar o Blu-Ray player por um modelo capaz de passar o sinal original de forma integral, e isto só aconteceu nos modelos seguintes.

A vantagem da atualização do equipamento nesta fase se mostrou imediata. Primeiro, porque o bitstream passa sem conversão alguma, até chegar ao seu processador externo. Segundo, porque, ao pular uma etapa desnecessária (conversão primeiro para PCM), a melhoria da qualidade do som reproduzido ficou bastante evidente. E terceiro, porque isto demonstrou conclusivamente aos que tem por hábito observar desempenho que as saídas HDMI dos diversos leitores que enviam bitstream ao invés de PCM, ressalvados erros de firmware, têm pouca ou nenhuma influência na qualidade final do som obtido. Esta última passou a ser muito mais dependente do processador externo e dos seus amplificadores!

Nunca se deixe impressionar pelos números

Todos nós temos uma tendência de olhar valores de especificações, na procura de atributos de um equipamento novo que nos interessa. Mas, via-de-regra, muitos destes números não têm, na prática, significado algum. Foi o caso recente que aconteceu comigo, e que eu uso agora para ilustrar o que eu afirmo:

Conseguindo passar o sinal DSD do SACD direto do reprodutor para um receiver novo por HDMI, eu descobri rapidamente que a entrada de sinal acusava 44.1 kHz de valor de amostragem, quer dizer, eu havia teoricamente reduzido o áudio de alta definição para o “nível” do CD.

Recorrendo ao fabricante do reprodutor, o suporte deles me esclareceu que não havia nada de errado, e eu depois reparei que eu não havia sido o primeiro a pedir este tipo de explicação: na Internet, a resposta do suporte está espalhada ipsis litteris em um monte de sites!

Os homens do suporte tinham razão. Na verdade, a culpa por aparecer indicado 44.1 kHz no display do receiver está nas especificações do protocolo HDMI 1.2a e principalmente na maneira como o sinal DSD é mandado, por HDMI, ao receiver:

O DSD usa um processo de amostragem de 1 bit, porém em uma freqüência de 2.8224 MHz (2.8224 Mbits/s). Para passar o sinal DSD por HDMI, o sinal original de 2.8224 milhões de amostras de1 bit por segundo é repartido em 8 pedaços, sendo transmitidos a 44.1 kHz, 8 bits cada um, e depois juntados no decodificador. Com isso, obtém-se uma banda passante de 2.8224 Mbits/s (8 x 44.1 x 8), ou seja o decodificador do receiver recebe o sinal DSD integral.

Entretanto, as especificações do protocolo HDMI 1.2a demandam que a freqüência de amostragem indicada no display seja a base usada para a categoria à qual o sinal pertence, ou seja, 44.1 kHz!

Por conta disso, todos os receivers indicarão 44.1 kHz no sinal de entrada, mas este valor nada tem a haver com o valor de conversão de DSD para PCM executada pelos aparelhos reprodutores. A amostragem usada para o DSD (2.8224 MHz) é usada para a conversão a PCM em submúltiplos: 44.1 kHz (2822.4 kHz ÷ 64), 88.2 kHz (2822.4 kHz ÷ 32), ou 176.4 kHz (2822.4 kHz ÷ 16), na saída HDMI do reprodutor de discos SACD.

Uma vez convertendo DSD a PCM (até 5.1 canais) no reprodutor, com a redução, por exemplo, para uma amostragem de 88.2 kHz por canal, este sinal PCM pode ser transmitido de uma só vez aos receivers, acusando 88.2 kHz no display. Se a conversão a PCM for feita dentro do receiver, ela pode ser otimizada de maneira a que o usuário faça uso de todas as facilidades de modo de audição do processador de áudio.

A qualidade de reprodução de um receiver capaz de aceitar DSD diretamente será então, função do seu decodificador e amplificadores, exatamente como todos os outros codecs de áudio. Caso o reprodutor tenha uma conversão prévia a PCM com qualidade de áudio melhor que a do receiver, o usuário terá sempre a opção de ajustar a saída HDMI do leitor para PCM em vez de DSD.

De uma maneira geral, valores de especificação são úteis, mas não a ponto de determinar qualidade ou valor de cada receiver. Idealmente, o usuário deveria fazer testes antes de comprar um equipamento desses, mas neste país é cada vez mais raro achar alguém de alguma revenda que se proponha a fazer isso com ele!

Os aumentos dos codecs em função da entrada

Uma coisa que chama a atenção em muitos receivers novos é a inclusão de decodificação de alguns codecs, dependendo da via de entrada utilizada. E como a moda passou a ser usar algum tipo de flash drive ou disco rígido com conexão USB, para se conseguir uma reprodução adequada só mesmo usando este tipo de mídia.

A capacidade de reproduzir os diversos codecs depende do processador de áudio usado pelo fabricante e das rotinas de programação para aproveitá-lo. Os processadores Burr-Brown (Texas Instruments) têm adquirido uma fama bastante expressiva no mercado, mas muitos receivers mais caros usam também processadores da Cirrus Logic. Não é aconselhável olhar exclusivamente para esta ou aquela marca de decodificador, sem saber como ele é implementado e como o sinal de áudio é posteriormente tratado e amplificado.

Recentemente, vários fabricantes de receivers tomaram a sadia decisão de não fechar a reprodução do sinal em função exclusivamente do codec, deixando ao usuário a decisão de reprocessar este sinal com algum outro recurso. Em muitos modelos atuais, é possível subir o número de canais de entrada até o número máximo de canais amplificados. E neste ponto, existe uma miríade de processamentos disponíveis nos modelos novos, e eles estarão lá, mesmo que o usuário finja que não está vendo.

A concorrência entre proponentes de pós processamento aumentou significativamente nos últimos tempos. Às vezes, a sensação que se tem é que é preciso achar um dicionário para descobrir detalhes de todos eles. Nomes como THX, THX Ultra 2, THX Select 2, Audyssey e outros, são pouco elucidativos, quando o usuário tenta comparar recursos e especificações que lhe possam ser úteis.

Quando as especificações da mídia enganam ou confundem

No ano passado a versão em Blu-Ray da trilogia “O Senhor dos Anéis” foi lançada com especificação na contracapa “DTS HD MA 6.1”. Muitos entusiastas se sentiram lesados ao descobrir depois que a decodificação e reprodução do codec estavam restritos a DTS HD MA 5.1.

Aparentemente, quase ninguém prestou atenção para a divulgação do press release do estúdio, que falava em DTS HD Master Audio 5.1 ES Matrix, que é como deveria estar descrito nas embalagens dos discos. Como este codec nunca tinha usado e ninguém na época se prestou a esclarecer o assunto, muita gente achou que a decodificação 5.1 era uma falha dos reprodutores e/ou dos receivers.

Em parte o usuário tem razão: não é admissível que se lance um formato de áudio nunca antes usado, sem alguém vir a público prestar esclarecimentos sobre o porquê da reprodução não atingir os canais anunciados.

O que aconteceu é que o lançamento do formato pegou os fabricantes de calças curtas, cujos processadores (internos e externos) não tinham provimento para DTS HD MA ES (N.B.: ES significa Extended Surround, podendo ser discreto – separado – ou matricial).

E para saber por que a reprodução é 5.1 e não 6.1 é preciso entender a dinâmica do processo de obtenção do sexto canal: no formato matricial um terceiro canal é obtido a partir da conjugação de sinais em fase presentes nos dois canais adjacentes. Esta derivação* é feita dentro do decodificador, no momento em que ele analisa o sinal dos canais pertinentes.

* esquerdo + direito em fase: canal central; surround esquerdo + surround direito: surround back (6.1).

Portanto, o codec é fisicamente composto por 5.1 canais e não 6.1. Sem o comando para derivar o sexto canal, o sinal matricial não é reproduzido. Nada disso está teoricamente errado: em última análise, a estratégia matricial garante a retro compatibilidade entre 6.1 e 5.1, e, portanto, não é, sob este aspecto, considerado um defeito.

Se o usuário for atualizar o equipamento ou investir em um novo, é sempre aconselhável prestar atenção neste tipo de detalhe. E tem mais: uma trilha de áudio 6.1 estendida para 7.1 pode não representar diferença de reprodução alguma, a não ser que o processador consiga computar diferenças de fasamento e transformá-las em Surround Back esquerdo e direito. Se a trilha em si fizer o sexto canal em mono (sinais totalmente em fase) é mono mesmo que vai sair nos canais Surround Back traseiros.

A procura fanática pelos equalizadores

Eu já li, em mais de um site, usuários entusiastas trocando mensagens avidamente, querendo conhecer melhor as características dos equalizadores e analisadores tipo Audyssey, por exemplo, e se os mesmos trabalham por canal (multi-equalizadores) ou com ajuste único para todos os canais, que é um tipo mais comum.

E o mais engraçado desta estória é que os fabricantes de receivers alegam ter programado esses equalizadores justamente para o usuário que não quer, não sabe ou não se interessa por fazer ajustes mais demorados.

No áudio tradicional de antigamente, se sabia que mexer com equalização é um negócio perigoso. A interação entre caixas acústicas e o meio ambiente é complexa, de tal maneira que compensar deficiências de reprodução de algumas freqüências pode prejudicar o funcionamento da caixa como um todo, uma espécie assim de cobertor curto!

Segundo os preceitos puristas, o ideal é que não haja processamento nenhum do sinal, o que é virtualmente impossível dentro dos receivers, visto que todos os codecs de áudio modernos são previstos para serem trabalhados com um recurso que se chama de “bass management”.

Este gerenciador de graves é o grande responsável pelo casamento de todas as caixas em um sistema multicanal, de modo a que o sistema seja capaz de reproduzir o grave normal da trilha sonora e mais o canal de efeitos de sons graves (LFE) dos programas 3.1/4.1/5.1/6.1/7.1 eventualmente contidos nos discos.

Mesmo assim, existe uma previsão de eliminação de todos os circuitos capazes de afetar a equalização do sinal original, geralmente conhecida com o nome de “Direct”, ou então de se fazer a reprodução com o desligamento completo de todos os circuitos de vídeo e até do display. Este último recurso recebe geralmente o nome de “Pure Audio” ou algo semelhante.

O problema é que este desligamento ou contorno dos circuitos processadores elimina por completo o bass management e com o isso o subwoofer, se instalado, ficará fora de linha! É claro que existe sempre a possibilidade de se usar a saída dos canais frontais esquerdo e direito para liga-las ao subwoofer e depois esticar fios para as respectivas caixas, e isto, em parte, parece contornar o problema.

Mas, no entanto, não é bem assim: o bass management foi desenhado para permitir que o canal de efeitos de graves das trilhas de cinema (LFE) seja usado de maneira correta, e só isto só pode ter a sua máxima realização com o uso de um subwoofer em uma saída dedicada. No seu gerenciamento, há uma separação distinta entre os graves dos canais de áudio e os do LFE, tanto no corte de freqüência entre as demais caixas e o sub, quanto no ponto de corte (LPF ou “Low Pass Frequency”) para a reprodução do LFE. Este último ajuste determina a partir de que freqüência o subwoofer deverá reproduzir o LFE. O seu valor default é 120 Hz, o que na prática quer dizer que todas as outras caixas só poderão reproduzir LFE acima desta freqüência. Como normalmente o LFE não passa muito, se passar, de 120 Hz, praticamente todo o programa LFE é então reproduzido pelo subwoofer.

O leitor, espero, deve estar notando, que a saída de subwoofer do receiver, não está lá à toa. Em sistemas “.2” o fabricante é obrigado a instalar duas saídas de sub, para esta finalidade. Se o usuário insiste em tirar o subwoofer desta linha e instalá-lo por fora, o ajuste de LFE é perdido!

O receiver em rede

A tendência atual dos aparelhos eletrônicos é entrar em rede, e os receivers não são exceção. Os modelos que possuem apenas entrada Ethernet impõem uma dificuldade contornável, quando o usuário não tem interesse em esticar um cabo de rede até onde o home theater está instalado.

Se o usuário tem uma rede sem fio em casa, ele pode adicionar um ponto de acesso (“Access Point”) com recepção wireless, próximo do receiver. Este ponto é então configurado como cliente da rede sem fio, e é desta maneira que ele repassa o sinal da rede pela sua saída de cabo ao receiver.

Parte desta nova tendência é fazer o receiver entrar em rede DLNA, e ele assim se comunica com um computador, que faz o papel de servidor de arquivos. O recurso é útil quando o usuário quer reproduzir conteúdo de música armazenado no computador, evitando assim o leva e traz de mídias diversas.

Nos modelos que acessam rádio, tudo irá depender se as rádios oferecidas são gratuitas, pagas ou exigem que se abra uma conta para ouvir música. A enorme vantagem das rádios da Internet é não precisar estar em uma boa área de recepção para ter um sinal de qualidade. Em se tratando de área não urbana dos grandes centros, o avanço é significativo.

Na elaboração de recursos de mídia nem sempre o bom senso tem prevalência!

O usuário que deseja atualizar o seu modelo de receiver deve tentar prever o máximo possível de decodificadores diversos, dentro da faixa de preço que ele quer comprar. Isto evitará desapontamentos, toda vez que a indústria provedora de mídia resolver mudar qualquer coisa.

Na nossa vida pós Blu-Ray o bitrate de sinal por HDMI deixou de ser um problema. Existem discos no mercado com trilhas sonoras em codecs de alto desempenho diversos, até 7.1 canais.

Por conta disso, existe um contrassenso em se recorrer a formatos 6.1 matriciais, como foi feito nas edições da acima citada trilogia do Senhor dos Anéis, Monstros S. A., Os Incríveis e Wall-E, estes últimos especificando DTS HD MA 5.1 na contracapa. Dolby Digital Surround EX e DTS ES faziam mais sentido em DVD, quando estes eram o único recurso disponível para extensão dos canais surround.

Receivers atuais irão desprezar a natureza do sinal 5.1 ou 6.1 e extrapolar os mesmos para o número máximo de caixas que o usuário instala. Se vai haver ganho de performance ou não neste processo, tudo dependerá da maneira como as trilhas sonoras são mixadas. Até porque novos algoritmos de reprodução de áudio melhoram, por upsampling, as limitações do formato de fonte. E não me refiro à reprodução de MP3 em PCM 44.1/16 que a gente já conhecia, mas na melhora efetiva de todos os formatos que passam por qualquer processo de compressão.

Enquanto se tenta reintroduzir o ES como formato 6.1, outros codecs, como DTS HD HR e Dolby Digital Plus entraram em obsolescência. O último deles eu não vi em Blu-Ray algum. Não há, como se pode perceber, qualquer coerência na escolha de formatos de áudio pelos estúdios. E não há como negar que ter provisão para reproduzir codecs obsoletos é melhor do que não ter nenhuma, porque nunca se sabe qual deles vai ser ressuscitado nos dias de amanhã.

O receiver é um equipamento versátil e democrático!

Os A/V receivers disponíveis no comércio variam em preço, capacidade de processamento e potência de reprodução de sinais de áudio. Quase todos incorporam hoje processadores de vídeo de alto desempenho, o que permite o recurso de upscaling para fontes analógicas, como o vídeo componente.

Quando as HDTVs passaram de vídeo componente para HDMI, proibindo a saída digital sem HDCP, os usuários ficaram impedidos de passar sinal de alta resolução a partir de saída vídeo componente, que é analógica. Este impedimento não foi imediato, mas caminha a passos largos para sê-lo, inclusive nas saídas dos leitores Blu-Ray. Os receivers resolvem isso, permitindo a entrada de vídeo analógico e fazendo upscaling do mesmo para a saída HDMI. Cabe ao usuário decidir se quer usar ou não este recurso. Em conexões HDMI-HDMI, por exemplo, ele não tem o menor sentido.

Um dos aspectos mais significativos para o uso de um A/V receiver é a sua capacidade de amplificar um número alto de canais, sem precisar de qualquer outro equipamento em paralelo. Apesar disso, receivers com saída analógica multicanal permitem que eles possam ser usados somente nos circuitos decodificadores, deixando a reprodução final por conta de amplificadores externos.

A saída multicanal analógica dispensa assim o uso de um pré-amplificador de áudio e vídeo, com uma redução significativa no orçamento da instalação, e deixa o usuário livre para juntar depois amplificadores separados ou continuar usando os que estão lá dentro.

Apesar de grande número de puristas advogar historicamente a limitação do uso de receivers, eu entendo que ele é a maneira mais democrática de se alcançar desempenho adequado à grande maioria das instalações de áudio e vídeo, tornando-se o centro pelo qual a reprodução de música e vídeo é conseguida em um único ambiente, e irrespectivo de quaisquer outros equipamentos que o usuário pense em usar no futuro. [Webinsider]
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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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14 respostas

  1. Olá, Augusto,

    A vantagem de se ter DLNA no receiver é a fidelidade da reprodução do áudio, coisa que a TV costuma não ter. E se você observar bem, o DLNA é apenas um detalhe, porque geralmente receivers em rede têm outros recursos, como rádio de Internet, por exemplo. Mas, enfim, a escolha fica a seu critério.

    O retorno de áudio (ARC) e o cabeamento ótico dão ambos a mesma qualidade de som, porque geralmente a TV está limitada a um chip Dolby Pulse, e portanto transmite Dolby Digital ou até Dolby Digital Plus. Pessoalmente, eu já testei o ARC e achei um inconveniente, que é o de um aparelho comandar o outro, por causa do processo de automação. Não custa nada você testar e ver se você se adapta.

    Se você tem acesso à DTV, é de todo interessante manter um cabeamento digital entre a TV e receiver. A Globo HD transmite em AAC multicanal, que as TVs transcodificam para Dolby Digital 5.1.

    Não há problema algum em se instalar um receiver com número maior de canais do que caixas instaladas. Basta entrar no setup e fazer a configuração das que forem conectadas. Alguns receivers tem sensores nas saídas e isto é feito automaticamente, restando ao usuário o restante da calibração.

    Finalmente, obrigado, em nome do Webinsider, pelo elogio. O site não é meu, é de um grupo de jornalistas, os quais vão ficar felizes de saber que você gosta dos textos. No que me concerne, obrigado pela leitura.

  2. Primeiro, parabéns pelo site.
    Vê se consegue dar uma dica.
    Já tenho uma TV com DLNA. E peguei um kit de caixas JBL 610 5.1.
    Agora estou decidindo pelo receiver.
    Acho que não há necessidade de pegar um receiver com DLNA, certo?
    Posso usar o DLNA da tv ou do XBOX.
    Usando a TV como fonte de áudio, o áudio pode descer para o receiver pelo ARC(HDMI) ou entrada digital ótica. Isso trará alguma perda?
    Estou escolhendo entre denon s500bt ou s700.
    Esse segundo com DLNA, 7.2 e pouco mais potente. Não tenho interesse no 7.2 por falta de espaço. Seria mais pelo DLNA, pela potência e acho que tem mais codecs.

  3. Olá, Willian,

    Os valores de potência são muito confusos, porque os fabricantes não têm hábito de especificar a potência de pico, que revela a capacidade do amplificador em atingir uma faixa de potência sem clipar a onda na saída.

    Um receiver com fonte de boa qualidade, capaz de suportar a elevação momentânea de amplitude da onda musical sem distorcê-la será capaz de aceitar qualquer tipo de caixa sem receio de queimá-la.

    Por outro lado, caixas acústicas construídas com drivers com boa dissipação de calor costumam suportar potências altas sem risco de danos.

    A minha sugestão é que você escolha qualidade em vez de potência. O ideal seria ouvir as caixas antes de comprá-las, mas isto, mesmo nos grandes centros urbanos, está cada vez mais difícil. Uma alternativa seria ler o máximo de análises que você puder encontrar pela Internet, não que você vá confiar no ouvido alheio, mas pelo menos poderá ver gráficos ou medições, se for o caso.

  4. Olá Paulo,

    Estou trocando meu receiver “in a box” 5.1, partindo para a montagem de um kit 7.1.

    Minha dúvida é quanto as especificações da potência de saída de cada canal, onde alguns fabricantes de receiver mostram dois valores, ex:

    115 W per channel (8 ohms, 1 kHz, 0.9% THD, 1 ch driven)

    80 W per channel (8 ohms, 20 Hz-20 kHz, 0.09% THD, 2 ch driven)

    Qual potência de caixa tenho que adquirir? 100 W 8 ohms ou 80 W 8 ohms?

  5. Oi, Luiz Gonzaga,

    A reprodução de discos Blu-Ray com decodificadores atualizados e capazes de reproduzir codecs de alta resolução é infinitamente superior em qualidade de áudio. Então, existe uma vantagem na atualização por compra de um novo receiver.

    E como eu já comentei no texto, a esta melhora se soma ao aumento da capacidade de processamento, e com isto atinge-se uma performance e um nível de recursos superiores ao receiver anterior.

    Permanecendo com o receiver atual existem duas possibilidades:

    1 – usar cabo ótico ou coaxial do seu Blu-Ray player para o receiver, conseguindo a reprodução dos codecs legacy (Dolby e DTS convencionais);

    2 – usar a saída analógica multicanal de um Blu-Ray player e conectá-las na respectiva entrada do RX-V2500. Com isto você deixa o BR player fazer a decodificação dos codecs contidos no disco e usa o receiver para a amplificação.

    Se você gosta do som do RX-V2500 esta última seria a sua melhor alternativa.

  6. Oi, Cristi,

    Antes de adquirir o equipamento você deve se certificar se eles obedecem ao padrão DLNA. Se você ainda não o conhece, além da literatura da Internet, eu tomo a liberdade de sugerir a leitura de duas colunas anteriores contendo tópicos sobre o assunto:

    http://webinsider.uol.com.br/2010/10/21/internet-na-tv/

    http://webinsider.uol.com.br/2011/03/17/hdmi-versao-1-4/

    A rede DLNA obedece ao conceito de cliente-servidor: um dos equipamentos envia a mídia (servidor) para que outro a reproduza (cliente).

    Tenha em mente que o aparelho que reproduz a mídia tem que ter necessariamente compatibilidade com a mesma. Em cada equipamento o fabricante fornece uma lista do que tem suporte dentro do manual.

    Eu não tenho experiência alguma com Macs, mas se ele não for capaz de ser um servidor plug & play (o DLNA é um tipo de UPnP), ainda assim eu creio que você pode usar programas que emulam o mesmo como servidor. Um exemplo citado na Internet é o EyeConnect (http://www.elgato.com/elgato/na/mainmenu/products/software/EyeConnect.en.html).

    Sobre o espalhamento do áudio, eu sei que é possível criar a chamada “zona 2” com o receiver apropriado. Mas você teria limitação de uso, porque só é possível ter áudio em dois ambientes.

    A alimentação da saída de um equipamento em mesas de som obriga uma instalação por pessoas que conhecem a maneira de fazê-lo, e eu acredito que você possa consegui isso em lojas de eletrônica ou sites que prestam este tipo de serviço.

  7. olá, Paulo, estive lendo alguns de seu artigos e queria parabenizá-lo pela clareza com as explicações. Eu estou tentando montar um sistema em minha casa e gostaria de pedir um auxílio pois tenho muito pouco conhecimento sobre o assunto (todos os equipamentos ainda serão comprados, inclusive a tv). O que eu preciso é que o meu macbook com todos os meus arquivos de música em mp3 esteja ligado à tv e ao blu-Rau e às caixas de som em ambientes diferentes. Bem leigamente falando: quero ver tv, assistir a um filme ou show na tv e escutar, via itunes ou outro tocador, músicas digitalizadas que possam sair nas caixas que eu escolher para que o som não fique na maior altura em todos os ambientes (já que há caixas de som na varanda). Me sugeriram um reciver, ou uma mesinha de som, mas me disseram que eu não teria todas as caixas comandadas pelo reciever. E pelo pesquisa que eu andei fazendo por sites e revistas não há muita informação sobre a integraçào total de um home com o computador. A questão é que digitalizei todos os meus cds para poder ficar mais fácil o uso de listas e para ouvir músicas específicas e agora não sei como faço. É isso então. Obrigada.

  8. Prezado Paulo:

    Teu artigo é extremamente claro e útil.Tomei a liberdade de dividir com amigos a tua competência.

    Abração,
    Nolan

  9. Tresse,

    Concordo contigo, mas me parece que as emissoras vinham sistematicamente evitando mixagens mais sofisticadas, e agora, diante da HDTV, chega-se a um impasse que só vai ter solução no momento em que se chegar a um consenso no provimento de serviço multicanal, como aliás, está fazendo a Globo, até por causa da Globosat, que ultrapassa as nossas fronteiras.

    Há uns quinze anos atrás ou mais era inimaginável que um home theater tivesse uma qualidade de áudio que ultrapassasse a das salas de cinema, muito menos que seria possível fazer isso com um receiver.

    Por outro lado, é uma pena constatar que a indústria fonográfica entrou neste processo de decadência que a gente constata hoje, sem dar nenhum alento a qualquer um de nós que o áudio de alta resolução venha a sair do nicho onde atualmente ele está.

    Com raríssimas exceções, a indústria fonográfica não entendeu o espírito da coisa. Matrizes analógicas de 16 canais, por exemplo, continuam a ser editadas em apenas dois canais, quando elas têm potencial para muito mais do que isso.

    É mais ou menos como a situação da Internet atual, cujo espaço vem sendo ocupado por sites sociais, com pouca ou nenhuma contribuição à disseminação de conhecimento e compartilhamento de experiências diversas, como era no início. E eu não quero aqui ser saudosista, mas sim lamentar que a parte interessante da Internet esteja morrendo uma morte lenta, e principalmente que a participação de horas a fio de um público que antes nem sabia o que era a Internet e que no final não conquista nada nem produz nada que seja aproveitável pelo resto da comunidade virtual.

    E eu, Tresse, acredite, nunca tive intenção alguma de dar aula a quem quer que leia os meus textos. Note que é preciso colocar certos assuntos em uma perspectiva histórica, e explicar o porquê dos avanços que a tecnologia nos traz hoje. Se eu não o fizer, eu acabo não alcançando nem um terço dos leitores que se aventuram aqui.

  10. Paulo,
    parabéns; mais uma bela aula. O Áudio é o calcanhar de Aqiles da TV. Costuma-se dizer que a TV seria ótima se fosse muda, mas sabemos que o Aúdio é maior que o Vídeo. Entende-se um programa sem Vídeo (vira Rádio), mas não se entende um programa sem Áudio. Eu também gosto dos Receiveres, porque êles resolvem os problemas de conversão sem prejudicar a qualidade (esceto para os “Ouvidos de ouro”. Abs.

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