Por um novo conceito de escola e sala de aula

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Enquanto os adolescentes fazem amigos, promovem movimentos políticos, agendam encontros, diversão etc. pelas redes sociais da internet, nas escolas eles pouco veem um computador.

Pesquisa recente do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI-Br), que abordou 497 escolas municipais e estaduais de todas as regiões urbanas do país, mostra falta de capacitação dos professores para uso da informática e da internet no ensino. Isso demonstra que todos os esforços dos governos em adquirir computadores para as escolas públicas muito pouco está agregando ao ensino.

Pelo estudo, que identifica usos e apropriações das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nas escolas públicas brasileiras, todas as instituições de ensino pesquisadas possuem computadores instalados em suas dependências. Dessas, 92% têm acesso à internet e 87% contam com banda larga.

Mesmo assim, as atividades pedagógicas são desenvolvidas na escola como se não existisse a tecnologia. A mesma pesquisa aponta que desse universo analisado, apenas 4% das escolas públicas têm computador na sala de aula e 81% têm laboratório de informática. No entanto, apenas metade dispõe de um profissional para monitoramento.

Em São Caetano

Um modelo interessante vem do município de São Caetano do Sul, no ABC Paulista. A Prefeitura entregou no ano passado cerca de 7.000 notebooks aos alunos que cursam a partir da 3ª série do Ensino fundamental. Além deles, 500 professores e 64 diretores receberam os aparelhos. As escolas municipais também foram equipadas de lousas virtuais e com um monitor em cada uma.

Mas, antes de levar esses recursos às escolas, a administração pública vinha preparando todos os educadores, com cursos, treinamento e orientação, por meio do programa “Aprender São Caetano”, iniciado em 2007.

Claro que devemos considerar que a cidade, com seus 149 mil habitantes e o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país, pode não ser um bom parâmetro para municípios como os da Grande São Paulo, da Baixada Fluminense, Grande Belo Horizonte, entre outros de mesmo nível, onde falta (e muito) infraestrutura necessária.

Mas, entendo que podemos conhecer o modelo aplicado para que possa ser adaptado. Uma das lições a se tirar desse exemplo de São Caetano é que a efetiva inclusão digital no meio acadêmico não tem a questão financeira como o seu maior entrave, haja vista o levantamento do CGI mostrar que 64% dos professores reconhecem que os alunos entendem mais do que eles sobre o meio digital.

A capacitação do professor

Sendo assim, a conclusão é clara: o professor precisa de capacitação. Porém, essa capacitação vai muito além de entender como usar a informática, a internet e as redes sociais. É preciso contextualizar esse entendimento no âmbito pedagógico e criar uma cultura digital, por meio de políticas públicas eficazes.

É também fundamental estabelecer um novo conceito de escola e de sala de aula. E aí a discussão se amplia e carece de um olhar diferenciado do Ministério da Educação.

Quem sabe, as primeiras iniciativas para o processo de mudança nas escolas não virão das redes sociais? As manifestações virtuais estão funcionando tão bem em vários setores, inclusive na política, por que também não funcionariam na educação? Fica aqui o tema para análise. [Webinsider]
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Ivone Rocha (@ivonerocha) é jornalista, gestora e consultora de projetos de mídias sociais pela ABC Comunicação. É docente e consultora em cursos de pós-graduação em mídias digitais do Senac-SP e Unicid. Mantém o blog Ivone Rocha.

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9 respostas

  1. Muito boa essa matéria, um ótimo relato da atual situação da informática na educação. Ao mesmo tempo que parece uma coisa já concretizada, sabemos que não é assim. Muitos professores ainda não sabe como usar essa ferramenta ou até mesmo não tem como oferecê-la aos seus alunos.

  2. Oi Lucas, é isso mesmo. Acho que entre professores e alunos não há dúvida de que é preciso repensar rapidamente o modelo da escola. Falta vontade dos governos e ações dos parlamentares para a criação de projetos que instituam políticas públicas direcionadas a esses dois envolvidos (professores e alunos), para que todos ganhem. Obrigada pelo seu interesse no assunto. Se quiser discutir melhor, estou à disposição. Abraços!

  3. Olá Luiz Manghi, me interessei muito pelo projeto “Olimpíada de Jogos Digitais e Educação”, acredito, realmente, que os jogos poderão ser os principais instrumentos para promover o estímulo do aluno para o conhecimento. E DEVE estar inserido nas atividades escolares, com toda a certeza. Gostaria de mais informações a respeito, contatos com os gestores. Você poderia me passar?

  4. só uma dica (pode apagar esse comentário):

    O início da frase acima está incorreta (no entanto)

    No entando, apenas metade dispõe de um profissional para monitoramento.

    Abração!
    Lucas

  5. Muito bem, Ivone, parabéns pela matéria.

    Trabalho com pedagogas em uma faculdade e diariamente conversamos sobre a questão da qualificação docente no processo de ensino.

    Numa palestra muito bem humorada com o excelente Max Haetinger, ele dizia que após ter feito especialização, mestrado e doutorado de TI na Educação, percebeu que os alunos do fundamental sabiam mais de tecnologia do que ele.

    Creio que uma das questões é percebermos que ensinar e aprender são faces da mesma moeda e que o professor se mistura na sala, é um mediador que participa do processo ativamente. Está no meio, não no topo. Não se trata mais de poder e controle, e sim de envolvimento. E isso é um dos aprendizados que os governantes também precisam exercitar.

    Muito bom o vídeo do projeto OjE disponibilizado pelo Luiz no comentário acima. O link do projeto é
    http://www7.educacao.pe.gov.br/oje/app/index

    Grande abraço!
    Lucas Selbach

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