A fragmentação e o destino das mídias sociais

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Bom… já é de conhecimento geral que eu sou uma apaixonada pelo movimento humano dentro da web. E por conta disto as redes sociais são grandes laboratórios que utilizo para conhecer comportamentos digitais, auxiliando a criação de interações mais focadas na arquitetura de informação.

E de uns tempos para cá, observando os movimentos destas ferramentas e do Google, um termo tem acompanhado meus dias de forma muito intensa: rede social fragmentada.

Falando em termos seculares, um texto de Mauricio Valentin fala sobre a fragmentação social, termo que simboliza o resultado da definição das épocas. Alguma coisa como um conjunto de fatos, que influenciaram transformações sociais, gerando conflitos em um âmbito de identidade pessoal e coletiva e seus devidos reagrupamentos.

Na linha de raciocínio de Stuart Hall, o desenho abaixo ilustra essa “ruptura” do sujeito (aquele do eu, tu, ele…) e os conflitos de identidade ocasionados pelos processos de globalização.

identidade

Clique na imagem para ampliar

Resumindo a ópera, Hall acredita que as velhas identidades, por tanto tempo estabilizando o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo. Super pertinente se pegarmos este gancho olhando a realidade digital que estamos inseridos.

Exatamente neste cenário do “conhecimento antropológico e social da coisa toda” me chamaram a atenção alguns pontos citados por Tom Pick em um texto que fala sobre o fim das mídias sociais (no sentido de para onde caminham).

Desfragmentação

Alguns de seus apontamentos me fazem perceber que vivemos um momento de desfragmentação social na internet.

Para explicar, começo falando sobre a liberdade de comunicação proporcionada pelas redes sociais, onde, ao contrário do que se acredita, estamos ainda em um momento de fascinação pelas possibilidades permitidas, sem determinados controles que definiriam certa estabilidade.

Olhando o cenário de forma rápida, parecemos estar adaptados, mas se pensarmos filosoficamente (Stuart Hallmente falando), vivemos “conflitos de identidade” (qual midia usar? para que? para onde vamos depois do Facebook?) ocasionados pelo “processo de globalização” (acessos a diversas mídias sociais).

Olhando por este prisma é fácil perceber que ainda estamos criando o “conjunto de fatos” para influenciar a transformação sócio virtual, e embora todos pareçam bastante confortáveis, ainda exploramos as potencialidades e aprendendo a tirar o melhor proveito destas plataformas de sociabilização virtual.

Pensando em termos de futuro podemos imaginar como ideal a integração e natividade total entre estas mídias, definindo “modus-operandus” claros como ferramentas de comunicação. E o que definirá esta adaptação será o desaparecimento dessa fragmentação que vivemos hoje, unificando a gestão das mídias sociais em uma plataforma bastante amigável. Lindo, não?!

Tom Picks e seu amigo Richard Jones (vale a pena ver o texto dos caras com o ponto de vista deles) apontam alguns sinais interessantes que sobre a chegada deste momento:

1. Como sinal de maturidade das mídias sociais, elas viriam por padrão mencionado dentro da tela de contato do site como hoje aparecem endereços físicos e telefones de uma forma nativa e não como um adicional que relacione modernidade ou status. Ah, vai, a gente já está caminhando para isso 😉

2. Esta mídia social seria menos fragmentada, universalizando as necessidades e funcionalidades em uma única ferramenta, diferente de nossa realidade, pois temos login e senha em várias delas e agregamos a cada uma um valor resultando em diversidade de redes sociais. Exemplificando: Facebook -amigos; Linkedin – trabalho; Foursquare – entretenimento e por aí vai.

Dentro dessa lógica de englobar acessos, fornecer um único login (não sei porque isto me lembra o Google…) é algo que será muito superestimado. As pessoas estão sobrecarregadas com o número de diferentes contas de que precisam ter para acessar cada uma das mídias sociais que se propõe participar. A ferramenta de gerenciamento final irá fornecer um login único para todos os indivíduos permitindo monitoramento, participação e análise dos resultados (hum….empresas…).

Uau! Filosófico e não para por aí o/

Neste contexto surgirá um dashboad para gerenciamento de múltiplas contas, fornecendo atualizações de status destas contas simultaneamente e seu gerenciamento baseado em contatos e não plataformas (o Gmail permite sincronizar e gerenciar várias contas de e-mail).

Mídias sociais têm que ser multiplataforma. Um usuário deve ter uma experiência produtiva em qualquer dispositivo, no smartphone ou no desktop com um monitor em alta definição.

Hoje é realidade absoluta o crescimento de Facebook, Twitter, Linkedin e até mesmo o Google+ (ainda pequeno em termos de Brasil), nos indicando alguns caminhos para o futuro. Tom Picks comenta que no momento em que cessar o surgimento de novas mídias sociais será dado início a uma preocupação em criar ferramentas que auxiliem as empresas a gerir suas comunicações através de canais sociais e a maturidade e a estabilidade das mídias sociais acontecerá.

Quando é que as mídias sociais tornam-se uma tecnologia madura? Isso é difícil dizer em ordem cronológica, pois a maioria de seus profissionais ainda vive o êxtase da descoberta. Ainda passamos pouco tempo analisando essas mídias como ferramenta, porém se prestarmos atenção, alguns movimentos já existem para estes novos caminhos e muita gente já sabe que estas mídias precisam de gestão.

Sistemas para gerenciamento de mídias sociais

Não dá para dizer que esta “ferramenta” tem um nome, mas de forma ampla pode se chamar de gerenciamento de sistemas de mídias sociais (SMMS).

Que me desculpem os “especialistas”, mas é fascinante olhar e perceber que ainda vivemos um caos com ferramentas perdidas e embaralhadas que nos custam administrá-las, dar significado e sentido de forma eficiente e produtiva.

Ainda que existam muitos profissionais para administrá-las, pela falta de gerenciamento único e experimentação das plataformas, o direcionamento é amplo o suficiente para se prever apenas a linha do horizonte: tendências e possibilidades.

E esta indefinição fica muito clara quando vejo pessoas perguntando “Saímos do Orkut e migramos para o Facebook. E depois? Para onde iremos?”

Isto é positivamente interessante pois denota que há um processo de fragmentação acontecendo que irá gerar este resultado definitvo em termos de ambientes sociais no digital.

É um mergulho profundo em novas formas de se relacionar e estamos aprendendo a lidar com todas elas. É a idade contemporânea digital se formatando para permitir a adesão e experiência de comunicação perfeita… Aí fica minha pergunta: será? [Webinsider]
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Íris Ferrera (iris.ferrera@gmail.com) escritora, estudante, arquiteta de informação e consultora de user experience nas horas vagas. Twitter @irisferrera.

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3 respostas

  1. Oi Professor! Nessa pressa de fazer as coisas acontecerem a gente não percebe que uma mudança grande está acontecendo e que precisa de uma reflexão mais profunda. Mas vamos chegar lá. Que gostou e obrigada por criar textos inspiradores!

  2. Primeiramente um ótimo post. Percebo que a Internet brasileira precisa de embasamentos teóricos, é preciso dialogar mais sobre estes filósofos sociais, para que possamos entender até mesmo aquilo que executamos e jugamos ser bom. Em segundo lugar me sinto honrado pela citação, obrigado e realmente espero que este conteúdo seja de grande valia.

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