Valor para as empresas é um conceito em evolução

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O que gera valor?

Aquilo que resolve o problema das pessoas.

Por que criamos organizações?

Para resolver o problema das pessoas, tanto as que lá trabalham, mas principalmente daquelas que as usam para resolver os seus problemas, seja consumindo produtos ou serviços.

Por que as empresas perdem isso de vista?

Pois a tendência dos grupos humanos, com o tempo e sem agentes externos provocadores de mudanças, é se fechar em tribos, países, condomínios, grupos religiosos e/ou raciais, defendendo os interesses mais imediatos, seus próprios problemas. Perdem a noção de valor, do que podem gerar para a sociedade.

Vivem o mal estar das organizações. E começam as crises de valor, pois as pessoas na sociedade procuram trocas para atender às suas necessidades e quando não acham procuram outra ou começam a boicotar quem não a atende.

Mais ainda. As pessoas acreditam: só o dinheiro gera valor, mas, na verdade, o dinheiro é uma representação do valor. E quando se aplica dinheiro em algo que não gera valor, o dinheiro não se sustenta sozinho e se desvaloriza.

Vidas vazias de significado e, portanto de valor, das pessoas e das organizações são aquelas provocadas pelo conceito equivocado de que é o dinheiro que gera valor, e não aquilo gerado por meio dele.

Reduzi-se a geração de valor para o outro, para quem deveríamos servir e passa-se ao auto-valor de si mesmo priorizando coisas e não aos princípios.

Menos princípios e mais valorização das coisas. O que nos leva a crises, pois se todo mundo embarca nessa a sociedade vira o caos.

É preciso realinhar o tempo todo organizações ao objetivo coletivo para manter o foco no valor.

E podemos até dizer: o amor (geração de energia entre as partes) é valor e desamor (pouca energia) é o não-valor.

Quando uma empresa perde os princípios, no fundo, está num círculo de desamor e vice-versa.

E o que fazemos?

Criamos ações dentro das organizações, mas nem sempre focadas no problema central do valor com métricas fechadas, reengenharias, grandes mudanças enfumaçadas, do rabo perseguindo o próprio rabo.

(Projetos de redes sociais, gestão de conhecimento, entre outros estão indo nessa direção, pois acabam adotando métricas e avaliações em que não avaliam o valor gerado entre as partes, aumentando a crise e não a reduzindo).

Lucro, assim, é consequência de um valor gerado e não o contrário. As organizações mais duradouras são aquelas que não perseguem o lucro a qualquer custo, mas as que estão sempre vendo-o como fruto de um serviço bem feito.

Quanto maior a crise, por outro lado, mais os especialistas dos fins que justificam os meios aparecerão, pois quando uma empresa se fecha nela mesma, já houve internamente uma vitória parcial ou total de um grupo sem foco do coletivo.

Criam um conjunto de interesses, alinhados com o caminho do pouco valor ou do não-valor, ou do desvalor, se quiserem. Haverá, portanto, sempre uma tensão permanente entre estes dois grupos internos da organização: os imediatistas com uma visão fechada e centrada no eu (no lucro para nós) e outro com a visão mais aberta englobando o cliente/cidadão (lucro do nós + social).

Estamos saindo de uma era do lucro para nós radical, pois há uma relação entre a radicalização do não valor com o controle do fluxo de ideias e, aos poucos, isso levará à cegueira do valor real.

Diria: as organizações estão com uma taxa de auto-interesse e pouco foco no lado de fora muito acima do aceitável hoje em dia, em função do pouco poder do consumidor/cidadão, em função de um ambiente informacional altamente controlado.

Dessa maneira, as organizações se fecham, as artérias começam a acumular gorduras, o ataque cardíaco ou o AVC é eminente quando se aumenta o fluxo de ideias na sociedade, mostrando os pontos de entupimento.

É o chamado corporativismo do não-valor, ou do valor, para mim mesmo, no qual os meios estão acima dos fins, de costas para a função real de dada organização para o coletivo, que tende a ficar radicalizado, conforme vai se controlando mais e mais o fluxo de ideias.

(Discuti esse impasse humano neste texto do mal estar das organizações.)

São projetos desalinhados. Fazem muita fumaça, mas não fogo, sem ”alinhamento ao negócio da sociedade”. Alinhamento ao negócio é gerar valor, pois negócio é a troca com o coletivo e quanto mais troca há, mais se gera valor e vice versa.


O problema das organizações: há uma forte tendência a geração de valor de seus próprios membros para eles mesmos, levando-as à decadência ao longo do tempo delas e arrastando a sociedade com elas.

Vive-se uma tendência na ilha da fantasia do não-valor, até que o princípio da realidade venha, mais dia, menos dia, por meio de ações externas em desequilíbrio. E isso pode acontecer de várias formas, desde um concorrente, uma nova tecnologia ou uma mudança radical na maneira da sociedade em lidar com a informação, como agora. Note, entretanto: as primeiras são localizadas, mas a segunda é global.

Numa revolução cognitiva como a atual, a métrica das organizações é pega desprevenida, pois está invertida.

Uma organização decadente será aquela em que a métrica está cada vez mais deslocada da geração de valor para fora!

E perdem valor intangível na sociedade (imagem) e depois tangível (perdem negócios), seja na bolsa de valores, quando estão lá, seja no descrédito de uma dada empresa ou instituição perante quem a contrata. Pois os seres humanos, como animais sociais demandantes, sempre vão querer seus problemas resolvidos da melhor forma possível.

É uma questão apenas de oportunidade e circunstâncias. Pode demorar, mas sempre vamos tentar ir para lá, como utopias que esperam a hora de virar realidade, como em revoluções cognitivas.
Os projetos desalinhados com essa noção de valor, sejam quais forem, perdem o foco. O meio passa a ser o fim em si mesmo. E começam a girar em busca do próprio rabo. Exemplos?

  • O Congresso Nacional perdeu a noção do valor, que é legislar para resolver problemas dos eleitores. Cada vez mais legisla em causa própria;
  • A academia brasileira perdeu noção do valor, pois a métrica exigida pelos reguladores atuais não é a de resolver os problemas do país, mas apenas de quem publica mais e aonde, claramente um fim em si mesmo;
  • Empresas brasileiras que conseguem se manter no mercado por arranjos, monopólios, primotocracia e cartéis, pois é na falta de competição que se esconde o não-valor, com uma exacerbação maior no mercado financeiro.

Os conceitos de democracia 2.0, de academia 2.0 e empresas 2.0 têm na sua base a redefinição de valor e de sentido destas e de outras organizações sociais, no Brasil e fora dele com mudanças distintas, conforme cada caso! É o resgate dos fins para voltarem a ser fins.

O que muda na noção do valor na sociedade quando temos um novo ambiente informacional, tal como a massificação de uma rede digital como a Internet, trazendo descentralização?

O falso-valor ou o desvalor demora mais tempo a ser desbancado em uma sociedade controlada informacionalmente e sem competição (no caso informacional) entre as diferentes propostas de valores.

Quanto mais controle informacional se tem numa sociedade mais teremos falso-valor e vice-versa.

A sombra informacional que se cria na sociedade permite às organizações/líderes/gerentes/autoridades de pouco valor sobreviver, pois se fecham em ambientes auto-protegidos na sombra. Conseguem agir nessa sombra, por meio de acordos e ajustes não transparentes, tendo mais mérito dentro destes ambientes voltados para si e não para o coletivo.

Deixado de fora da estrutura quem pensa na geração valor real, que passa a ser taxado de ingênuo. É o rabo balançando o cachorro.

O valor está invertido, levando a organização a ficar cada vez mais dependente de ambientes estagnados, nos quais tem o controle informacional. É um circulo vicioso da sombra para cada vez mais sombra.

Quando se abre o ambiente informacional – como estamos vendo agora com a chegada de uma rede mais descentralizada e mais desintermediada – permite-se às ideias e trocas passar a acontecer a despeito dos canais antigos em todo o globo ao mesmo tempo, impulsionando um forte impacto de procura de re-valor na sociedade.

E nada pior para o vírus do não valor do que uma revolução cognitiva!

Mais luz vem da – e para – a sociedade e os não-valorosos vão ficando cada vez mais claramente e nitidamente obsoletos, sendo o tempo da vingança da meritocracia dos valorosos, que miram o coletivo.

A luta surda a favor do valor social ganha aliados poderosos: os consumidores/cidadãos. Há um reposicionamento da balança de forma radical e global, mesmo que aconteça lentamente, mas é em algo disruptivo e não de continuidade.

Foi o que ocorreu com a chegada do papel impresso, na Europa, em 1450. Isso iniciou o processo de mudança e o fim de uma era da monarquia e do feudalismo quando um fenômeno similar à Internet ocorreu na sociedade há 500 anos. Exemplos atuais que estamos em um processo de revalorização das organizações?

  • A indústria da música não inovou e vivia/vive na sombra e é/está sendo desbancada por uma rede aberta de troca de músicas. Não há assim uma crise da música, mas da indústria da música e seu desvalor com a própria música, seus artistas e a sociedade, que está, de certa forma, se vingando;
  • A do software idem, vide o esforço que os players estão fazendo para se manter atualizados, diante do software livre, da produção coletiva, etc.;
  • Além da mídia tradicional e das editoras de livros, pois começam a sentir a influência de uma distribuição diferenciada. Estão agarradas ao meio (livro/jornal) e não no fim (circulação de ideias). Ou seja, vivem uma crise ética, pois querem impedir que a informação circule livremente, perdendo a noção do valor que podem gerar dentro desse novo ambiente.

Porém, não é apenas quem vive do mercado da informação que será e foi atingido pelo novo ambiente de troca cognitiva, pois muda-se (e se mudará gradualmente) não só a maneira de vender informação, mas também de como produzir e vender qualquer coisa.

Estamos alterando a forma de distribuir é certo, mas também a forma de produzir, adaptando-se a um mundo informacionalmente mais aberto e isso exige outra relação de valor.

A forma de se organizar, mais aberta e com a meritocracia com mais força, mexe na geração de valor em todas as organizações, o que é difícil de se perceber claramente no centro do olho do furacão.

A defesa do coletivo é o resgate de princípios para gerar o valor que a primavera informacional exige!

(Não é à toa que livros como os do Cortella, Qual é a tua obra? ou Presença de Senger e outros viram best-seller e ganham espaço dentro das organizações, pois introduzem de novo a questão do fim em lugar do meio pelo meio, na tentativa de se resgatar os princípios.)

Organizações do mundo todo estão discutindo uma nova forma de inovar na geração do valor, por meio de mudanças de canais ou de redes com seus colaboradores e os de fora, desde fornecedores e/ou consumidores, desintermediando e colocando para escanteio os que se beneficiavam da sombra. Inovação aberta, por exemplo, é um dos resultados da chegada dessa rede digital, um espaço e tanto para os meritocráticos.

É uma tentativa da geração do neo-valor, basicamente resgatando o diálogo com a sociedade para voltar a gerar relevância. Ou seja, pela auto-crítica do monólogo da era informacional decadente que estamos, finalmente, deixando-a para trás.

Precisamos voltar a conversar com o que não conversávamos mais, ou nunca conversamos de verdade!

Assim, novas iniciativas começam a entrar na brecha para a regeração de valor real. As pessoas começam a ter noção de quanto estavam consumindo não-valor. Conversam mais entre elas e podem acessar o que não podiam antes.

(Tal como o desconhecido compra e vende para desconhecidos, vide Mercado Livre e Estante Virtual.)

Mas note, antes que me venham com fotismos: Estamos apenas nos cinco minutos de um jogo de dois tempos.

(Fotismo é a prática intelectual de tirar foto em processos sociais em movimento e querer analisar a foto – momento – sem querer ver o processo – movimento.)

E entramos em um ciclo de renovação da geração de valor, baseado mais na meritocracia do que antes.

Todo esse movimento nos leva a um revitalização da geração de valor para enfrentar os novos desafios de uma sociedade, que tem de novo basicamente a presença de 7 bilhões de habitantes, que exigem mudanças mais rápidas, inovação e um novo modelo de sociedade mais compatível com esse nova demografia.

O Valor 2.0 veio gerar, assim, o mesmo valor de sempre, mas só que dentro de um novo ambiente informacional mais meritocrático e aberto, com menos sombra. Por isso, as organizações devem se realinhar ao novo ritmo da geração de valor, mais transparente, no qual o cliente terá muito mais razão.

A eficiência para inovar passa a ser a palavra de ordem e o espaço da mediocridade se reduz, mas nunca acaba, pois são taxas que variam conforme as circunstâncias, tendo com um dos fatores, o controle informacional (Como já disse acima, novos concorrentes, abertura de mercado, também têm esse efeito, mas não numa escala global).

Porém, a mudança é macro, geral e global, como ocorreu com a chegada do papel impresso e isso terá o mesmo impacto, diferente de fatores mais localizados e passageiros.

(Quem quer se diferenciar no mercado deve estudar aquele período de forma profunda.)

E essa é a briga surda do novo século. É o impasse, aliás, por dentro da discussão da implantação de redes sociais, gestão de conhecimento, da informação, etc. Muitas delas voltadas para o meio (seus especialistas e seus métodos) e não para o fim (o resgate do valor da organização), o que está verdadeiramente em crise. E para a qual os esforços têm de ser direcionados.

Ou seja, a semente da mudança radical das taxas nas organizações do não-valor atual para outras com mais valor já estão subindo de forma acelerada em alguns pontos da sociedade, porém ainda não tão evidentes para a maioria. Quando se fala disso, as pessoas usam o fotismo.

Ok, estamos apenas começando, sugiro Drucker: “Quem quer ver o futuro deve olhar para as árvores pequenas que estão nascendo e não as grandes, pois a floresta do futuro será formada pelas primeiras”.

A taxa de mais valor na sociedade está crescendo lentamente no novo ambiente informacional.

Quem viver, já vê. [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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2 respostas

  1. Bom dia Carlos. Vejo que o valor não está só na resolução dos problemas, mas também na habilidade e na capacidade de transformar os problemas em oportunidade.
    Excelente reflexão sobre o tema.

    Abs,

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