Uma questão cultural: intermediação e controle

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Redes são mais poderosas do que hierarquias engessadas –
Steve Johnson – da coleção;

Em Nova Iorque, para descer do ônibus basta apertar na porta, que ela abre. No Rio, você depende do motorista para controlar a abertura. Mais do que apenas uma metodologia de segurança do transporte público, as duas políticas denotam diferentes culturas de controle e intermediação.

Em NY, há uma “desintermediação” na abertura das portas dos coletivos. Isso exige também maior responsabilidade do passageiro e um tipo de ambiente democrático de maneira geral – refletido no ônibus.

Nas livrarias se dá o mesmo. O vendedor não “o leva pela mão” para a estante para lhe mostrar o livro. Tais fatos refletem todo o ambiente que caracteriza a sociedade americana e outras mais maduras na democracia.

No Rio e no Brasil, de maneira geral, há uma infantilização maior da população (e não só no ônibus). Outro dia tinha um cara que segurava um guarda-chuva e uma pasta. Queria que o caixa da pipoca levasse o refrigerante para ele para dentro do cinema.

Ascensoristas, porteiros, trocadores, impostos, modelo-do-estado-pai, centralização, cartéis, cartórios, bilheteiros, entre outros, fazem parte de uma sociedade controladora com um nível menor de “desintermediação” e maior de intermediação.

O nível de uma dada democracia, na verdade, está diretamente ligado a um cotidiano no qual se “confia/desconfia” do cidadão nesse dilema:

Controle/descontrole versus intermediação/desintermediação versus confiança/desconfiança.

O controle cultural se reflete também no informacional. Tal como limitações ao acesso ao conhecimento, aos documentos públicos, ao entretenimento (ao barrar crianças no cinema, mesmo com os pais).

Não confiar no documento do cidadão/cidadã e precisar “autenticar” tudo no cartório também caracteriza esse controle.

A revolução informacional em curso se caracteriza por uma rápida descentralização informacional e de procedimentos, simultânea, em todo o globo, com algumas diferenças regionais e sociais. De qualquer forma, se altera a maneira que uma dada intermediação mais controladora era feita.

Não é algo planejado, nem controlável por quem definia o controle anterior (empresas / governos).

A sociedade vive, assim, um intenso processo de “desintermediação” coletivo.

O que se busca?

Mais facilidade, velocidade e eficiência.

Há fenômenos que ocorrem em paralelo nesse processo:

  • A aceitação dos controladores sociais de passar a operar no novo ambiente;
  • O surgimento de novos players com outros modelos de controle, mais descentralizado;
  • O amadurecimento por parte da população, que se desinfantiliza coletivamente.

Em ambos os casos, tal mudança atinge com mais ou menos impacto as sociedades.

Quanto mais controladora era, mais as mudanças serão sentidas havendo, naturalmente, mais rejeição por parte dos beneficiados do ambiente controlado anterior.

O poder foi, é e sempre será baseado em um tipo de controle.

Rumamos, assim, para uma sociedade mais democrática com a Internet com um descontrole maior (porém controlado) e isso, por sua vez, leva-nos a uma sociedade mais amadurecida.

Precisamos de algo assim para resolver de forma mais ágil os problemas de sete bilhões de almas, que não param de crescer. É preciso torná-las mais independentes e isso é fator fundamental para a inovação e mudanças.

Entretanto, esse novo ambiente – mais democrático por necessidade prática – não nos garante nova humanidade.

E este, a meu ver, é o desafio político-espiritual do novo século: reduzir o sofrimento humano pela rede, com a rede e também sem a rede.

Mas estamos tão perdidos em tecnologias, ideologias, passadologias, egologias e apologias que algo assim me parece cada vez menos provável de acontecer.

Precisamos de movimentos, líderes, pessoas que apontem nessa direção, no contra-fluxo do que a moda nos leva hoje.

É isso, que dizes? [Webinsider]

…………………………

Conheça os serviços de conteúdo da Rock Content..

Acompanhe o Webinsider no Twitter.

Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

Uma resposta

  1. Prezado,
    Será justo pensarmos em uma sociedade de lideres e movimentos enquanto não jogarmos a responsabilidade a própria sociedade Brasileira? Digo sociedade povo, aquela que elege aquela que escolhe que usa seu livre arbítrio para decidir quem irá nos governar. Enquanto nós nação formos absolutamente dependentes e passivos com quem nos dirige e nos limita nunca poderemos tomar ações por conta própria. É isso que os governantes querem. Independerá de quem nos governará. Se socialista, militaristas, pois é uma questão de educação. Eles se aproveitam disso justamente por sabermos o quanto somos infantis. Começamos pela religião. Lá onde você cita os usuários responsáveis de ônibus religião(USA) não dá pitaco,quem dá pitaco é a segurança pública. E eles tem que acreditar na segurança federal pois senão estariam em maus lencóis. Dois a ciência: o povo acredita na Ciência pois crê que a ciência esta lá para gerar bem estar. Aqui grandes cientistas são tratados a titulo de débeis.Aqui não tem Ganha-Ganha. Lá tem..aqui eles pensão assim: o que eu ganho com isso? A não ser por força de lei. Bom ..se a interdependência responsável se tornar uma lei federal no Brasil ai sim podemos acreditar em uma mudança para melhor, mas isso tem vir quando os Brasileiros estiverem conscientemente educados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *