Eleições e mídias sociais: vamos repetir 2010?

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A comunicação mediada por computadores assumiu o usuário como receptor interativo e viabilizou um ambiente com grande potencial para o debate democrático.

Com o crescimento do Twitter e do Facebook, esse cenário parecia promissor durante o processo eleitoral de 2010. No entanto, mesmo com uma nova dinâmica na comunicação, muitos candidatos transformaram blogs e perfis em palanques virtuais. Diante da revolução que não aconteceu, ficou a pergunta: o que deu errado?

Com a iminência das eleições 2012, é hora de retomar essa questão. Infelizmente, o uso da internet como veículo de propaganda, sem o objetivo da mobilização, do debate e do compartilhamento, é um engano que provavelmente será repetido nos próximos pleitos, já que a participação de candidatos nesses canais se recolheu na entressafra eleitoral.

Na internet, uma campanha pode ter começo e meio, mas jamais ter fim. Afinal, quando se pertence a uma mídia social por definição, não existe afirmação sem relacionamento.

Muitos daqueles que sumiram certamente vão voltar em 2012, certos de que a força que elegeu Barack Obama nos Estados Unidos pode se repetir no Brasil por ser apenas uma questão de tempo, não de cultura.

Vale considerar que, mesmo nos meios offline, as campanhas eleitorais americanas não ficam concentradas apenas nos meses que antecedem a votação. Em primeiro lugar, são os eleitores que escolhem os candidatos, e não os partidos.

Obama utilizou a internet para conversar com a população por quase 20 meses até ser eleito, e continuou aproveitando a rede não só para fazer campanha, mas para governar. Ele permaneceu constante no relacionamento e hoje faz parte da elite de influência no Twitter, com mais de 11 milhões de seguidores de todo o mundo, incluindo os políticos brasileiros que não fizeram a lição de casa.

Ao avaliar o sucesso da estratégia na internet logo após a eleição, em 9 de dezembro de 2010 o jornal New York Times afirmou que os grupos de interesses especiais e os lobistas foram confrontados com um ambiente de transparência e, daquele momento em diante, teriam um presidente que nada lhes devia. “Barack Obama compreendeu que poderia usar a internet para baixar os custos de construção de uma marca política, criar um senso de conexão e de acoplamento, e dispensar o método de controle e comando do governo para permitir que as pessoas pudessem se auto-organizar para fazer o trabalho”, afirmou ao NYT o advogado Ranjit Mathoda, investidor e tecnólogo que mantém o famoso blog Mathoda.com.

A estratégia se contrapõe ao paradigma do expert: na era da convergência midiática, a inteligência coletiva é predominante.

Trazendo para a perspectiva política, o velho álibi do “candidato mais experiente e mais preparado” perde a força. Resta às lideranças políticas a participação efetiva para compreender que as grandes mudanças anunciadas são essencialmente socioculturais e não apenas tecnológicas. [Webinsider]

Silvia Ferreira é jornalista e mestranda em Comunicação Midiática pela Unesp e analista de comunicação da agência Maisque.Com, Bauru-SP.

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