O impasse entre a cultura de inovação e a cultura das empresas

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Ultimamente tenho ouvido uma queixa constante: “Na minha empresa, fala-se muito em inovação, mas ninguém inova nada”. A cúpula se queixa da gerência, a gerência se queixa de suas equipes, que por sua vez se queixam das gerências e da cúpula. Todo mundo quer, mas ninguém consegue.

Vamos entender mais uma coisa: empresas inovadoras são diferentes das empresas que inovam, ou seja, a grande maioria das empresas não tinha a inovação como vocação primária, simplesmente precisou inovar por uma questão de sobrevivência (ou, pelo menos, de sustentabilidade).

E inovar seria mais fácil se não demandasse uma mudança na forma de alocação de recursos, de tempo e da mente das pessoas. Aliás, pode-se dizer que muda até a “alma” das empresas, já que cultura é um pouco isso.

Mas como mudar a cultura se ela determina a personalidade, o jeito de ser de cada organização, e levando em consideração que comportamentos, crenças e valores não mudam do dia para a noite? É por isso que quando falo em cultura, prefiro falar em influência ou até contágio, mais do que mudança.

Venho advogando há um bom tempo que cada empresa deve criar o seu jeito de inovar. Afinal, este foi o percurso das empresas inovadoras.

Vejamos por exemplo o caminho trilhado pela 3M, que valoriza as iniciativas individuais. Um de seus motes mais famosos era “contrate bons funcionários e deixe-os em paz”, princípios de William L. McKnight, diretor em 1948 (veja mais sobre a cultura de inovação da 3M no Slideshare).

Agora um exemplo completamente diferente: a IDEO, outra referência em inovação, é uma empresa de design que, devido ao seu sucesso com inovações, disseminou a metodologia do Design Thinking: para eles, o que funciona é o trabalho em grupo. Veja o famoso vídeo sobre a IDEO.

As duas formas funcionaram, sobretudo, porque estavam alinhadas com a cultura das empresas, aliás, até com as culturas locais: Minnesota, a sede da 3M, cresceu como uma cidade agrícola, onde cada profissional estava sozinho cuidando de seu gado enquanto San Francisco, a sede da IDEO, é famosa por valorizar a diversidade, a militância e os movimentos grupais.

Só que a preferência pelo trabalho individual, ou em equipe, ou em redes, é apenas uma das variáveis. É preciso conhecer a forma como cada empresa administra riscos e erros, seu grau de centralização, como lida com ideias novas, diversidade, decisões, etc.

Enfim, é preciso conhecer a cultura, os aspectos de cada empresa que favorecem ou desfavorecem as inovações. É preciso conhecer também qual o foco das inovações a cada momento (inovar no quê?), e as variáveis de sua estrutura física e digital, para avaliar as iniciativas que contribuirão para a inovação de cada empresa.

Em resumo, quando se trata de cultura de inovação, há muito em que se inspirar, mas bem menos para copiar. [Webinsider]

…………………………

Leia também:
Para inovar é preciso antes criar a cultura certa
O mal estar das organizações: tensão e mudança

…………………………

Acompanhe o Webinsider no Twitter e no Facebook.

Assine nossa newsletter e não perca nenhum conteúdo.

Gisela Kassoy é especialista em Criatividade, Inovação, Adoção de Mudanças e Programas de Ideias e atua com consultoria, seminários, palestras e facilitação de grupos de ideias. Realizou trabalhos em quase todo o país e nos EUA, Europa e América Latina. Mantém o site Gisela Kassoy.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

2 respostas

  1. As empresas que querem ter a inovação como bandeira primeiramente tem que valorizar o seu capital intelectual e depois oferecer as ferramentas necessárias e liberdade para que esses possam desenvolver seus talentos.

  2. Ótimo texto; realmente como é dito a inovação demanda mudança na forma de alocação de recursos, de tempo e da mente das pessoas, já que não deve ser feita apenas por boa vontade dos colaboradores. É possível saber sobre esse e outros ativos intangíveis através de uma iniciativa chamada “Programa Intangíveis”, que conta com matérias, eventos e publicações sobre o tema.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *