2012 é o ano das mudanças de interface

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Com Luciene Santos.

“Pessoal, o blog está entrando numa fase de pré-mudanças. Enquanto isso, fica numa espécie de ‘modo de espera’. O ritmo de atualização diminuirá provisoriamente.Talvez durante esse período publique um ou outro texto por aqui. Mas, enfim, volto logo com novidades, os comentários sobre livros, as frases da semana e, claro, a análise diária e pontual sobre tecnologias e mídias emergentes. Até mais!” O autor do inusitado aviso é o jornalista Tiago Dória, especialista em cultura digital. A decisão de “abandonar em pleno ar” o próprio blog vai além de meras questões administrativas.

O que tempos atrás seria uma heresia falar agora é uma questão de vida ou morte. O recado deixado por Dória a seus leitores coloca em xeque velhos conceitos que ainda formatam a internet. Segundo o próprio jornalista, “2012 será marcado como um ano em que as interfaces (UI) de aplicações tradicionais da web, como o e-mail e os blogs, passarão por uma grande revisão”. Daí, a razão de dar um tempo e rever o formato do próprio blog. Neste momento, diversas startups estão empenhadas no trabalho de repensar a forma como os usuários publicam e interagem com o conteúdo na web.

Da interface do e-mail, passando por blogs, até sites renomados. A ordem é mudar tudo! O objetivo é simplificar ao máximo e aperfeiçoar a experiência online do usuário em plataformas de publicação de conteúdo. Com cara de aplicativo, as novas plataformas de publicação, como Feathers e Medium, sugerem uma experiência mais simplificada para leitores e criadores de conteúdo, sem necessidade de instalar temas, ajustar configurações, ou baixar aplicativos de acesso a celular. Basicamente, as novas interfaces seguem a trilha deixada pelo design e pela funcionalidade das redes sociais.

Diferencial da plataforma dos NewsGames

Além de propor a produção, circulação e consumo de informação e notícias num mesmo tabuleiro de jogo, a filosofia dos NewsGames surge com um diferencial a mais. Carrega no seu DNA o poder de mobilizar usuários em torno de assuntos comuns, com a finalidade de propor cossoluções para problemas reais através de suportes de games. Diferente dos blogs e sites tradicionais, a ideia por trás do motor desse conceito vai além da pura e simples publicação de textos, imagens, animação.

Qualquer publicação gerada a partir do jogo gera uma proposta de realização a ser ponderada pela sociedade. Na proposta do Medium, a navegação tem como base imagens e não textos, caminhando para uma internet mais visual. Já nos NewsGames, a ideia não é “matar o texto”, mas justamente tentar promover uma relação mais equânime entre texto e imagem no universo online. No modelo de plataforma do Medium, a participação do usuário é feita de duas formas: passiva (gostei ou não gostei) ou ativa (publicar textos).

No tabuleiro de games baseados em informação e notícia, a participação é total, não é algo fortuito, publicado a esmo. Na plataforma dos NewsGames, a publicação de texto é algo sine qua non, ou seja, algo inerente e segmentado pela própria interface. Desde a proposição do tema do jogo, desenvolvimento da narrativa, até o desfecho da trama, tudo é feito pelos próprios jogadores. Eles atuam como jogadores e coautores de todo o processo de produção. Afinal, o assunto a ser tratado é sempre de interesse dos próprios usuários.

Desta forma, a interface lembra o design simples e funcional das plataformas das redes sociais, sem a necessidade de uso de funções que inviabilizem a sua jogabilidade. Sabemos que não será tarefa fácil tirar do papel o projeto da Cidade dos NewsGames. Por outro lado, o mercado vive a emergência de novas e criativas interfaces de publicação. Os suportes de games já se revelaram uma excelente interface cognitiva para os jovens. Turbinadas pela adição e edição de notícias, essas plataformas tendem a reunir pessoas em torno do debate de temas comuns, ao invés de criar diásporas por conta da incompatibilidade de padrões impostos por tecnologias privadas.

Prós e contras do uso das redes sociais

‎Pensar as redes sociais como motor descritivo acoplado ao tabuleiro tem seus prós e contras. Segundo a filósofa brasileira Marilena Chauí, do ponto de vista da ação política, as redes sociais funcionam como ação democratizadora, ao “quebrar o monopólio da comunicação de massa, assegurando a produção e a circulação livres da informação, como também por promover acontecimentos políticos de afirmação do direito democrático à participação”.

Por outro lado, Chauí adverte que os usuários das redes sociais não possuem autonomia em sua ação sob dois aspectos: em primeiro lugar, não possuem o domínio tecnológico da ferramenta que empregam e, em segundo, não detêm qualquer poder sobre a ferramenta empregada. Pois este poder é centralizado desde o IP (Internet Protocol). Em todo o mundo existem apenas 12 servidores de internet: dez nos Estados Unidos e dois no Japão, onde estão alojados todos os endereços eletrônicos mundiais.

Desta maneira, se tais servidores decidirem se desligar desaparece toda a internet. Além disso, pondera Chauí, a gerência da internet é feita por uma empresa norte-americana em articulação com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, responsáveis pela geração do cadastro da web mundial. Assim, sob o aspecto criativo e anárquico das redes sociais em ação política, ocultam-se o controle e a vigilância sobre seus usuários em escala planetária.

Limites impostos pela despadronização da web

No mercado de internet, é cada vez maior o investimento das empresas em lock-in – ferramentas de controle para tentar ‘aprisionar’ os usuários dentro em suas gaiolas de serviços, dificultando a migração das pessoas para outras plataformas. Não bastasse isso, o brilhante artigo de Miguel Gouveia nos alerta para a despadronização da internet. Por interesse privado das grandes empresas de tecnologia, a web vem se transformando em uma espécie de Splinternet – uma rede sem qualquer padronização.

Na Splinternet, as ferramentas tidas como universais passam a funcionar aprisionadas a um contexto de hardware e software específicos. Na perspectiva dos dispositivos, o iPhone, por exemplo, páginas desenvolvidas para web, podem não funcionar, já que a Apple decidiu não usar o Flash. As aplicações para iPhone funcionam apenas no smartphone e nos dispositivos da Apple. Isso também vale para aparelhos Android e Windows Phone. Pode parecer bizarro, mas Steve Jobs continua a “comandar” mesmo de onde está.

Em nível de software, as redes sociais, como Facebook e Twitter, por exemplo, a internet perdeu a sua padronização devido às aplicações de logins, salienta Gouveia. Toda rede social é uma aplicação de login porque obriga o usuário a inserir nome e senha para acessá-la. Quem está dentro tem limitações de trocas cognitivas com quem está fora, e vice-versa. Uma vez dentro da “bolha”, o usuário está confinado a um contexto de utilização particular a uma aplicação privada.

Como resolver esses dilemas impostos por homens como Steve Jobs? Criar plataformas de publicação de conteúdo com aplicativos livres baseados em cloud computer. Mas quem vai pagar a conta de mantê-los nas nuvens? Se permitirem, os próprios usuários. Mas por que fariam isso, se leitores de jornais online ainda resistem ao PayPal e muitos jogadores se tornam hackers para jogar games online? No caso da Cultura dos NewsGames, a sua plataforma é, antes mais nada, um espaço formador de cidadãos conscientes. [Webinsider]

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Geraldo Seabra, (@newsgames) jornalista e professor, mestre em estudos midiáticos e tecnologia, e especialista em informação visual e em games como informação e notícia. É editor e produtor do Blog dos NewsGames.

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Uma resposta

  1. Gostei do texto, bem articulado. Nessa onda de grandes mudanças rápidas e excesso de informação, muitas vezes esquecemos de repensar quais as consequências e impactos disso tudo e aonde “estamos amarrando o nosso bode”.

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