Com quantos Harper Reeds se disputa uma eleição nos EUA

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A loucura por dados, números, informações e tudo que possa descrever a natureza de alguém ou alguma coisa está sempre na mente de Harper Reed, engenheiro norte-americano totalmente voltado aos aplicativos em tempo real, ao software social e ao código aberto.

Ele capta e conta os detalhes do dia a dia das suas interações e rotinas. Calcula médias, analisa dados e sempre se propõe melhorias para aproveitar melhor as tarefas e atividades de sua lista de tarefas.

O CTO do comitê Obama for America usa piercings, jeans e camiseta e calcula de um tudo. Do dia 9 de maio de 2010 até hoje ele andou uma média de 8.513 passos por dia. Chegou ao recorde de 26.141 passos no dia 13 de setembro de 2010. E a míseros 110 em 21 de abril deste ano, justificado pelo defeito no contador. Foi neste dia que, ao 33, 34 anos de idade, enviou apenas um tweet, 55 abaixo de sua média diária.

Ele saiu de Chicago para o Colorado, onde cresceu e passou 39,5% da sua vida desde 2002 e onde participou de primeiro concerto musical, em 1990. Leu 558 livros em três anos, cerca de 1.350 páginas por semana a um custo de 0,4 centavos de dólar por página. Em 11 de maio de 2011 ele dormiu 14,8 horas, emplacando um recorde pessoal.

As eleições americanas estão chegando e a mente de Reed tem papel fundamental nos detalhes da disputa. As informações que ele aperfeiçoa compulsivamente têm influência na busca pela atenção do eleitor e na conversão de votos para os democratas.

As estratégias digitais e o investimento em novos processos, bancos de dados e análise de vínculos levaram as campanhas para o campo das verdadeiras guerras tecnológicas, que usam conhecimentos de marketing, publicidade, psicologia, neurociência e qualquer outra ciência que ajude a conquistar novos eleitores.

Criando evangelistas

Conquistar eleitores vai além de conquistar votos. O objetivo é arregimentar um batalhão de evangelistas multiplicadores das mensagens e conceitos implantados pela campanha.

Para que essas estratégias funcionem, a direção da campanha de Barack Obama reuniu um batalhão de nerds e geeks que trabalham dia e noite na captura e análise das “toneladas” de dados e informações vindas de toda a parte, inclusive da web.

Harper Reed é um dos comandantes deste exército hight tech. Coordena uma equipe de 100 profissionais, entre engenheiros de software, desenvolvedores, especialistas em semântica e a velha guarda de hackers com a missão de montar uma verdadeira máquina para obter os detalhes das entranhas do eleitor americano. E como fisgá-lo na estratégia de campanha criando uma relação de fidelidade, amor e confiança com o presidente Obama.

Como diretor de tecnologia da campanha de Obama, a missão de Reed é montar uma infraestrutura de data mining capaz de mostrar os eleitores-alvo e a melhor forma de fidelizá-los com a figura do presidente e as propostas apresentadas na campanha. Fidelizar também implica em conseguir milhões de dólares em doações.

As informações obtidas pelo sistema ajudam o comitê a encontrar líderes comunitários, defensores ferrenhos e pessoas-chave na articulação política em cada cidade e local dos Estados Unidos.

A mente de Reed ajuda na criação deste ambiente e a comunidade de interessados nestes conhecimentos aguardam ansiosamente pelos detalhes, que neste momento estão trancados a sete chaves, numa tentativa de proteger o alto investimento feito e as prováveis cartas na manga para a reta final das eleições.

Quem é Reed?

Reed, hoje com 34 anos, começou seu trabalho como CTO da campanha em abril de 2011. O currículo dele chegou nas mãos da equipe do presidente e é cheio de experiências vividas em vários projetos digitais como a loja de camisetas Threadless, que inovou criando uma comunidade de designers que alimentam de forma inesgotável as famosas estampas vendidas pelo site.

O sistema criado por Reed para a Threadless gerencia a comunidade de interessados pela arte e mostra automaticamente as quantidades do estoque, o que provoca os clientes a realizarem mais compras por impulso.

Formado em Ciências da Computação e Filosofia pela Iowa’s Cornell College, Reed rackeou a Autoridade de Trânsito da cidade de Chicago e trouxe a público várias informações do sistema. Usou os dados do sistema para acompanhar os incidentes, seja a queda de uma linha de energia ou um animal morto nas rodovias, identificando tendências e pontuando os acidentes de acordo com a gravidade.

Fez alguns trabalhos voluntários para campanha de Obama em 2008 e depois das eleições atuou em projetos envolvendo computação em nuvem e trabalhos para startups americanas.

Foi Michael Slaby, veterano da campanha 2008 e nomeado diretor de integração e inovação para o atual pleito, que o convidou para participar de um projeto sem precedentes.

Todo o conhecimento já adquirido nos estudos e projetos de Reed, uma equipe brilhante de profissionais e muitos dólares para gastar seduziram o cientista no desafio de construir a plataforma de Obama para conhecer e se relacionar a fundo com o eleitor americano.

Campanha inovadora

Na primeira campanha presidencial deu-se início a uma nova era na coleta e análise de dados. A equipe de operação na época contava com o cofundador do Facebook, Chris Hughes e através de uma estratégia que utilizava redes sociais levantou uma grande ação de crowdfunding, arrecadando milhões de dólares via pequenos doadores e entusiastas pelas propostas do então candidato Barak Obama.

Reed iniciou a integração das bases de dados da campanha já em 2008 e agora como CTO coordena uma máquina que controla e influencia cada passo da estratégia, a partir da análise de dados que aplica inteligência e personalização nas ações promovida pela equipe de Obama.

Por exemplo, se a campanha identifica um eleitor católico no nordeste de Ohio, membro de organizações pró-vida contrárias ao aborto, automaticamente vai deixá-lo de fora no envio de e-mails sobre os direitos das mulheres ao aborto.

O tom das mensagens é personalizado e destaca o papel de Obama no resgate da má gestão promovida por Romney no passado.

Uma infinidade de dashboards personalizados para cada tipo de voluntário, gestores do site da campanha e líderes do comitê dão suporte detalhado e orientam em cada tomada de decisão. Reed achou um jeito de pular as barreiras legais contra a quebra de privacidade, já que o processo não é invasivo e sim permitido pelos usuários nas interações que fazem com redes sociais, sites e até junto aos comitês presenciais da campanha.

Basicamente, temos um novo mundo de gestão da informação que surgiu e está fora da regulamentação.

A busca por informação em big data avançou muito nos últimos anos e agora ganha um novo degrau pelo trabalho de Harper Reed para a campanha de Obama em 2012. É como na indústria bélica: gerando inovação, tecnologia e novas estratégias para os negócios, mesmo que custe antes a quebra dos direitos, privacidade e livre escolha das pessoas. [Webinsider]

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Alexandre Lopes (@xlopes) é jornalista e analista web. Trabalha em projetos de atendimento digital para o Sebrae e é mestre em gestão do conhecimento e da tecnologia de informação.

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Uma resposta

  1. Bela matéria Alexandre, aliás a Tendência tecnlógica pura que gera resultados invisíveis para quem olha e visíveis para quem está no processo!!!Parabéns meu irmão, já estou disseminando!!!

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