A matemática e a carência de mão-de-obra

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“O engenheiro faz com meio dólar o que uma pessoa sensata faz com um dólar”
Autor anônimo

Muito se fala no Brasil sobre educação e a necessidade urgente de melhorá-la – em especial para formar mão-de-obra qualificada.

Um excelente artigo foi publicado na Folha de São Paulo recentemente: O verdadeiro gargalo de engenheiros, Folha de São Paulo, 09 de setembro de 2012, por Fernando Paixão e Marcelo Knobel, professores doutores do Instituto de Física Gleb Wataghin, da Unicamp.

No artigo em questão, os professores põem o dedo pontiagudo e cortante na ferida: “a maior restrição está no número de jovens com habilidades mínimas em matemática”. E se baseiam em fatos (e não em achismos ou clichês), retratados em dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).

Bad news: estamos nas últimas colocações!

O fato

O PISA de 2009 envolveu em torno de 470 mil alunos, com idade de 15 anos, de 65 países. Em cada exame são avaliadas três áreas – leitura, matemática e ciências. As notas indicam seis níveis de competência – nível 1, mais baixo; nível 6, mais alto.

Alguns dos resultados: cerca de 88% dos alunos não chegam ao nível 3 – capacidade de interpretar gráficos.

Pior: 96 % não conseguem calcular quantos reais correspondem a tantos dólares se a taxa cambial mudar – além de não poderem estudar Economia, “poderiam ser enganados com facilidade em qualquer outro país”, artigo citado.

E, de cada 10 alunos, 4 não acertaram questão alguma!

O nível 4 (ou superior) reflete competência mínima em matemática: só 3,8% dos alunos brasileiros o conseguiram (outros países: Austrália 38,1%, Canadá 43,3% e Coréia do Sul 51,8%).

Possíveis causas – 1

Fiquei impressionado e pensativo sobre as causas desse desempenho ruim.

Eis que uma luz aparece no artigo A escola de hoje e os alunos que não aprendem, na Folha de SP de 23 de outubro de 2012, do Prof. Roberto Leal Lobo e Silva Filho, professor doutor titular aposentado do Instituo de Física da Unicamp.

Talvez uma única frase desse texto indique o caminho das pedras: É preciso rever modas como o valor universal do trabalho em grupo, a “postura crítica” em vez do conteúdo, a profusão de tudo que é “social” ou extracurricular.

Possíveis causas – 2

Outro ponto de vista, desta vez no Diário Catarinense de 04/11/2012: Por que 89% chegam ao final do ensino médio sem aprender matemática?, de Marcelo Gonzatto.

O diagnóstico: “Começo ruim compromete resultados, aversão cultural cria ambiente negativo, deficiência na formação dos professores e aulas pouco desafiadoras”.

Consolidando

Penso que as causas são um mix dessas aí mesmo. Reverter essa situação é tarefa hercúlea e de longo prazo.

Como bem dizem Paixão e Knobel, não adianta abrir mais vagas, pois nossos alunos têm sérias limitações: a maioria não tem as habilidades mínimas em matemática!

Outro resultado negativo (além do desempenho decepcionante no PISA): a grande evasão dos cursos de Engenharia – um desperdício de tempo e recursos ao quadrado.

Até a próxima!

Referências bibliográficas

GONZATTO, M. Por que 89% chegam ao final do ensino médio sem aprender matemática? Diário Catarinense, Florianópolis-SC, 4 de novembro de 2012.
PAIXÃO, F.; KNOBEL, M. O verdadeiro gargalo de engenheiros. Folha de São Paulo, Tendências/Debates, 09 de setembro de 2012.
SILVA FILHO, R. L. L. A escola de hoje e os alunos que não aprendem. Folha de São Paulo, Paulo, Tendências/Debates, 23 de outubro de 2012.

[Webinsider]

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Pedro Paulo Bramont (pp@mktpeople.net) é doutor em avaliação de projetos pela UFSC (1996) e tem um livro publicado pela Editora FURB sobre o mesmo tema. Atualmente gerencia projetos especiais. Nascido no Rio, reside em Floripa há bastante tempo e traz as duas cidades no coração. Mantém o site MKT People.

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