A morte do Google Reader já tem hora marcada

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O Google resolveu encerrar  o Google Reader, seu serviço de RSS. Será que foi uma estratégia acertada?

 

Enquanto ainda ecoam as exclamações de “Habemus Papam”, no mundo da tecnologia o que mais se comenta desde a última quarta-feira é a morte do serviço de RSS da Google: sim, o Reader, que sai do ar em 1º de julho.

Embora já haja rumores de que o Reader pode ressurgir como um serviço integrado ao Google+, e, por outro lado, em meio às previsões de que este pode ser o prenúncio do fim dos serviços de RSS, não é nem de uma coisa nem de outra que este artigo pretende falar.

Muitos autores atribuem o fim do serviço à popularização das redes sociais como formas de acompanhar fontes de notícias e conteúdo. Como Eric Goldman – que vê no fim do Google Reader a ameaça do fim dos serviços de RSS em geral e da consolidação de uma web que o conduz a encontrar apenas opiniões favoráveis à sua própria – acredito que, no tocante à obtenção de informação, as redes sociais só servem de complemento, pois apresentam o conteúdo de forma muito aleatória.

Posts do Facebook e retweets não são uma forma organizada de filtrar informações –  você pode obter conteúdo interessante através das páginas que assina, saber o que está sendo mais comentado e o que seus amigos e contatos profissionais estão promovendo; mas redes sociais não são fonte de leitura séria, especialmente para quem ler é uma tarefa que faz parte da profissão, como os jornalistas. Além disso, sejamos justos: quem tem tempo para acompanhar 100% dos posts e tweets da sua linha do tempo? Na maioria das vezes – pelo menos nós, que trabalhamos em tempo integral – reservamos uma parte limitada do nosso tempo à leitura, ainda que seja de fontes para o nosso trabalho.

A questão é: por mais que eu concorde que a Google precise se concentrar em uma linha mais enxuta de produtos, e não ficar atirando para todos os lados como tem feito, nenhuma companhia pode se dar ao luxo de matar um serviço tão importante para alguns de seus usuários mais fiéis.

É claro que é necessário acompanhar as tendências, mas o que uma empresa sólida e admirável como a Google não pode fazer é cair na “mania das sensações” – em que, incentivados pelo sucesso de muitos web/mobile apps, empreendedores buscam o “próximo hit”, em vez de se preocupar em oferecer ferramentas úteis.

Espero que não seja essa a estratégia da Google, pois, se for, a companhia está chegando tarde: várias startups que seguiram esse modelo tiveram um sucesso inicial para apenas afundarem entre as muitas e variadas apostas, todas interessantes; nenhuma verdadeiramente útil. Os usuários do Reader consideram-no tão importante que muitas petições surgiram na web para tentar convencer a companhia a mantê-lo – com destaque para a do site Change.org, que já conseguiu 46.000 assinaturas.

Além de não ver no horizonte a promessa de uma web de usuários mais concentrados em utilidade, e menos em sensações, a Google pode estar cometendo um pecado mortal para qualquer companhia: o desrespeito aos usuários, pois é isso que significa tirar do ar um serviço tão amplamente usado sem a mínima consideração pela opinião da comunidade.

Considerando o respeito por tudo que a Google já fez no passado, pela sua contribuição para uma internet de maior qualidade e para a democratização da informação, espero a reconsideração do que parece uma estratégia leviana e que pode causar um estrago irreparável à sua imagem. [Webinsider]

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Catharina Pinheiro (@catharinapin) é tradutora, revisora e redatora. Informações completas aqui: catharinapin.tumblr.com/.

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6 respostas

  1. Olá Robson!
    É bom ter diversos pontos de vista, é para isso que publicamos artigos – gerar discussões. Você tem razão quanto a não podermos parar de criar por causa de qualquer preferência em relação a ferramentas, mas não acho que o Reader fosse ultrapassado – ele simplesmente servia muito bem a uma utilidade. Se houvesse uma alternativa melhor, não seria mais do que lógico eliminar a ferramenta. Quanto à inovação, ei, estou com você, também desenvolvo; mas o que eu vejo é cada vez menos preocupação com utilidade e mais excitação em relação a inovações que a princípio pouco acrescentam ao nosso dia-a-dia. Não sou eu quem digo isso, são os números.
    Obrigada pela sua opinião!

  2. Se o mundo da tecnologia fosse levar isso em conta, viveríamos em um mundo de depressivos maniacos por ferramentas nada palpáveis e ultrapassadas, OPAAAAAA!! vivemos nesse mundo!!

    Nos dias de hoje acredito que se possa existir um sentimentalismo exacerbado por praticamente tudo, mas não acredito que o caminho escolhido a ser percorrido é esse, ainda mais pelo Google ou qualquer desenvolvedora de novas tecnologias;

    Percorrendo essa mesma linha “exagerada”, existe uma lenda urbana sobre a produção de novas tecnologias, que reza: “…se parássemos hoje a produção de novas tecnologias teríamos novidades para os próximos 20 anos.”

    Google nasceu da inovação e vive disso, é mais que uma aptdão, e a aptidão de quem lança inúmeros serviços em tão curto espaço de tempo foge da compreensão de usuários que acreditam em lendas urbanas!

    Mas tenho que concordar com as colocações das redes sociais, isso sim é um grandioso problema;

  3. Obrigada, Dea! O lance dos serviços bons é isso mesmo – as pessoas os adaptam às suas próprias necessidades, de forma que depois fica difícil encontrar substitutos.

  4. Texto excelente e esclarecedor. Estou entre esse público que vai perder muito com o fim do Reader, pois uso o serviço até como forma de backup para os meus blogs. A atitude de retirar um serviço do ar só porque ele não é lucrativo não me parece à altura de uma empresa com tantos sucessos como a Google. Parabéns pelo texto!

  5. Pois é, Felipe, o Reader também fazia parte da minha rotina de trabalho, estudo, produção de textos etc. Ainda estou procurando um bom serviço de RSS, e não fiz a pesquisa a fundo, mas aqui você encontra algumas alternativas: http://gizmodo.com/5990540/8-google-reader-alternatives-that-will-ease-your-rss-pain. Um serviço que também se tornou vital pra mim é o Pocket. Ele não é um serviço de RSS, mas permite que você guarde textos para ler depois. Como nem sempre a gente tem tempo de ler tudo que encontra enquanto navega, ele guarda isso em uma fila. Abraço.

  6. É uma pena a queda de utilizadores do serviço, para mim era extremamente útil.
    Agora bora encontrar outro serviço que faça algo semelhante 🙁

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