Relacionamentos 3.0: vamos deixar os aplicativos fora disso?

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas. Fernando Pessoa.

Lembra-se de quando você era mais jovem? Conquistar alguém nunca foi algo simples, não é mesmo? Se a paixão era alguém da escola, era a hora de lançar mão dos amigos em comum para saber se sua presença era notada ou se era irremediavelmente desprezada.

Nas saídas noturnas, o jogo de olhares era o palco e ficava sempre aquela dúvida a ser decifrada. “Foi uma piscada ou eu que entendi errado?” “Está me olhando ou será para alguém que está atrás de mim?” “Sorriu? Devo ir lá falar ou melhor me fazer de difícil?”

Outras tantas vezes, a paquera era conhecida de um conhecido de uma conhecida sua. Os planos mirabolantes tinham de ser arquitetados com prazo. Que tal armar um churrasco para todo mundo se encontrar? Acho que a festinha do fim de semana será a melhor chance.

Seja qual for o caso que esse texto resgatará na sua memória, invariavelmente você viveu aquela incerteza sobre se a outra pessoa estava ou não interessada em você. Experimentou aquele frio na barriga antes de confirmar que o sentimento era recíproco. E também curtiu aquela fossa quando descobriu que a paixão não tinha resposta.

Era tempo de “levar um fora”, “tomar um toco”, “cair na real”. E “dar a volta por cima”, “sair da lama”, “partir pra outra”. Diferente de hoje em que os aplicativos parecem ser um tendência reinante em nossa vida amorosa-sexual.

Dos populares Tinder e Grindr (para conseguir encontros hétero ou homossexuais) até os mais inusitados como o 3nder (que reúne pessoas interessadas no sexo a três), afora tantos outros, dá-me uma certa impressão de que os apps estão ali retirando um tanto da magia da velha arte de conquistar o outro.

Você define como quer a outra pessoa, surgem as opções, você passa o dedo pela tela, escolhe e começa a digitar. Alguns dizem quem está perto e agrupam perfis que estejam próximos. Radicalizando o futuro, você talvez nem precise mais falar mais pra iniciar um relacionamento. Frases apimentadas ao ouvido? Esquece. Quem sabe o Facebook não cria um botãozinho “sussurrar”, não?

Para muitos, é só uma nova maneira de sedução. Para mim, perde-se um bocado do encantamento. Não sei o quanto isso influenciará nas gerações futuras. E talvez eu seja só um saudosista a lamentar-se pelo que ficou para trás. Como meu avô a reclamar das faltas que faziam as cartas de amor quando eu enviava e-mails. Ainda que seja isso, considero pertinente a discussão sobre a invasão dos aplicativos em nossas vidas.

É inegável que eles chegaram e, tudo indica, para ficar. Mas tudo com seus devidos limites. Tente deixar o seu smartphone de lado e exercite sua interpretação daquele olhar que diz-o-que-não-se-quer-dizer. Arrisque-se a descobrir o que significa aquele sorriso diferente. E, depois, abuse dos apps para descobrir qual o melhor lugar para levar aquela pessoa romântica para, quem sabe, resgatar a inoxidável (e maravilhosa) pergunta: “Quer namorar comigo?”. [Webinsider]

…………………………

Leia também:

Raphael Santos é publicitário, especialista em endomarketing, palestrante e sócio da Ilumminatti Comunicação e Design.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *