Duas governanças se chocam: a oral escrita e a digital

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Notemos que a comunicação organizações-sociedade, antes da massificação da internet, era toda baseada na oralidade ou através da escrita. Tomávamos decisões, aprendíamos, trocávamos, produzíamos ideias, nos relacionávamos, baseados nesse ambiente cognitivo fortemente marcado pela voz (presencialmente ou a distância) e pela palavra escrita.

Isso tinha/tem uma grande limitação no relacionamento organizações-sociedade, pois, por mais que as organizações quisessem dialogar estavam limitadas tecnologicamente na sua capacidade de abrir espaço, ouvir e atender as demandas. O processamento das demandas, via voz e texto era/é muito oneroso e lento, ainda mais com o salto da complexidade demográfica dos últimos 200 anos, que levou a uma crise cada vez mais grave este relacionamento.

Essa é o principal motivo da crise da governança oral escrita atual.

A taxa de diálogo organizações-sociedade, com o o aumento da complexidade demográfica dos últimos 200 anos, foi ficando mais baixa, impedindo que houvesse uma melhoria na qualidade das tomadas de decisão.

Com a massificação da internet e o aumento vertiginoso de novos canais horizontais de circulação de ideias, a sociedade se empoderou de espaços de expressão e relacionamento e passou a produzir mais e mais ideias orais e escritas, que precisam ser processadas pelas organizações.

Ou seja, tivemos o aumento da voz por um lado, mas a incapacidade de ouvido, por outro!

Um novo Cavalo de Troia

As organizações não conseguem mais estabelecer um canal equilibrado com a sociedade e isso gera a oportunidade para novas organizações que usam os novos tecnocódigos algorítmicos. Essa crise leva a necessidade de uma mudança na maneira de exercer a governança, que se inicia com a procura de um novo relacionamento com a sociedade, mas que, no longo prazo, como um cavalo de troia, vai obrigar a uma mudança na relação com os colaboradores e, por fim, de alteração no modelo da propriedade do próprio negócio.

Algo como o germe de um capitalismo menos centralizado e mais social.

Note, assim, que havia de muito uma latência acumulada por mudanças e um falso silêncio, pois as ideias circulavam pouco, criando uma ilusão de satisfação do relacionamento organizações-sociedade. O aumento vertiginoso da taxa de circulação de ideias elevou em muito a necessidade de dados a serem processados pelas organizações, impactando fortemente nos frágeis canais de comunicação existentes.

As organizações que tinham uma prática de monologar, precisam agora criar canais para dialogar, mas isso é impraticável de ser feito com a mesma governança atual!

Aumento de demandas

O problema é que a atual governança oral escrita não tem capacidade de atender esse radical aumento das demandas sociais, pois por mais que queira melhorar seus canais de comunicação e relacionamento, o modelo para ouvir e atender é obsoleto para esse novo volume.

A relação de potência-impotência de circulação das ideias define o relacionamento organização-sociedade, o que interfere na governança. Isso pode acontecer por mudanças sociais, políticas e econômicas ou tecnológicas, sendo este o caso agora.

Colaboração de massa

A solução que vem sendo encontrada pelas novos modelos de organizações nativas, criadas pós-internet, é o de abandono exclusivo da governança oral-escrita, que tem limitações de atendimento via voz e textos (call centers) para a criação de uma nova governança digital, que incorpora, claro, a voz e o texto, mas cria ambientes com uso intenso de algoritmos, que automatizam o relacionamento e a necessária tomada de decisões mais ágil, a partir do diálogo.

Ou seja, estamos falando que criamos com a internet um novo patamar de colaboração de massa e que a única forma de sermos eficazes para lidar com esse novo ambiente de relacionamento organização-sociedade é o de sair da atual governança oral escrita e migrar para a governança digital, automatizando a relação organização-sociedade, via algoritmos.

Assume-se, assim, o poder que a sociedade passa a ter, dando a ela um ambiente para que possa decidir cada vez mais, gerando valor e permitindo que a organização prospere, não indo contra a macro tendência!

Nessa nova governança digital os tecnocódigos algorítmicos passam a atuar, para em diferentes formas receber as demandas, tratá-las, destacar o que é e o que não é relevante e apontar caminhos distintos para a tomada de decisão.

A crise atual pede essa passagem, mas que implica em que os atuais modelos organizacionais que foram todos estruturados para a governança anterior têm que mudar para o novo. Ou seja, se alinhar ao digital não é um processo operacional, mais macroestratégico.

Algo que deve fazer parte do coração de cada organização: a tomada de decisões, que é a artéria principal do exercício de poder.

É isso, que dizes? [Webinsider]

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