A importância do ídolo fenômeno para a identidade brasileira

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neymar_FotorA Copa do Mundo, como qualquer outro evento, vem e vai embora, deixando lembranças, frustrações e registros estatísticos para os especialistas e curiosos. Independente do resultado final, Brasil vencedor ou não, o dia seguinte à final é a única certeza que todos nós temos: trabalho duro para pagar as contas.

Aqueles poucos privilegiados que podem passear pela belíssima Veneza ou desfrutar de outros destinos internacionais representam uma pequena minoria.

Algo que realmente não compreendo foi a insistência da mídia em tornar o Mundial no Brasil mais atrativo mediante a bajulação do jogador Neymar, sem dúvida um bom jogador. Por qual razão os jornalistas insistiam em utilizar adjetivos como craque, fenômeno, talento ou gênio em quaisquer jogadas do atleta mencionado? Se um outro integrante da seleção brasileira fizesse algo similar – idêntico, em certos casos -, o lance seria meramente normal.

A imprensa, literalmente, construiu o ídolo, sugou os frutos da sua fama e afrontou a inteligência dos brasileiros.

Convenhamos: o futebol está suficientemente enraizado na cultura popular brasileira para que a Copa do Mundo seja um sucesso para todos. Os jogadores tiveram, de acordo com suas performances individuais, seus passes valorizados; a poderosa organizadora encheu os bolsos com patrocínios e outros tipos de contratos; a mídia mundial expôs seus anunciantes com a atenção de bilhões de pessoas aos jogos; por fim, os brasileiros tiveram seus momentos de patriotismo ao celebrarem enfaticamente os resultados da seleção nacional. Se tudo estava garantido, por qual razão bajular?

A imprensa nacional carrega o complexo de terceiro-mundismo, que muitos brasileiros também possuem. Por mais que sejamos vitoriosos em outras modalidades – como o vôlei -, o futebol é a única ferramenta de afirmação nacional devido à sua ampla penetração social.

Vencer no futebol – especialmente sediando o Mundial -, era necessário para o eterno gigante adormecido que ainda persegue uma identidade. A bajulação midiática reflete, mediante os exageros “fenomenal-brilhante-genial” Neymar, a autoafirmação do povo brasileiro.

E como não somos capazes de sermos grandes como povo, precisamos de ídolos espetaculares, geniais e galácticos para que alcancemos a nossa afirmação perante nós mesmos e o Mundo ao empurrarmos uma bola para dentro de um gol.

Se os “poderes sobrenaturais” de Neymar não foram capazes de fazer a seleção brasileira vencer, um pouco desse sonho de ser “gente grande” foi roubado dos brasileiros. Continuaremos apequenados e sem o nosso principal “brinquedo”: a bola de ouro. [Webinsider]

http://br74.teste.website/~webins22/2017/04/21/a-educacao-como-agente-de-mudanca-de-voto/

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Artur Salles Lisboa de Oliveira é especialista em Escrita Criativa pela Universidade da California Berkeley. Twitter @artur_slo.

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