SmartCitizen – A cidade dos cidadãos participativos

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Com Geraldo Seabra.

Na cidadezinha italiana de Polverara, situada na província do Veneto (Itália), a temperatura marcava de 20,7 graus Celsius, a presença de monóxido de carbono (CO) era de 310,7 e o ruído na casa dos 55 decibéis (db). Ao mesmo tempo, na cidade inglesa de Hackett, situada nos arredores de Manchester, os termômetros registravam 23ºC. A poluição atmosférica era de 188,9 CO e os índices de ruído beiravam a casa dos 62,95 db.

Os dados, fornecidos por cidadãos/sensores ambientais, podiam ser vistos numa mesma tabela compilada pela plataforma SmartCitizen. É um projeto coletivo de levantamento de dados sobre o meio ambiente, através da participação ativa dos cidadãos e do uso de tecnologias de código aberto. Os dados disponíveis em tempo real podem ser monitorados com um simples movimento do mouse.

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SmartCitizen = NewsGames

Nada muito diferente dos NewsGames como plataforma comunitária de profusão de ações para a solução de questões sociais, a partir da iniciativa de cidadãos participativos. Enquanto a SmartCitizen é uma base de coleta e compartilhamento de dados, os games como emuladores de informação e notícias são tabuleiros de jogos sociais onde dados inteligentes compartilhados tornam-se ferramentas de ação social.

Desenvolvido a partir de 2011 pela FabLab, o projeto é baseado em tecnologias de geolocalização, internet, hardware e software livres para a captação e partilha de dados. A plataforma se desenvolve dentro de um ecossistema composto pelo Smart Citizen Kit (SCK). O kit contém uma pequena caixa de coleta de dados RESTful api, que lhe permite obter a informação a partir de dispositivos físicos e analisá-los.

Conectando dados, pessoas e conhecimento

A SmartCitizen é um aplicativo móvel desenvolvido para a comunidade web, para conexão de dados, pessoas e conhecimento. Além de dados meteorológicos, a plataforma permite detectar a presença de poluentes na atmosfera. Com ajuda de painéis solares, o aplicativo permite detectar o monóxido de carbono (CO), óxido de azoto (NO2), a temperatura, a umidade relativa do ar, o brilho e ruído.

O objetivo é de servir como um nó para a construção de indicadores de ferramentas abertas, para garantir que o processo de construção das cidades seja mais inteligente e compartilhado. Em grande medida, a ideia passa pelo papel central do cidadão inteligente, que dá o nome ao projeto. Fundada por Tomas Diez dentro do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha, a SmartCitizen foi desenvolvida inicialmente em Barcelona, ​​onde nasceu a primeira comunidade semeadora de dados.

Monitoramento a partir de dados oficiais

Depois surgiram comunidades em Amsterdam e, mais recentemente, em Manchester, desenvolvida por Drew Hemment, CEO e fundador da Future Everything, em parceria com a Intel. A aplicação faz monitoramentos com base em dados oficiais e institucionais. Tudo isso garante uma maior transparência ao projeto. Como ainda está em fase de evolução, o conjunto de dados ainda é limitado, mas promete surpreender os céticos.

A própria comunidade dá suporte técnico aos usuários de como usar o kit de dados inteligentes, por meio de oficinas e instantes compartilhados de formação online. Além disso, a comunidade ajuda na evolução do projeto, sempre a partir de um fundo de investimento oferecido pela Kickstater, propondo melhorias e desenvolvimento de ferramentas mais avançadas e app’s dedicadas.

Sensores ambientais

Como em jogos baseados em notícias, a SmartCitizen é uma plataforma que pode mudar para sempre a relação entre as pessoas e as suas cidades, em qualquer parte do planeta. Na Itália, o fenômeno começa a bombar graças à participação de pessoas que optaram por se tornar sensores ambientais na rede, com o firme propósito de compartilhar os dados coletados com toda a comunidade.

Mas tudo ainda é feito de forma muito fragmentada: é uma meia dúzia de usuários, distribuída entre a Liguria, Lombardia e Veneto. Em Milão, um dos primeiros kit’s Cidadão Inteligente foi montado pela FabLab WeMake, cujo projeto é gerenciado por Costantino Bongiorno, co-fundador da Makerspace.

Disseminando a cultura coletiva

O aplicativo WeMake, baseado no Arduino, é a primeira fonte de hardware aberto criada em Ivrea, pelo desenvolvedor Massimo Banzi. Com isso espera-se que nasça um verdadeiro senso de comunidade dentro da velha península da Bota. Espera-se que os italianos passem a disseminar a cultura coletiva e busquem saber, por exemplo, os níveis de poluição nos arredores do bairro onde moram.

Antes é preciso encomendar um kit SCK, que transforma um cidadão comum em um ambientalista de fato. No Brasil, a iniciativa de comunidades locais já monitora seis cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, João Pessoa, Belém e Joaçaba. Mas ainda é muito pouco para um país de dimensões continentais como o nosso.

Quando terminava de escrever este artigo, lá na cidadezinha de Joaçaba (SC), a temperatura girava em torno dos 18 °C, o monóxido de carbono estava na casa dos 451 CO e o barulho na vizinhança chegava aos 59,7 decibéis. Como estou longe de BH ainda sinto muita falta das notícias sociais da capital mineira… Pois sei que é chegada a hora de mudar o conceito de comunidade para conhecer, quem sabe, outros belos horizontes. [Webinsider]

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Luciene Santos, jornalista e especialista em games como informação e notícia. É co-autora do e-book “Do Odyssey 100 aos NewsGames – uma Genealogia dos Games como Informação”. Nascida em BH, está radicada atualmente em Treviso (Itália), onde atua como apresentadora da WebTV do Blog dos NewsGames.

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Uma resposta

  1. Excelente artigo Luciene. Existem várias outras propostas interessantes na mesma área em diversos países. Ainda temos um longo caminho a percorrer no Brasil, embora o Rio de Janeiro já tenha algumas iniciativas relacionadas.

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