A verdade que as redes sociais evitam que você veja

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Existe uma web que o Google e o Facebook não querem que você veja. E é a web do controverso, que bate de frente com o seu egocentrismo. Que tira você da zona de conforto. E te apresenta coisas novas.

Ao te proteger do que te desagrada e do que espanta, ao querer te agradar o tempo todo – como a mãe que estraga o filho por mimá-lo – o Google e o Facebook estão matando a aventura.

Mas não fui eu quem percebeu isso. Essa conversa rolou por aí boa parte de 2011 e esquentou pra valer com este TED:

Na verdade não se trata apenas de Google e Facebook, duas empresas citadas aqui como exemplos bem acabados.

O ponto aqui é que nos afastamos de uma dieta equilibrada de informação. O que vemos agora é pura junkfood. Seu cérebro se alimentando diária e exclusivamente de sobremesa açucarada colorida artificialmente.

Viver numa bolha na qual todos pensam igual e se elogiam mutuamente (Nossa, você pensa como eu, você é um gênio!), torna a vida virtual perigosamente próxima do previsto em “Admirável Mundo Novo”, de Huxley. Ou da vida dos humanos na nave da animação Wall-E.

Enquanto isso, no mundo real ainda há o controverso. A cultura ocidental em choque com os extremistas muçulmanos. Os interesses meramente comerciais nas relações entre países batendo de frente com os insatisfeitos com a enorme desigualdade no acesso a bens, cultura e justiça. E por aí vai.

E pessoas como eu, trabalhando na internet há mais de 15 anos, nunca viram o sonho da sociedade da informação empoderar os indivíduos se tornar realidade.

Quem manda é o mecanismo de busca

Minha área de atuação exige que eu entenda e tome medidas levando fortemente em conta o que aparece nos mecanismos de busca. Então faço meu trabalho para que os sites que ajudo a criar ou desenvolver estejam na primeira página do Google quando se busca certas palavras-chave. Isso seria fácil se não fosse o mesmo objetivo de todos os milhares de marqueteiros, designers, programadores e especialistas em SEO e SEM que trabalham com mídia interativa na face da Terra.

Estamos todos querendo, dentro das regras criadas pelo próprio Google, moldar, modificar e interferir nas respostas das buscas para beneficiar nossos sites. Agora e graças a isto, não importa o que você busca ou se está se sentindo com sorte (ou não), você sempre verá com destaque nas respostas sites de conteúdos comerciais cujos desenvolvedores estudaram as regras e as usaram a seu favor.

O que nós fizemos?

Você viu o resultado de bolhas se chocando na última eleição presidencial. Cada grupo vendo por anos exclusivamente o conteúdo afinado com sua ideologia, se achava majoritário. Quando a propaganda política paga furou as bolhas, os mimados azuis e os mimados vermelhos olharam um para o outro – e como não sabiam mais dialogar, passaram a atacar um ao outro como seres absurdos, ilógicos.

Culpa nossa

Todos os profissionais desta área temos parte na culpa. Eu tenho. Ainda que uma parte pequena, já que não tenho poder de mudar as regras. A maior parte da – tá bom, culpa é forte, chamemos de – responsabilidade é do Google, do Facebook, do Yahoo! Eles sabem disto tão bem quanto eu e não se importam. Ou não querem mudar, ao menos por enquanto, porque essa brincadeira tá dando muita grana. Ou ainda, não sabem como mudar isso sem correr o risco de seus serviços se tornarem irrelevantes e perderem seu espaço para um concorrente.

No vídeo acima, Eli Pariser propõe incluir uma pitada de ética nos algoritmos que filtram o conteúdo mostrado a cada usuário. Uma pitada de outro ponto de vista, um pouquinho de descobertas e outro tanto de conteúdo que nos deixe desconfortáveis. Desconfio ser muito difícil implementar uma mudança que vá diminuir o retorno sobre o investimento (ROI) da miríade de sites, plataformas, anunciantes e criadores de conteúdo que ganham dinheiro com toda essa corrida pela “otimização” de resultados individualizada.

O que fazer?

Se você acompanhou até aqui aguardando um desfecho impressionante com uma solução simples e precisa, sinto muito. Não sei qual resposta dar a esse dilema do ponto de vista “macro”. Mas do “micro” é fácil e funciona para mim: fique menos tempo no Facebook! Use outros mecanismos de busca! Use um organizador de conteúdo como o Feedly e faça sua própria dieta balanceada de informações. Saia voluntariamente de sua zona de conforto e faça o exercício democrático de dar ouvidos a quem discorda de você. Concorda? [Webinsider]

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Antônio Santos Alves (@mestreasa) é gerente de produto e game designer na Gazeus Games. Possui o blog GameJazz.

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2 respostas

  1. É realmente assustador ver como vivemos cada vez mais guiados por algoritmos! Nossos gostos, atividades sociais e politicas podem no futuro próximo deixar de ser espontâneas e seguir os desejos de alguém que programou a ferramenta do modo mais adequado para ela.

    Já havia percebido a diferença nas buscas conforme uso diferentes computadores. Por isso estou usando mais o Duck Duck Go para tentar escapar disso.

  2. ééé estamos nas mãos dos enginers e sempre estivemos ops, infelizmente antes do enginner tem o empresário coms suas métricas vendo o que realmente “funciona” para se manter e daí se vem o algoritmo.
    não estamos mimados, segundo as métricas o algoritmo está dizendo que é pra lá que a maioria está indo.

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