Big Data para as empresas, Big Brother para o consumidor

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big_dataOutro dia ouvi no rádio a opinião de um comentarista: segundo ele, quem está na internet publicando seus dados, não importa como, onde e para quê, não pode querer tanta privacidade, já que a internet é pública.

Em tempos de discussão em toda parte sobre o controle ao acesso de informações, me pareceu muito estranho escutar isso, pois é uma situação que coloca em risco o poder de escolha consciente das pessoas sobre por quem e quando seus dados são acessados.

E acredito que este seja o ponto principal de toda a discussão sobre privacidade de informações – a consciência sobre as consequências para as pessoas que fornecem informações e também para quem usa estas informações nas empresas.

Mas onde isso se liga ao Big Data? Termo da moda no marketing atual, conceitualmente o Big Data não traz nada de novo, a não ser que hoje temos muitos mais dados disponíveis, principalmente os dados comportamentais na web, e tecnologia disponível para processar de maneira muito mais rápida e inteligente tantos dados.

Sim, temos muitos mais dados para analisar (e não apenas na web), mas será que devemos realmente usar todos eles? Ou, pelo menos, será que devemos utilizá-los como muitas empresas estão querendo?

Uso comercial e político

E vamos focar esta discussão apenas no uso comercial para alavancar vendas ou “estratégias” de marketing, já que sabemos que governos podem também se aproveitar disso para outras finalidades (algumas boas e outras duvidosas).

Você deve ter, provavelmente, centenas de cookies instalados em seu computador, tablet ou smartphone. Um usuário com um nível razoável de esclarecimento sobre o mundo web sabe em profundidade o que significa isso, mas a grande massa das pessoas, não.

E acredito que é nesta falta de consciência que está baseado todo este discurso de Big Data, ou o que na visão de consumidor chamo de Big Brother de dados.

A pergunta é simples. Se você disser para uma pessoa que vai rastrear tudo o que ela faz na web, para depois usar analisar estas informações e fazer mais ofertas de vendas para ela (ou vender estas informações para outras empresas), qual seria a resposta?

E qual seria a sua resposta se a pergunta fosse feita a você?

Talvez muitos não se importariam, mas acredito que uma parcela significativa das pessoas não aprovaria este uso se tivesse a real consciência do que pode acontecer. Mais do que isso, eu acredito que o uso indiscriminado destas informações para “enriquecer” as bases de dados e “turbinar” as vendas das empresas acaba muitas vezes ultrapassando uma barreira ética.

E a mesma coisa acontece quando juntamos todos os dados do mundo online de uma pessoa aos seus dados do mundo off-line.

Ah, mas fazer “enriquecimento de dados” é uma técnica usada desde os primórdios do marketing direto, alguns podem dizer. Sim, é verdade, mas o problema é o tipo e a profundidade de informações pessoais que conseguimos ter acesso hoje.

Faça a coisa certa

Meu chamado com este artigo é o de alertar e trazer à consciência os profissionais das empresas que pensam em usar Big Data ou mesmo fazer um simples enriquecimento de sua base de dados. Faça, mas com critérios claros e ética.

Coloque-se verdadeiramente no lugar do seu público-alvo e pense o que de fato você gostaria que uma empresa soubesse de você e porquê. Um bom caminho é ser simples e transparente nas políticas de uso e privacidade de dados de sua empresa, alertando a cada mudança e dando a opção das pessoas continuarem sendo seus clientes mesmo não permitindo que você utilize ou compartilhe seus dados desta maneira.

Depois disso, monte uma estratégia verdadeira e sustentável para relacionamento com seus clientes, que eles darão conscientemente seus dados para sua empresa utilizar. Construa com calma o seu próprio Big Data. Pode demorar um pouco mais, eu sei. E pode dar mais trabalho também. Mas ninguém faz relacionamento com clientes de verdade de maneira rápida e sem trabalho, além disso, o resultado a longo prazo para sua empresa será muito melhor e mais saudável.

E, para ficarmos um pouco mais conscientes, trago aqui quatro fatos que mostram movimentos do mercado e que vejo como consequência de mau uso dos dados pelas empresas:

1. Gmail não é confidencial

Há algum tempo o Google falou na imprensa que os usuários do Gmail não têm o que a empresa chamou de “expectativa razoável” de que seus e-mails sejam confidenciais. Este fato causou um tremendo mal-estar nem tanto pelo fato em si, mas pela consciência que ele trouxe aos usuários de algo que se imaginava, mas não se dava muita importância.

2. Marco Civil

Em 2014 entrou em vigor o Marco Civil da Internet, que trouxe de maneira imposta muitas regras para controlar entre outras coisas a privacidade dos dados. Atualmente ele está em processo de consulta pública para regulamentação de alguns pontos pendentes.

3. Anteprojeto de Lei de Proteção de Dados Pessoais

Estamos também agora em 2015 em fase de consulta pública do texto do Anteprojeto de Lei de Proteção de Dados Pessoais que será criado para regular esta questão específica.

4. Seus dados são seus, não deles

Recentemente a revista Veja trouxe em suas páginas amarelas uma interessante entrevista sobre Big Data com um especialista do MIT, traçando vários aspectos de sua utilização.

Uma coisa chamou a atenção: quando ele coloca de maneira muita objetiva que os dados pessoais são um ativo das pessoas, o que, tratado de maneira individual, significa que as pessoas têm o direito inclusive de vender seus dados para as empresas e não mais simplesmente cedê-los ou “trocá-los”.

Este comportamento, se praticado em massa, mudaria totalmente o cenário atual de coleta de informações pelas empresas. [Webinsider]

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Márcio Oliveira é publicitário, professor, sócio e VP de Planejamento da youDb. No Twitter é @marcioli.

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