O que vai acontecer no mundo pós-internet?

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cabeca_cheiaConcedi esta entrevista a alguns alunos, que acabou não sendo utilizada por problemas operacionais do jornal da escola. Vale reproduzir aqui.

– O que vai acontecer no mundo pós-internet?

– O grande movimento é em direção ao empoderamento do cidadão. Vamos refazer todas as organizações.

– Por quê?

– Dois motivos. O pico demográfico dos últimos 200 anos, de 1 para 7 bilhões, tornou o modelo da Governança da Espécie obsoleto. A internet vem para criar um novo modelo de governança mais sofisticado.

– Qual seria esse modelo?

– Iremos reintermediar a tomada de decisões. Os gestores, aos poucos, passarão as decisões que hoje eles tomam para códigos dos algoritmos de grandes plataformas colaborativas.

Os algoritmos permitirão, através da participação de massa, que o consumidor/cidadão possa decidir de forma mais direta, tornando as organizações mais próximas de seus desejos.

– Isso é inevitável?

– Sim, apesar das resistências, pois a história demonstra que quando surge um modelo mais eficaz de resolver problemas, a espécie migra para ele, mais dia menos dia.

– Isso afetará a política?

Sim, todas as organizações da sociedade estão dentro da atual Governança da Espécie, que foi concebida e praticada para um tamanho de população.

O modelo é analógico e piramidal. Não é pior do que será construído, mas foi o que conseguimos criar com a conjuntura tecnológica existente.

Novas tecnologias, novas fronteiras, nova conjuntura, nova sociedade.

– Como seria a política 3.0?

Bom, uma participação mais direta do cidadão nas decisões de todos os tipos – das menores, como decidir sobre um balanço no parquinho, as leis e uma concepção nova do político.

Muitas das funções atuais passarão para as plataformas e só aquilo que realmente não puder ser feito por elas, sobrará para os políticos do futuro.

– E as organizações de negócio?

O modelo me parece será similar ao Mercado Livre.

Grandes plataformas de micro empreendedores, que são avaliados diretamente pelo consumidor. A ideia de empregados, próximos do modelo escravagista, tenderá a ficar obsoleta.

Cada um será responsável pela sua reputação online e se valorizará mais o mérito. Isso é uma exigência da complexidade que vivemos, pois não há mais espaço para baixa qualidade de atendimento.

– E a ciência?

Mesma coisa. Grandes plataformas de produção científica, em que artigos serão avaliados pela sociedade e o usuário decidirá qual o critério de avaliação quer ver: só aprovado por doutores, mestres, graduados, público em geral.

Se publicará diretamente, os artigos sofrerão ajustes com o tempo e será um grande mercado de ideias muito mais dinâmico do que o modelo atual, que está completamente intoxicado e engessado.

– O mundo será então bem melhor?

Viveremos, como na Europa pós-Idade Média, um período de renascença e iluminismo, que ainda está apenas começando.

Estamos no final do fundo do poço e iniciando o processo de guinada em direção a esse movimento.

O mundo não será melhor, mas mais adequado ao novo tamanho da população que ainda continua a crescer, com previsão de 9 bilhões, em 2050.

– Não haverá retrocessos?

– Sim, o que vemos na América Latina com o socialismo do século XXI, que é uma tentativa de retorno a um modelo da monarquia.

Ou o fundamentalismo religioso no Oriente Médio, que é uma tentativa de retorno a um movimento medieval. São resistências a esse mundo novo.

Não está claro ainda para muita gente que o capitalismo e a república têm valores que conseguiram superar a crise demográfica com méritos.

O problema é que quando temos picos demográficos, temos um aumento de complexidade, que nos leva à concentração de renda e poder.

A concentração atual, a maior parte das crises, incluindo ecológicas não são culpa do capitalismo ou da república, mas do novo patamar demográfico mal administrado.

O que precisamos agora é resgatar os valores originais e adaptá-los para o mundo digital.

Há um erro brutal de diagnóstico.

O projeto do PT, por exemplo, vai em direção oposta para onde o mundo está precisando ir. Eles querem fortalecer o centro, quando a espécie precisa desesperadamente fortalecer as pontas.

– Quais são os desafios na educação?

Recriar o ambiente de ensino.

Preparar jovens para viver num mundo muito mais descentralizado, isso significa, mais autonomia de pensamento, mais liberdade para criar, menos controle, menos centralização, aprendizado em torno de problemas e não de assuntos.

A escola atual, como todas as outras organizações, não vão sobreviver à internet no longo prazo. Internet é como cupim no armário, quando se abre não tem mais armário. [Webinsider]

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2 respostas

  1. Resgatar os valores é algo que não podemos deixar pra trás. Como foi dito no artigo na parte: O que precisamos agora é resgatar os valores originais e adaptá-los para o mundo digital.

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