Facebook Reactions: influenciando os sentimentos humanos

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Esta semana o Facebook liberou globalmente a “nova versão do botão curtir”. Ao invés de um simples “Like”, os usuários têm à disposição seis opções de ‘sentimentos’ para refletir sua opinião sobre os posts de seus amigos, além do popular “Curti”.

facebook-reactions-webinsider

A imagem acima considera um sentimento adicional, “Yay!”, que algumas pessoas não entenderam muito bem para que servia e acabou sendo retirado da versão final… mas, eu gostei, por isso deixei aqui… Yay! \o/

O que, a principio, pode parecer uma mudança estética, ou mesmo a resposta a situações onde “curtir” não é o mais adequado, pode servir de base para uma nova série de experimentos sociais na rede social do tio Mark, ainda o principal destino social online do mundo. Deixemos a frustração da ausência do “Dislike” de lado e tenhamos em mente que o Facebook utiliza uma série de algoritmos para determinar o que será exibido em sua linha do tempo.

Bom, atendendo a possíveis questionamentos, segundo o próprio Mark, a razão pela qual não existe um botão “Dislike” é que o Facebook deve ser um espaço para propagação de sentimentos positivos, e um “não curti”, por sua vez, agiria de forma contrária, criando discórdia (é sério, ele mesmo que disse).

Mas, voltando à vaca fria (não sei de onde veio essa expressão, mas… Yay!), para quem não sabe, um post no Facebook é inicialmente apresentado para (apenas) cerca de 6% de sua base de “amigos” (entre aspas aqui porque… bem, a gente sabe né?).

Isso quer dizer que não adianta “ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar” pois aquela foto sensacional do seu gato brincando com com seu dedo (no meu caso, um pug correndo atrás de um carrinho de controle remoto) será inicialmente apresentada a uma pequena fração de sua rede social.

Conforme (e se) estes amigos curtem e compartilham seu post, o alcance orgânico (sem inve$timento$) de sua postagem passa a aumentar, e mais pessoas de sua rede passam a visualizar aquele conteúdo.

Isso já gerou bastante discussão quando falamos de fan-pages (páginas corporativas dentro do Facebook) – ou seja, mesmo tempo muitos “fãs”, apenas uma pequena parte deles visualiza aquele super-ultra-post-criativo-a-la-prefs-de-curitiba que seu estagiário de mídias sociais fez.

Olha que louco esse gráficos da Locowise (tum dum pxxx!) sobre o percentual de alcance orgânico dos posts no Facebook em função do número de fãs de uma página:

facebook-alcance

Tá achando que é fácil ser popular é?

Contudo, entretanto, todavia, a questão aqui não é chorar sobre o lácteo despejado das páginas corporativas e sim avaliar que impacto o Reactions (esses novos ‘sentimentos’) terá na forma como o Facebook controla não somente o que visualizamos na linha do tempo mas, em função disso, como nos sentimos.

Diversas experiências são conduzidas pela empresa para entender as reações das pessoas ao que lhes é apresentado na linha do tempo, priorizando ‘amigos’ com quem se tem maior interação ou justamente jogando posts aleatórios de ‘amigos distantes’ (pessoas que você não visita o perfil, não conversa, não curte nada) justamente para ver se há mudanças na forma como os grupos sociais são formados e mantidos, ou melhor dizendo, como os graus de proximidade entre vocês e cada um dos seus 373.498.758.934 amigos são determinados – já reparou que parece que são sempre as mesmas pessoas que estão postando no seu Facebook, será que elas não tem nada pra fazer? Estão sem job?

Na verdade muitos estão postando, mas o Facebook, em função de seus critérios e testes, decide que aquelas foram as escolhidas para ilustrar o seu dia, aquelas foram as notícias (fotos, links, histórias) que o Facebook escolheu para você naquele dia; e isto traz implicações interessantes.

Somos influenciados por aquilo que consumimos; se “meu corpo é o que eu como” (no meu caso, sushi), nossa mente é o conteúdo que consumimos. Nossas opiniões, visões de mundo e reações a acontecimentos são consequências da absorção daquilo que lemos / assistimos. Ficamos felizes, tristes, surpresos, revoltados ou “yay” quanto mais informações felizes, tristes, surpreendentes, revoltantes ou “yay” nos são apresentadas quando consumimos informação.

Boa parte das pessoas tem nas redes sociais o seu veículo de mídia; o que antes era a musiquinha do plantão da Globo (que medo! normalmente morreu alguém). Ao obter dados de milhões de pessoas sobre o que as deixa felizes, apaixonadas, surpresas, tristes ou bravas, o Facebook não está só refinando os filtros de conteúdos a serem apresentados, mas também ganhando a habilidade de influenciar sentimentos baseados na folksonomia (indexação do conteúdo pelas pessoas – folk).

Folksonomia

folksonomia-eA folksonomia é uma maneira de indexar informações. Enquanto na taxonomia clássica primeiro são definidas as categorias do índice para depois encaixar as informações em uma delas (e em apenas uma), a folksonomia permite a cada usuário da informação a classificar com uma ou mais palavras-chaves, conhecidas como tags (em português, marcadores).

Grosso modo, a empresa de Menlo Park (é, o Facebook) poderá, a partir de agora, mapear reações sentimentais a conteúdos (publicitários e pessoais), mensurar a recorrência de sentimentos em cada um dos usuários… talvez oferecer uma “Coca-Cola, abre a felicidade” para usuários que estejam tristes (ou respondam desta forma), obter cadastros para associações protetoras dos animais ao perceber que posts de cachorros perdidos são tagueados como “angry” com frequência ou ainda perceber que conteúdos com mais “wows” tem um potencial de viralização maior e, com isso, aumentar o valor pago pelas empresas por cada exposição adicional (reduzindo a influência do alcance orgânico).

O Reactions simplifica o que a já existente opção “sentindo-se” tentou fazer, indexar os sentimentos humanos, universais, frente a todo conteúdo compartilhado na internet.

Se você nunca pensou nisso, wow! =O
Se você trabalha com isso, love! <3 Se você estuda e pesquisa o tema, yay! \o/ [Webinsider]

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Leia também:

JC Rodrigues (@jcrodrigues) é publicitário pela ESPM, pós-graduado pela UFRJ, MBA pela ESPM. Foi professor da ESPM, da Miami Ad School e diretor da Disney Interactive, na The Walt Disney Company.

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