Victor Victoria em Blu-Ray

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Victoria personifica Victor, suposto conde polonês que se travestia de mulher

A Warner Bros lançou agora, como parte da sua Archive Collection, o filme do diretor Blake Edwards “Victor Victoria”, de 1982. O lançamento vem sendo esperado por colecionadores faz algum tempo. Trata-se de um dos últimos filmes de sucesso do diretor, inclusive no Brasil.

Mas, infelizmente, mal o disco foi lançado e os mais familiarizados com o filme perceberam que em uma das cenas de dança, mais especificamente durante a execução de “The Shady Dame From Seville”, estava adulterada. E imediatamente chamaram a atenção dos críticos do site Blu-Ray.com.

Eu toquei o disco imediatamente depois de recebido da Amazon, sem saber do problema, e não notei nada.

Uma vez alertado pelo fórum do site eu voltei ao disco. Colocado para tocar no meu computador pessoal desta vez, outra surpresa: o disco produziu uma mensagem de erro na tela ao invés de reproduzir o filme. Eu ainda não sei a causa do problema, mas pouco importa, porque a Amazon, uma vez ciente do recall, prontificou-se ela mesma em mandar um disco novo. Se não o fez até agora, foi porque a Warner ainda não renovou o estoque com o disco recuperado.

O estúdio reconheceu e identificou um erro de masterização, acusado pelos membros do fórum. Um dos usuários se deu ao trabalho de contar cerca de oito segundos omitidos, com uma repetição de tomada da câmera na mesma sequência.

O erro é quase imperceptível, se o espectador não estiver atento não se dará conta dele. Eu acredito que, como eu, muita gente que conhece o filme não deve ter visto nada. Uma captura de parte da cena cortada pode ser vista abaixo:

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Na cena, o matador vai parar em cima de uma fonte, como visto acima. Na nova master, ele simplesmente desaparece antes de chegar à fonte.

Não obstante o erro, a master em alta definição, vinda de uma transcrição nova, é soberba. Detalhes são ricos, contornos precisos, cor, nível de preto e contraste excelentes.

Como nas versões anteriores da Archive Collection em Blu-Ray o bitrate ultrapassa 35 Mbps, mostrando assim uma transcrição com baixa compressão. A mixagem em 5.1 (o filme original foi apresentado nos cinemas em Dolby Stereo) já era boa no DVD, mas excede em dinâmica e clareza na nova versão.

Talvez por isso mesmo, fica difícil entender como o erro do corte da cena passou. O técnico de mixagem é obrigado a sincronizar diálogos com movimento labial dos atores, e isto é feito por um software que permite ajustes finos, até mesmo se houver dublagem. E não se nota, neste caso, qualquer discrepância visível durante toda a rotina de dança!

Pelo menos a Warner reconheceu o erro, e se ofereceu para fazer o recall do disco, através do preenchimento de um formulário on-line, inclusive para consumidores de fora da América. Foi solicitado, para o primeiro contato, o número do pedido na Amazon, não sei por que.

No meu caso, eu tomei o cuidado de preencher o formulário, citando o número do pedido, mas por precaução mandei uma cópia para a loja, que imediatamente se prontificou a honrar a troca. Da Warner, por coincidência, até hoje não recebi resposta alguma.

O filme

Para quem nunca viu, Victor Victoria é uma comédia de costumes com música, e não um filme musical. O tema principal do filme se desenvolve no período de recessão mundial da economia, mostrando uma cantora de classe desesperada de fome e à cata de um emprego que lhe permita sobreviver.

Trata-se também de uma refilmagem do filme alemão de 1933 “Viktor und Viktoria”, acrescida de uma trilha sonora composta pelo genial Henry Mancini. O compositor acompanhou o cineasta por décadas, produzindo trilhas de qualidade, algumas delas alcançando fama, como por exemplo, a trilha do primeiro “A Pantera Cor de Rosa”.

Na trama, Victoria traveste-se de Victor, supostamente um conde polonês que por seu turno se travestia de mulher. A ideia em si é brilhante: uma mulher personificando um homem que personifica uma mulher, e tudo isso para conseguir um emprego.

Julie Andrews repete no filme o seu papel como Victoria feito no teatro. Ao seu lado, o super versátil Robert Preston, cuja vida lamentavelmente não se estendeu muito tempo após o filme ser feito, tendo falecido em 1986.

Blake Edwards conta com o infatigável ator inglês Graham Stark, no papel do garçom antipático, tema, aliás, recorrente na obra do cineasta. A última colaboração entre os dois ocorreu na comédia “Blind Date”(no Brasil, “Encontro às Escuras”), de 1987, onde Stark faz o papel do mordomo do juiz, ainda em plena forma como comediante.

Victor Victoria é um filme recheado do chamado subtexto. Não só se discute a homofobia, como o machismo intolerante frente a uma possível paixão homossexual. O filme ainda exibe com elegância o cliché da loura burra, na pele da excelente Lesley Ann Warren, no que talvez tenha sido o seu melhor papel como comediante.

Assim, Victor Victoria gira em torno da farsa ou da paródia, cobrindo temas como a desigualdade social e a incapacidade humana do reconhecimento de valores.

O humor dos filmes de Blake Edwards é sutil, embora cercado de comédia física, às vezes recorrendo ao pastelão clássico da comédia americana do início do cinema. Ele fez isso com Peter Sellers várias vezes e repete aqui com parcimônia e sensibilidade.

É uma pena que a Warner não tenha se dado ao trabalho de editar a Archive Collection no Brasil. A versão lançada lá fora é bastante comedida, embora munida de legendas do som original, o que já é um alento. À medida em que a série avança a única solução é continuar importando, com o fardo da burocracia e despesas absurdas que o processo nos impõe. [Webinsider]

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Leia também:

http://br74.teste.website/~webins22/2016/04/21/redescobrindo-bergman/

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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Uma resposta

  1. Atualização para os leitores:

    Até onde eu saiba todas as cópias com defeito na master foram recolhidas.

    No momento de escrever este texto eu ainda não tinha tido resposta por e-mail vinda da Warner Bros.

    Para minha surpresa, anteontem eu recebo um courier com envelope da Time Warner, contendo a cópia nova com a master corrigida, e aproveito para agradecer a eles pela atenção.

    Imagem e som soberbos!

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