Trabalhando com arquivos ISO

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Muitos anos já passaram em que eu deixei de fazer cópias de segurança dos meus discos mais importantes. Posso estar errado, mas cheguei à conclusão de que não vale a pena, partindo do princípio de que é importante armazenar a coleção em ambiente sem humidade ou calor.

Entretanto, quando se esbarra em algum problema no conjunto drive de leitura/gravação instalado externa ou internamente no sistema operacional, algumas ferramentas são úteis para se fazer pelo menos parte dos diagnósticos necessários.

E infelizmente comigo é sempre assim: a falta de uso de qualquer estratégia de investigação implica em ter que rebobinar a memória para algum lugar do passado onde foram enfrentados os desafios para se resolver algum problema e, acreditem, eu sou um que já deixou um bocado de coisas para trás.

Não existe cultura inútil, como muitos acreditam. A soma de experiências de vida tem efeito com o avançar da idade, e nos torna um pouco melhores nas tentativas de arrumar soluções para incógnitas enfrentadas extemporaneamente. Eu tive uma professora no mestrado que insistia que a gente não devia descartar experiências que deram errado no laboratório, ao contrário, e sim anotar tudo no caderno de protocolo e depois procurar uma resposta para o erro. Assim é no restante da vida de cada um, de preferência se acreditando no princípio de que “para cada problema existe uma solução”, que na maioria das vezes não se acha de imediato e exige paciência e persistência.

A informática, segundo o meu irmão que é do ramo, é cheia de mistérios. Às vezes, nem mesmo os programadores mais experientes conseguem elucidar os chamados erros de lógica, e muitas vezes é importante colocar um programa em testes por terceiros, porque erros costumam passar despercebidos.

A utilidade dos arquivos ISO

Qualquer tipo de mídia ótica, seja CD, DVD ou Blu-Ray, pode ser copiada para o disco rígido na forma de um arquivo ISO, que na realidade é uma imagem fiel do disco fonte.

Existem pilhas de ferramentas, pagas ou gratuitas, que permitem ao usuário fazer isso. A partir do disco inserido no drive ótico a ferramenta faz a leitura e cria o arquivo ISO, que pode ser aberto para inspeção do conteúdo se necessário.

Como o ISO é o espelho fiel do disco, em tempos de outrora era possível reproduzi-los em leitores de mesa. Mas, este recurso útil foi banido por pressão dos estúdios (para variar) e a perda foi sentida em vários níveis. Alguns servidores de mídia ainda permitem ler os arquivos, dependendo da estrutura do disco fonte. E em alguns casos, o leitor de mesa deixa aberta a possibilidade de reproduzir um tipo de mídia, bloqueando o ISO de algum tipo específico de formato.

Suporte operacional em ambiente Windows

A partir do Windows 8.1 já é possível usar um arquivo ISO para montar a imagem do disco, sem qualquer software adicional. Em versões anteriores o usuário pode rodar o utilitário Virtual Clone Drive, distribuído gratuitamente pela Elby.

O Windows faz a montagem do disco fonte em um drive virtual. Para tal, é suficiente clicar o botão da direita do mouse, com o cursor em cima do nome do arquivo. Na caixa de opções que aparece a seguir, escolhe-se Mount ou Montar:

image001

 

No exemplo acima, eu usei a versão em Blu-Ray do documentário Super Speedway IMAX como disco fonte. O sistema criou o drive G: com a imagem transformada em disco inserido no mesmo. Ele é identificado como “Microsoft Virtual DVD-ROM”, e pode ser acessado por qualquer programa capaz de reproduzir aquela mídia.

O conteúdo é armazenado em disco. Se o usuário depois não precisar mais dele, basta comandar a ejeção do mesmo. Para isso, clica-se com o botão da direita do mouse com o cursor em cima do drive e escolhe-se Eject ou Ejetar:

image003

 

Ajudando a debugar problemas no drive BD/DVD-ROM real

Todos os programas que inspecionam drives de gravação e leitura de mídia raramente mostram se o drive está fisicamente com problemas, mas apenas se a mídia tem erros de superfície ou de arquivos. E às vezes nem assim se chega a alguma conclusão útil.

Então, a saída seria começar pela investigação da integridade da leitura do disco fonte. Criando-se um arquivo ISO e depois fazendo a sua montagem em um drive virtual é possível determinar com exatidão se a leitura do disco não apresenta erros. Caso eles existam, é aconselhável desmontar o drive e limpar a lente. Se nem assim resolver é possível que o drive esteja com defeito e a troca da unidade seja necessária.

Uma vez de posse do arquivo ISO pode-se usar um utilitário de queima da mídia e obter um disco físico. Existem programas pagos e gratuitos que fazem isso com competência. Usa-se de preferência uma mídia de confiança. O resultado teórico é a obtenção de uma cópia 1:1 (idêntica) do disco fonte, que pode então ser testada por um programa apropriado e/ou por um leitor de mesa.

Se tudo deu certo, é sinal de que o conjunto drive ótico, sistema operacional e mídia continuam confiáveis para fazer backup de algum material importante.

Arquivos ISO vêm sendo usados há décadas para usos diversos, sendo o mais útil a criação de discos físicos com conteúdo de interesse do usuário, não necessariamente de áudio ou vídeo.

A cópia de discos fonte (CD, DVD ou Blu-Ray) através da criação da sua imagem em arquivo ISO aumenta as chances de sucesso da operação, por um simples motivo: a velocidade no barramento de um disco rígido é muito superior àquela dos drives óticos. Assim, o processo de cópia é exclusivamente dependente da integridade deste último. Em sistemas onde os componentes de hardware são críticos como, por exemplo, memória e CPU, é prudente fazer um ISO primeiro e só depois queimar a mídia.

Na dúvida, é aconselhável fechar todos os programas abertos no momento da gravação. Drives óticos modernos costumam ter capacidade para 4 MB de buffer, o que em tese é mais do que suficiente para garantir a manutenção do fluxo de dados para o disco. Este tipo de buffer trabalha com algoritmos que impedem que ele fique vazio em função de outras tarefas feitas naquele momento pelo sistema operacional. Entretanto, fechando-se todos os aplicativos aumenta-se a chance de não esvaziar o buffer por qualquer outro motivo.

Outro macete para queima de mídia, extensamente usado no passado distante, é obrigar o drive ótico a gravar em velocidade abaixo da permitida. Por exemplo, se o disco virgem ou regravável vai até 4X de velocidade, muda-se para 2X no momento da queima. Em alguns casos pode-se diminuir a velocidade até o máximo permitido. Para tal é preciso que o programa de queima permita fazer este tipo de operação. A diminuição da velocidade de queima implica em aumentar a tolerância de alteração do corante com a qual a mídia é fabricada, portanto não tem nada a haver com a qualidade do drive e sim com a da mídia em uso.

É uma pena que os fabricantes de players de mesa tenham obstruído o uso de arquivos ISO, que poderiam de outro modo serem copiados previamente para um flash (pen) drive, eliminando assim qualquer chance de erro de leitura da mídia ótica.

Trata-se, em última análise, de mais um bloqueio supostamente destinado ao combate à pirataria, mas que neste caso mais uma vez prejudicando a quem não devia. [Webinsider]

. . . . .

Leia também:

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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6 respostas

  1. Paulo, a brincadeira tem um fundo de verdade… Eu já nem lembro mais o que eu procurava na internet quando me deparei pela primeira vez com um dos teus artigos, nem sei qual foi o primeiro que eu li que me trouxe aqui, o que eu lembro é que achei o conteúdo tão útil e bem escrito, que fui vasculhar as postagens mais antigas para ler mais coisas, e que marquei a página pra voltar outras vezes. Já se vão pelo menos uns dois anos ou mais, e eu continuo voltando periodicamente e sempre encontro alguma coisa interessante/nova/curiosa/bem escrita. É trabalhoso cavar informação relevante em meio ao mar de lixo que a internet oferece. A popularização da rede, fenômeno maravilhoso, útil e necessário, trouxe como efeito colateral a multiplicação de conteúdos pobres e a dificuldade em achar o que realmente importa, e teus artigos são uma joia rara nesse universo. Sou louco por filmes e entusiasta de tecnologia, e em geral encontro aqui alguma coisa interessante sobre um ou outro ou os dois juntos. Muito bom!

    1. Fabio, eu concordo contigo sobre o lixo na Internet, mas ele vem como consequência da liberdade de expressão. Historicamente, a Internet eclodiu inicialmente nas redes acadêmicas, e isso eu acompanhei de perto. Os terminais nem tinham imagem, era só texto.

      Com o passar dos anos e com a introdução dos navegadores apareceram os fóruns, inicialmente muito bons, dentro do espírito de troca de experiências e informações, depois uma balbúrdia com trocas de insultos e desfilar de egos, chamando os donos para inserir o famigerado mediador, que mais parecia um policial com uma arma na mão do que outra coisa.

      Se depender só de mim, eu prefiro manter no meu trabalho o espírito inicial, com compartilhamento de informações que eu imagino poderiam ser úteis a quem ler. É, no fundo, o reconhecimento do que você disse, a dificuldade de cavar informações pelas milhões de páginas espalhadas pela rede, e se eu conseguir ajudar, ótimo, o meu objetivo está atingido.

  2. Poxa vida…Hei de concordar com o colega do primeiro reply. Um artigo muito detalhado, a ponto de um leigo entender pra quê serve uma ISO. Sou da área de TI, então só vim pra ver o que tava rolando. Acabei me surpreendendo!

    Parabéns Paulo!

    1. Olá, Danilo,

      Muito agradecido pelo seu elogio.

      Eu procuro fazer um esforço para que o texto atinja o máximo possível de leitores, mas nem sempre este objetivo é alcançado. A Internet teve e espero que terá sempre um papel na divulgação de informações e compartilhamento de ideias, e este é parâmetro pelo qual eu me guio até hoje.

    1. Ah, Fabio, se fosse assim como você está dizendo, talvez eu fosse o homem mais feliz do mundo, mas a realidade é que eu ralei um bocado para vencer a minha própria ignorância. A única sorte foi que eu despertei cedo, antes que um mal maior acontecesse.

      Uma vez eu falei com um grupo de estudantes que estavam no laboratório que até os meus 17 anos de idade eu só queria jogar futebol, detestava assistir aulas (hábito que me acompanhou a vida toda), ou seja, vivia alienado. Os alunos acharam graça, pensaram que eu estava contando esta estória porque queria curtir com a cara deles. Mas, foi assim mesmo, e quando eu pensei em arrumar a minha vida, eu tive que vencer a ignorância com um esforço maior do que todo mundo que eu conhecia. Em contrapartida, isto me deu a experiência de vida que eu precisava para convencer os alunos que com esforço e foco no trabalho tudo é possível, independente do nível de inteligência que a gente acha que tem.

      Mas, eu te agradeço o elogio, e espero ser merecedor do mesmo até os meus últimos dias desta coluna.

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