2001, Uma Odisseia No Espaço

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Atendendo à solicitação de leitores desta coluna, eu apresento uma visão pessoal da obra de Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke. Espero informar e entreter, mas ao mesmo tempo estimular que outros façam o mesmo, com este e outros filmes do mesmo porte!

 

Quando 2001, Uma Odisséia No Espaço”, filme de Stanley Kubrick baseado no livro de Arthur C. Clarke, abriu nos cinemas norte-americanos, ele trouxe à baila uma mistura de sentimentos. Muitos críticos disseram que Kubrick havia sido seduzido e depois sucumbido aos efeitos especiais de fotografia e se esquecido de fazer cinema.

Existem relatos de espectadores que teriam saído antes da projeção acabar, dizendo não terem entendido absolutamente nada do que estava se passando na tela. Mas existem também relatos, publicados nos jornais brasileiros e citados por alguns críticos de cinema locais, de que muitos dos que “entenderam” o filme teriam saído bastante deprimidos das salas de exibição.

“2001” abriu no Rio de Janeiro, na agora lendária sala de Cinerama© do Cinema Roxy, em julho de 1968. Tratava-se do processo em 70 mm em tela gigante e ultra curva, já comentado nesta coluna. Na época, eu era estudante do científico no colégio secundário. O interesse pelo filme foi imediato. Passados todos esses anos, e o tendo revisto diversas vezes, eis o que eu ainda posso comentar sobre ele:

A começar pelo título do filme: “2001” se refere a uma afirmação taxativa dos autores que não haveria o anunciado fim do mundo no ano 2000. A data foi extensamente prenunciada por videntes e por interpretadores da cultura cristã, que viram no número do ano a chegada na terra do anti-cristo: 2000 dividido por 3 dá 666.6666666666667, que é o número bíblico deste personagem.

Abertura do filme com o tema de Strauss.

Então, Arthur C. Clarke se encarregou de dizer que em 2001 o mundo irá muito bem, obrigado, e que o progresso a ser atingido levará o homem a viagens espaciais tão rotineiras quanto as viagens de avião intercontinentais. Não só isso, mas caberá à Pan American fazê-las!

Se, entretanto, 2001 tivesse sido transformado em um exercício de futurologia, ele seria um filme de ficção científica tão banal quanto qualquer outro. E, neste particular, falho: quando chegamos a 2001, não havia mais Pan Am, e nem o telefone com imagem da Bell, sendo este substituído pela comunicação via rede, como a Internet. E talvez o principal “erro” futurístico de 2001 foi a de que nós estaríamos fazendo viagens espaciais de rotina, influência clara no roteiro do fascínio do momento vivido pela Nasa, no final da década de 1960.

Mas, felizmente, não foi isso que aconteceu: das impressionantes imagens da abertura, passando pelo andamento lento das seqüências, e chegando até um fim enigmático, o filme na realidade disseca a origem da vida, a evolução e a continuação da história do homem. Tudo isso em uma narrativa anti-climática, o contrário do que esperaria uma platéia sedenta das emoções triviais encontradas nos filme de cinema do gênero.

A narrativa é tão fria quanto o espaço no qual a estória mergulha. Poderia muito bem não ter diálogos nem trilha sonora. Mas os poucos diálogos que existem são importantes no contexto do roteiro e a trilha sonora um exemplo de que a música complementa sem explicar cenas ou induzir emoções, como se fazia nas trilhas antigas.

A vida do homem em três atos

O primeiro ato de 2001, anunciado nos créditos como “A alvorada do homem”, é o mais curto dos três. Ele se reporta ao início do processo evolutivo da humanidade, rigorosamente dentro dos conceitos propostos por Charles Darwin. Dentre estes conceitos, está o da seleção natural, que propõe que a sobrevivência nas espécies está diretamente relacionada às suas capacidades de adaptação ao meio ambiente.

Em 2001, grupos de homens macacos reúnem-se em territórios específicos e delimitados. A invasão desses territórios é inicialmente contida pela capacidade de cada grupo de espantar com gritos e gestos os seus invasores. Nada muito diferente, diga-se de passagem, ao que ocorre até hoje, no ambiente de trabalho e nas comunidades e bairros diversos dentro dos perímetros urbanos.

No primeiro ato, os cineastas optaram por acelerar o processo evolutivo, usando para isso um monólito negro, que simboliza o aprendizado e a evolução do homem primitivo. À primeira vista, o espectador poderia inferir que o monólito é uma representação metafórica da existência de Deus, na forma da consciência de que o homem é. Mas, dentro do contexto do filme, o monólito representa uma tomada de consciência evolutiva, que leva o homem aprender a usar as ferramentas que tornam a sua evolução possível.

E como a primeira dessas conquistas se refere à necessidade de garantir a sua sobrevivência dentro de seu território, a primeira ferramenta é usada para matar seus adversários e mostrar aos sobreviventes quem é que manda!

Kubrick e Clarke expõem com bastante clareza que a humanidade cresceu debaixo do aprendizado do processo opressivo, que nada tem de divino ou de superior. E isso de cara elimina a hipótese do monólito ser uma representação do Deus descrito nas religiões monoteístas. Na verdade o que os cineastas mostram é a contradição, em nome de coisas como religião, raça ou credo, do ser humano que se envolveu com guerras de outra forma inexplicáveis, e cujo objetivo político é a dominação e prepotência de um grupo contra outro. Em outras palavras, não há nada de santo ou sagrado no ato de matar.

A máquina do aprendizado, na forma do enigmático monolito.

No filme, o homem primitivo Moonwatcher descobre a ferramenta e a usa para dominar os seus seguidores e os outros grupos. Com isso, ele se torna o primeiro líder não carismático da humanidade. E a primeira ferramenta, a arma como o símbolo maior desta dominação. Uma vez tendo aprendido a matar, o ser humano se torna um carnívoro e deixa de ser presa de animais mais poderosos, mostrada em uma cena anterior no filme.

O pulo para o segundo ato é um avanço rápido de alguns milhões de anos, exposto em duas tomadas de câmera, separadas por um corte seco na edição. Em termos de cinema, a solução é brilhante: o espectador se dá conta do salto evolutivo com a mudança de um objeto em movimento rotativo no ar, em uma única troca de cena!

O segundo ato mostra o homem evoluído à cata de explicações para a sua existência e para a presença de vida extraterrestre. E aí novamente o monólito entra em cena, para justificar o passo do homem em busca de suas origens, cercado do mesmo processo de monopólio e posse de conhecimento, em detrimento de outros grupos ou etnias. Como o mistério continua, o homem usa a nave interplanetária como ferramenta e meio de transporte para procurar a sua fonte de informação sobre a origem da vida, porém debaixo de um projeto ultrassecreto.

O segundo do ato do filme mostra também o isolamento e a solidão intelectual do homem no espaço. O tema é pontuado como resultado da busca pela individualidade e pela reafirmação do ego.

No segundo ato entra em cena o mais egóico dos personagens do filme: o computador HAL-9000! Dotado de algoritmos avançados de inteligência artificial, HAL se torna mais “humano” na sua forma de pensar: ele é orgulhoso, narcisista, vingativo e dominador.

Embora Arthur C. Clarke tenha negado ao longo de vários anos, a plateia de 2001 enxerga em HAL a ameaça de dominação pelo monopólio da informação pela então super gigante IBM. O acrônimo HAL (Heuristically programmed ALgorithmic computer) seria IBM uma letra para trás.

HAL controla tudo e todos da tripulação da Discovery através de uma câmera na forma de um olho vermelho, em claríssima alusão ao Big Brother do romance 1984 de George Orwell.

HAL é vaidoso e sistemático o suficiente para não admitir que ele possa cometer qualquer erro. Mas, a sua principal característica “humana” mais primitiva é a de impedir o controle e o acesso às suas funções de conhecimento e memória, de tal forma que quando ele finalmente comete um erro, ele trata de escondê-lo, e começa a arquitetar uma maneira de evitar o seu desligamento.

A inteligência artificial avançada de HAL é também o instrumento que lhe torna neurótico, obsessivo e paranóide. Com “receio” de perder o controle da missão, ele planejará a morte dos ocupantes da Discovery.

Aqui uma pequena pausa para meditação: a inteligência artificial em computadores foi primeiramente proposta pelo genial matemático inglês Alan Turing, na década de 1930. Turing teve uma vida complicada e um fim trágico em 1954, não tendo tido chance de ver o progresso conseguido com a microinformática e com os algoritmos de inteligência artificial modernos, usados não só em computadores mas em um monte de aparelhos diversos.

Alan Turing propõe o questionamento sobre a possibilidade de raciocínio das máquinas. É dele, por exemplo, a associação de códigos de máquina com letras do alfabeto, criando o primeiro processador de texto capaz de fazer uma redação completa. O teste de Turing, que provoca o desenvolvimento dos algoritmos de inteligência artificial até hoje, nunca foi totalmente provado, mas o seu desafio tem ajudado a informática e a programação a evoluir a níveis significativos.

Em 2001, HAL seria uma máquina dentro de alguns dos moldes propostos por Turing, exceto que nenhum dos sentimentos de vaidade ou vingança teriam sido incluídos.

Na realidade, existe uma crítica implícita, feita pelos cineastas, de que o monopólio e a salvaguarda da informação por uma máquina criada pelo homem são potencialmente perigosos e letais!

Existe ainda um outro preceito, corretamente embutido no segundo ato, de que é o homem quem deve controlar a máquina e não o contrário! Este alerta foi repetido em vários filmes posteriores a 2001, como Jogos de Guerra, por exemplo. Mas, em 2001, o astronauta sobrevivente desliga a máquina para poder sobreviver, o que implica em dizer que se a máquina não serve para o seu correto uso, ela se torna dispensável como ferramenta.

No terceiro ato, não tão curto quanto o primeiro, o astronauta Dave Bowman termina a missão em Júpiter ao encontrar o monólito. A resposta para o questionamento da origem da vida, entretanto, não é encontrada.

Proposta inicialmente para ser uma seqüência sobre o encontro com alienígenas, o terceiro ato mostra de fato o ciclo de vida do homem, invertendo neste caso o processo, passando de vida adulta, velhice e morte para o renascimento.

O fim de ciclo de uma vida, e o recomeço de outra!

O objetivo da inversão desta seqüência é dar base à chamada teoria cosmogônica: a passagem de vida de um planeta para outro. A presença do monólito na cena poderia indicar a transformação evolutiva para uma raça melhor evoluída, mas a interpretação da cena permanece propositalmente em aberto.

A figura da estrela-criança sugere que a vida na forma de futuros seres vivos possa pousar e habitar outros planetas. Mas não afirma taxativamente que este novo planeta seria de uma raça humanóide.

O impacto das imagens e da música em “2001”

Não há dúvida de que o que mais provocou as plateias de fins de 1960 foi a riqueza de imagens e a música associadas a elas. Alex North, o notável compositor que havia encontrado Stanley Kubrick na filmagem de Spartacus, chegou a fazer a trilha completa, mas o diretor havia começado a experimentar misturas de cenas com músicas conhecidas, e acabou acertadamente decidindo ficar com elas.

As cenas do primeiro e do terceiro atos são precedidas e completadas, respectivamente, com a abertura de Assim Falou Zaratustra, de Richard Strauss, e de maneira tão pungente que até hoje a peça é conhecida como integrante de 2001, sem sê-la na realidade.

O uso do processo Super Panavision, também conhecido como Panavision 70©, teve justificado mérito nas cenas do início, devido ao maior brilho e contraste da fotografia. Este foi, ironicamente, um momento delicado na vida da M-G-M, mas o gasto estressante com a produção só foi possível porque Kubrick tinha uma fama de ser um cineasta intelectual aos olhos de Hollywood, que conseguia unir “arte” com lucratividade na bilheteria.

E este talvez tenha sido o segundo maior momento da história do cinema norte-americano (além de Cidadão Kane, de Orson Welles) onde os executivos não conseguiram penetrar nos sets de filmagem ou influenciar de qualquer forma na produção do filme. E com o caos financeiro do estúdio naquele momento, 2001 foi totalmente produzido na Inglaterra, onde os estúdios tinham um custo menor e cujas equipes técnicas eram comprovadamente criadoras e competentes.

No segundo ato, duas peças musicais se tornam sinônimas e simbólicas dos momentos que o filme atravessa:

No primeiro desses momentos, mostra-se uma viagem interplanetária com o uso da valsa do outro Strauss: Danúbio Azul. É estranho como uma música possa estar tão associada a um filme de ficção, sem ter nada a haver com ele. Danúbio Azul é uma música de dança de salão, feita para entreter as massas da sua época. No entanto, ela acaba adquirindo um papel ímpar no filme de Kubrick, embelezando o balé da astronave e tornando a valsa indissociável da cena e do filme.

Nos momentos de solidão do segundo ato, é marcante o uso do adágio da Suite Gayane, composta por Aram Khachaturian. A peça foi inclusive usada por James Cameron no prólogo de Aliens, provavelmente como uma reverência a 2001.

O uso extenso de técnicas fotográficas de viragem, durante a passagem de Bowman pelo que se supõe ser um portal estrelar, traz à seqüência uma beleza incomum, e se tornou uma espécie de marca registrada do trabalho do técnico em efeitos especiais e posteriormente cineasta Douglas Trumbull. Juntamente com as viragens, Trumbull usou também técnicas de slit-scan, durante todo o trajeto pelo portal.

As mil e uma interpretações do conteúdo de “2001”

Tudo indica, e isso foi de certa forma confirmado por Arthur C. Clarke, que Stanley Kubrick queria deixar 2001 totalmente aberto a interpretações e visões pessoais dos seus potenciais espectadores. Por isso, e por ter atingido uma plateia mais jovem, na época do seu lançamento, é que apareceram diversos trabalhos sobre o significado do filme.

Conotações sobre a “procura de Deus”, na viagem exploratória a Júpiter, ou simplesmente uma máquina de ensino na forma de um monólito, como afirmado por Clarke, podem ser inferidos, sem que o filme sofra qualquer má intepretação.

Fãs da biologia, da pesquisa e principalmente dos filmes de ficção científica talvez tenham sido os que mais lucraram. “2001” é um filme claramente divisor de águas: antes dele, os filmes de ficção científica exibiam monstros alienígenas, naves na forma de um disco voador (mito criado pela ficção e incorporado na cultura paranóide americana) e guerras interplanetárias. Depois de 2001, as naves deixaram a forma de discos, se tornaram detalhadas no seu design (ver, por exemplo, Star Wars), e a exploração espacial e computadores passaram a fazer parte integrante dos cenários e dos roteiros.

“2001” se tornou também um marco histórico de um filme feito com os efeitos fotográficos jamais registrados pelo cinema, e é até usado como referência até mesmo pelos técnicos que hoje trabalham em efeitos especiais com o uso de computação gráfica.

Kubrick também dava grande importância ao design e à gravação do som e efeitos sonoros. Apesar de 2001 ter um visual predominante de cinema mudo, ele usou o som ou a ausência dele no espaço, para aumentar o impacto de todas as cenas.

Com isso, “2001, Uma Odisséia No Espaço” se torna um dos filmes mais importantes da história do cinema e cuja revisão ou reavaliação pelos fãs parece nunca ter fim. [Webinsider]

. . . . .

 

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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18 respostas

  1. Olá, Luis Ricardo,

    O aprendizado é tudo na vida, e a conquista do conhecimento fundamental para a evolução do ser humano, de preferência junto com a noção histórica do assunto que se quer conhecer e dominar.

    Preservação é a palavra-chave para o progresso de qualquer povo ou cultura. E idealmente o ambiente acadêmico deveria incentivar a pesquisa, seja ela de qualquer forma ou magnitude.

    Eu não tenho noção mais de como andam as coisas na Europa, mas em um país eternamente emergente como o nosso a política teve prevalência sobre tudo isso que eu citei acima, e é por isso, em última análise que o país como um todo nunca vai para a frente, sempre marcando passo e à mercê dos discursos enganosos, daqueles que prometem fundos e mundos, só para ganhar um voto!

  2. Prezado Roberto,

    Eu vi o filme e achei os seus comentários bem feitos e com critério.

    A cena dos macacos me chamou muito a atenção, queria fazer uma pergunta se me conseguir responder, como o Roberto compreende a importância da aprendizagem para a vida humana ?

    Agradecia que me esclarecesse

  3. Olá, Rubens

    Cada um tem o sagrado direito de dar a sua opinião sobre cinema e eu quero desde já deixar claro que eu respeito a sua, a despeito de concordar ou não com ela!

    Arthur Clarke, em entrevista contida na edição em Blu-Ray deste filme referiu-se ao monólito como uma “teaching machine”. Mais claro do que isso impossível.

    A impressão que eu tive quando assisti ao filme em 1968 foi a de que o monólito era fruto de uma entidade superior, podendo ser Deus (conceitualmente) ou de outra raça que não a humana. Na época, eu ainda era muito garoto para tirar maiores ilações sobre isso, e hoje eu concordo com Clarke sobre uma máquina de aprendizado, independente da sua origem, e foi por isso que o comentário foi parar no texto.

    Eu também já fiz um pouco de programação, décadas atrás, e até onde eu me lembre “loop” não é bem isso que você descreve. Um programa rodando em “loop” não sai do mesmo ponto, que não é o caso de HAL, que maquina diversas vezes a morte de seus antagonistas. Claro que era para proteger as informações que “ele” guardava no seu banco de memória, mas daí a ser paranoico e vingativo, foi uma forma pouco sutil de afirmar que a máquina pode se voltar contra o homem. E a gente sabe disso muito bem: grande parte dos nossos dados pessoais estão por aí, vítimas potenciais de invasão de privacidade, fraude. etc.

    Por fim, a teoria cosmogônica está bem clara no filme, até para um idiota adolescente na época como eu. Se os autores citaram outra coisa, então eles ou não conseguiram falar sobre isso ou não sabiam o que era, coisa que eu sinceramente duvido.

    A propósito: o seu comentário sobre isso foi parar no texto sobre O Exorcista, que eu li primeiro.

  4. Esqueci de comentar mais uma coisa: os monolitos sao deixados por uma outra raça superior em visita à Terra há pelo menos um milhão de anos, que os deixa para monitorar a evolucao da raça humana… Sao 3 monolitos, um na Terra, um na Lua e um na lua Io (para onde vai o astronauta sobrevivente).

    Em tempo: eu li esse livro no finalzinho da decada de 70 ou inicio da decada de 80, por aí. Nao o tenho mais, ate porque era emprestado de um colega de faculdade.

  5. 2001 realmente é um filme aberto a interpretacoes… No livro que o autor (e um dos roteiristas do filme) Arthur C. Clarke escreveu e lancou apos o lançamento do filme, as explicacoes sao totalmente diferentes das suas, por exemplo…

    Um exemplo sao os monolitos: eles sao uma especie de “alarme”. O da Lua, por exemplo, estava preparado para, no dia que recebesse a luz do sol, enviar um sinal para Jupiter, para “avisar” que o homem evoluira tecnologiamente, tinha finalmente saido do planeta Terra e começava a explorar o seu satelite natural.

    (reveja a cena, que isso fica bem claro no filme).

    E o Hal 9000 nao tinha nada de dominador e vaidoso, ele simplesmente sofreu um problema de programacao. Em resumo: Hal nao podia mentir, mas foi programado para ser o unico da nave a saber da finalidade REAL da missao. Mas ele nao podia revelar nada disso para a tripulacao. Oras, se voce nao pode mentir, mas ao mesmo tempo nao pode contar algo importante para a tripulacao, como voce resolve esse problema? Simples! Elimina a tripulacao!!!

    De certa forma, HAL “entrou em parafuso” ao ter que lidar com esse problema de “nao posso mentir, mas nao posso contar”, um looping terrivel em termos de programacao… E como HAL nao tinha as Leis da Robotica implementadas em sua “inteligencia”, eliminar humanos nao era algo que ele nao poderia considerar.

    Ah, e a parte da viagem do feto, ao final do filme, eu ja expliquei em outra mensagem (na verdade Arthur Clarke explicou). Mas isso foi explicado pelo autor, Arthur Clarke, no livro com a historia de 2001. Em resumo, o astronauta deixa sua condicao humana e RENASCE em uma nova forma de pura energia, um novo estágio mais avançado da evolução, e entao, nessa nova forma, ele sai viajando pelo espaço, passando pelo sol e pela Terra, inclusive.

    Enfim, e em resumo, existe um livro com a historia do filme (é um caso onde o livro foi publicado DEPOIS do filme), onde tudo é explicado de forma racional, sem as desnecessarias complicacoes que Kubrick resolveu colocar no filme.

  6. olá, eu gostava de assistir 2001 na televisão, eles passavam sempre mas demorava para repetirem, uma vez eu gravei o filme numa fita VHS, mas tinha dificuldades para gravar ele no video cassete.
    Nunca tinha entendido como era o filme a história dele em sis; agora com seu depoimento dele e do filme, eu compreendo da historia do filme, que não sabia antes.
    até e obrigado….

  7. Oi, Honório,

    Sobre plasmas, eu não sou a pessoa mais indicada para te orientar, mas de qualquer forma, as marcas mais tradicionais de plasma que ainda devem estar por aí são: Pioneer, Panasonic e Samsung. Um amigo meu tem o modelo atual de 60″ desta última, que vende no comércio local, e gosta muito dela. Segundo ele, o modelo é cotado como a terceira melhor TV à venda mundialmente.

  8. Boa lembrança! Também fiquei extasiado quando ví Jornada Nas Estrelas( o primeiro). Mas só agora, por seu comentário, relaciono aquela busca pelo criador. Vou ver novamente, agora em DVD, para prestar atenção nos detalhes que o sr. citou.

    Vou abusar deste espaço para pedir uma orientação: preteno comprar uma tela grande. Devido à disponibilidade de dinheiro estou tendendo a optar por tela de plasma. Andei me informando sobre HZ ( para as de plasma deve ser de 600HZ e etc… ) O sr. poderia me orientar alguma coisa?

  9. É impressionante a influência fílmica de 2001. Outro dia mesmo estava me lembrando de “Star Trek: The Motion Picture”, dirigido por Robert Wise, no primeiro filma da série no cinema.

    Em Star Trek, o andamento lento, as imagens no espaço, o “worm hole”, os túneis espaciais, todos eles lembram 2001. Mais ainda, a procura pelo “criador”, que não pode ser mera coincidência.

    Até Douglas Trumbull vem ao socorro dos cineastas e mostra visual gráfico idêntico a 2001. Seu nome aparece em grande destaque nos créditos, e diga-se de passagem, merecidamente!

  10. Ao Dr. Paulo posso dizer, tudo que gostaria de dizer, numa só palavra: obrigado.
    Ao Nolan: minha crença é como a sua. Por isso sou ateu em relação aquele deus da bíblia. Mas que o universo veio de big bang e etc… é muita lorota. E essa energia, causadora desse big bang, já não era vida? Passei a ter um pouco de paz mental quando decidi a aceitar, por mim, que a “origem” é, simplesmente, inexplicável. O UNIVERSO é para mim como os numerais 0, 1, 2, 3, ………… dois conjuntos INFINITOS, por enquanto. Só para melhor expor meu pensamento: à esquerda de zero estarão os negativos (-), também infinitos. Não coloquei vírgula após reticências para não findar o conjunto.

  11. Meu bom Tresse,

    O fato de eu estar semi-aposentado é o que me permite trabalhar do jeito que eu acho que tem que ser: com liberdade de expressão! E neste ponto, eu tenho tido o apoio dos editores deste site.

    Eu sinto falta do ato de passar conhecimento dentro da sala de aula, e, por incrível que pareça, muita gente assimila estes textos como aula, mas a intenção nunca foi essa. Uma coisa nada tem a haver com a outra. Os meus textos são semelhantes aos chamados trabalhos de revisão, só que bem mais curtos e mais superficiais.

    Eu tenho a impressão, desde antes de começar a escrever para o Webinsider, que existe uma carência enorme de divulgação de assuntos técnicos, mesmo aqueles relacionados ao lazer, como este. Isto porque a tecnologia não chega na casa do usuário de forma assimilável. E embora não seja função minha fazer o contrário, eu procuro corrigir isso, dentro de uma maneira que as pessoas se sintam confortáveis, porque quase ninguém gosta de ler manuais (o meu irmão que o diga).

    Sobre espalhar conhecimento neste país, isto sempre foi um gravíssimo problema, e eu o atribuo sempre à progressiva desvalorização do trabalho e do salário do professor de ensino fundamental. Um vexame, para um país que pretende ser “do futuro”.

    Futuro sem educação? O Japão saiu da guerra com o sofrimento de duas bombas atômicas,uma população ignorante, bárbara e imperialista. No entanto, o país foi reconstruido com um ensino fundamental fortíssimo e demandante. Só assim é que eles saíram da atmosfera medieval e se tornaram uma das maiores potências mundiais.

  12. Paulo,
    ainda bem que você é um Semi-aposentado. Se dependesse de mim, você seria contratado para falar de cinema nos quatro cantos desse país. Participei de uma concorrência (e perdi) suportada pela Petrobrás para dar aulas de cinema (o objetivo era divulgar os perfis de profissionais que o cinema absorve)em comunidades carentes das grandes cidades. Essa atividade agregaria valor na redução da violência. Só para lembrar; NÃO PARE DE ESCREVER.
    Abraços

  13. Amigos,

    Agradeço pelo incentivo que me têm dado. De fato, só quem teve a chance de ver este filme em tela grande de 70 mm é que pode aquilatar melhor o impacto das imagens. Embora nós hoje sejamos gratos aos nossos cinemas domésticos, lamentamos não poder repetir a experiência nas salas de exibição.

    O que na verdade, é um absurdo. Já de algum tempo, os americanos têm aproveitado as restaurações a 4K para exibir uma cópia digital nos cinemas de filmes antigos. E nós aqui temos condições técnicas de fazer o mesmo. Das notícias que eu li, primeiro foi De volta para o futuro, depois Os dez mandamentos e agora Taxi Driver. São as mesmas matrizes que são depois usadas para as edições em Blu-Ray.

    Apenas para esclarecimento, 2001 foi fotografado no processo Super Panavision 70, e a trilha sonora original é de 5 canais de som na tela e um surround, seguindo o mesmo formato do Todd-AO. Em cópias de 35 mm, o som é reduzido para 4 canais (3 na tela e um surround) ou mono.

  14. Caríssimo Paulo

    Muito boa a sua idéia de compartilhar com os amigos a sua visão sobre este clássico.
    Uma brilhante luz sobre o universo kubrickiano,
    que nos é muito caro.
    Parabéns!
    Voce precisa deitar mais tinta no papel – continue o seu bom trabalho e nós agradecemos.
    Um grande abraço de um sobrevivente daquela sessão no Roxy…

  15. Oi Paulo,
    Belíssimo texto. É aquele que estávamos esperando. Vem complementar tanta coisa que se escreveu e se falou sobre 2001…
    Tive o privilégio como você de ver a fita no lançamento lá em 1968 (já se vão 43 anos), no extinto Cine Majestic em São Paulo, também na bitola 70m/m. Quando você fala naquele corte seco, passagem de tempo dos macacos para a nave volitando no espaço, Danúbio Azul invadindo o ambiente, me vem a memória toda a emoção que senti naquele momento que foi de arrepiar. Só quem viu no cinema pode entender isso que escrevo. Além da imagem temos que considerar também aquele som que na época, se a memória não me falha, contava 6 canais magnéticos.Tenho em mãos uma tira de fotogramas do 70 de uma outra película e a trilha é visível. Em dado momento da projeção ouve-se um silvo estridente que quase ensurdece a platéia que está pasma de tanta riqueza num só filme. Saí da sala meio atordoado. O cérebro tentando processar tanta informação!
    Gostei também das assertivas filosóficas do Nolan.
    Abraço.

  16. Oi, Nolan,

    Obrigado. Suas palavras apenas corroboram a idéia de que “2001” é um filme multifacetado e aberto a várias interpretações.

    Sobre um livro, existe uma proposta em aberto que eu estou estudando, mas não para publicação em papel. Vamos ver no que vai dar, e eu te aviso se for para frente.

  17. Muito bom o teu artigo.Odisséia no Espaço marcou profundamente minha vida,pois foi através dele que viajei até a lua e além.Já tinha “pescado” os rudimentos da filosofia do filme e me lembro na época ter discutido com amigos e familiares,o pensamento de Clarke e a “teoria de Darwin”,com a qual concordo parcialmente.A “origem” da vida por exemplo,para mim é uma falácia.Ela existiu sempre,e por mais que os cientistas(a maioria prepotente e idiota)tentem,jamais irão me convencer de que o universo e a vida tiveram um início.Eles existiram sempre e a vida era (e é) implantada em novos corpos celestes e eliminada nos velhos.Está para nascer o sábio que me convença que a vida brotou “espontaneamente” de uma bola de magma e gás expulsa do sol e tornada pedra sólida no espaço.Esfriar magma no espaço não cria agua,oxigênio ou qualquer outro elemento.A bolota de pedra que hoje chamamos de Terra iria ficar no espaço,congelada para sempre,não fosse………..????
    Olhe,Paulo,isto não tem nada a ver com religião ou Deus,mas que tem algo mágico e insondável que a nós humanos,NUNCA será explicado,ah,isto tem.
    Parabéns pelo artigo(eu já mencionei que VC deveria editar um livro?)

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