Quem foi criança na década de 80 deve se lembrar muito bem de nomes como Odissey e Atari 2600. Esses games eram o máximo do entretenimento tecnológico da época, até porque foram os primeiros videogames.
Quem chegou a conhecê–los no seu auge, certamente jamais sonhou que um dia os videogames fossem chegar aonde chegaram: fantásticos aparelhos de 128 bits, bilhões de cores, milhões de instruções por segundo, joysticks futuristas, som com qualidade digital, capacidade multiplayer (vários jogadores disputando o mesmo jogo pela internet), compartilhamento, atemporalidade… isso é realmente muito diferente da realidade de seus precursores.
Acontece que a vida moderna reduziu violentamente, nos últimos dez anos, o tempo que as pessoas dispunham (vide situação atual do modelo de convívio familiar) para ficar em casa jogando videogame. Como a indústria algumas vezes antecipa (no caso do walkman) e outras vezes acompanha a evolução social (este caso), foram criados os videogames portáteis, que têm uma história de avanço tecnológico bem parecida com os consoles caseiros.
A premissa é que, com os portáteis, as pessoas poderiam jogar seus games em qualquer lugar, em filas, pontos de ônibus, nas mais diversas ocasiões. O problema é que, com o passar dos anos e a chegada dos aparelhos celulares, nasceu um inconveniente – a obrigação de se carregar dois aparelhos.
Devido a essa situação, a indústria associada (telefonia, tecnologia, eletro–eletrônicos e conteúdo / entretenimento / brinquedos) experimentou desenvolver jogos para celulares. Com isso, as pessoas teriam os dois aparelhos em um só. A crença da indústria estava correta em termos de facilidade operacional, mas errada em relação à qualidade gráfica e interativa dos jogos. Isso porque o celular, inicialmente, não permitia a mesma qualidade que os videogames garantiam aos jogos. Para o consumidor não era a mesma coisa em termos de diversão e emoção – e o recall referente a jogos em celulares ficou inicialmente negativo.
Hoje, vivemos um momento de convergência importante, de avanço tecnológico, como o ocorrido com os consoles caseiros e portáteis. Os atuais aparelhos celulares oferecem suporte a linguagens de ponta, como o Java 2 Micro Edition (J2ME), que foi desenvolvido especialmente para o mercado de pequenos dispositivos com recursos de processamento limitados.
O J2ME é um conjunto de especificações com o objetivo de disponibilizar JVM (Java Virtual Machine), API (Application Programming Interface) e ferramentas para equipamentos como pagers, telefones celulares, handhelds e videogames, entre outros, podendo variar os dispositivos e aplicações.
Vale realçar que existe uma certa confusão quando se fala de J2ME e Brew (Binary Runtime Environment Wireless). Várias pessoas acham que os dois padrões são concorrentes, mas isso não é verdade, uma vez que a tecnologia Brew funciona exclusivamente em aparelhos CDMA e emula várias linguagens de programação, dentre as quais o Java.
Graças aos recursos multimídia oferecidos pelos novos celulares e às novas bibliotecas para desenvolvimento J2ME, os usuários de telefonia móvel podem desfrutar de ótimos games desenvolvidos em Java e até “matar” um pouco da saudade dos antigos jogos de Atari e similares, que ganharam novas roupagens com essa tecnologia.
Muitos desses novos jogos têm a opção multiplayer, o que aumenta a diversão e o interesse dos jogadores. Existem, inclusive, torneios patrocinados por comunidades de jogadores (em proliferação) ou até pelos fabricantes de jogos, a fim de estimular o conceito de jogos interativos, multimídia em celulares.
É importante fazer constar que o Brasil já está exportando seus games em J2ME para países da Ásia e Europa. O Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R) é um dos mais respeitados no Brasil. Os games Sea Hunter e Gold Hunter estão chegando aos celulares de 40 operadoras de telefonia móvel em países do mundo todo (veja ao lado). Nossa competência em desenvolvimento é tanta que o game Sea Hunter foi o único ganhador no continente americano do concurso Asia Java Mobile Challenge, promovido pela Singapore Telecommunications (SingTel), enquanto o Gold Hunter se estabeleceu entre os 20 finalistas, conferindo à instituição um prêmio de US$ 5 mil.
Sem dúvida, os jogos desenvolvidos em Java estão crescendo de forma muito positiva. Esses jogos não estão no mercado para concorrer com os caros consoles que conhecemos, até porque existe uma limitação no processamento em aparelhos celulares, inerente ao device. Outro ponto importante é que, com o crescimento da telefonia móvel no Brasil, cada vez mais as comunidades “geeks” (aficcionados por tecnologia) terão oportunidades de participar da criação (cooperativa) de games em Java – ou simplesmente jogá–los. [Webinsider]
Webinsider
Artigos de autores diversos.
Uma resposta
deus