Sobre a campanha Get the Facts da Microsoft

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Alexandre Figueiredo

Já escrevi aqui alguns artigos sobre projetos baseados em software livre, mas desta vez gostaria de fazer algo diferente, inspirado por uma campanha publicitária da Microsoft chamada Get the Facts. [Nota do editor: uma versão desta campanha está sendo veiculada no Webinsider nesta data, veja no rodapé deste artigo]

Ou seja, vamos aos fatos. O que esta campanha quer provar? Tecnicamente é muito superficial, mas preocupa porque pode levar a interpretações equivocadas.

Assim, alguns fatos devem ser considerados e cada um tire suas conclusões.

Uma pesquisa realizada ano passado, na Alemanha, mostrou que 80% dos usuários conseguiram executar suas tarefas diárias sem complicações em estações de trabalho com Windows e depois em estações GNU Linux com KDE.

Outra noção comum é a de que não existe desktop à altura do Windows. Já comentamos sobre isso (veja artigo ao lado). Pessoalmente, prefiro o GNOME (ao lado), que por acaso achei mais simples que o Windows XP da minha irmã. O KDE (ao lado) tem tudo – aplicativos de escritório e de internet, tudo integrado, parece o… deixa pra lá.

Dizem também que o Linux não tem suporte. No entanto, empresas como IBM, Sun, HP, Dell, Novell, Intel e Apple apoiam e prestam serviços especializados para o sistema operacional do pingüim.

E sobre servidores, a maioria das empresas geralmente usa Unix, como Solaris da Sun, AIX da IBM, HP–UX da HP ou IRIX da Silicon Graphics. Essas empresas normalmente possuem uma equipe de profissionais pronta para atender servidores RISC e CISC. Será que eles não sabem administrar um servidor Linux? Os profissionais que conheço usam Linux no desktop doméstico e, quando podem, também no desktop corporativo. Isso porque alguns lugares não permitem um desktop Linux por padrão, por política interna ou por existir uma aplicação importantíssima que só roda em desktops Windows.

Algumas propagandas usam o ROI (Return of Investment/Retorno do Investimento) como índice ou “nota de classificação”, no sentido de um investimento ser melhor ou não. Calcular o ROI é difícil e sujeito a falhas, pois certas variáveis muito subjetivas às vezes não são levadas em conta. Um cálculo de ROI usado como ferramenta de marketing? Tecnicamente, é pior que a briga irracional da SCO com a Comunidade Open Source.

Se a mesma máquina que roda Windows NT ou 2000 rodasse Linux, poderia prestar um serviço melhor, sem tantos boots e ser “esquecida” num canto do datacenter. Tudo bem, exagerei, backup é sempre importante, não importa o sistema operacional.

Ano passado, um relatório, por acaso financiado pela Microsoft, mostrou que um servidor de arquivos, rodando Windows, era mais rápido que um servidor Linux rodando Samba (o nome Samba vem da SMB, Server Message Block, que permite que as máquinas Linux falem com as máquinas Windows usando NETBEUI/NetBIOS ou porta TCP/IP 137 a 139). Alguns dias depois, o próprio criador da aplicação se pronunciou contra o resultado da pesquisa. E mais, ele refez os testes e mostrou a falta da configuração, já documentada. O resultado foi bem diferente do relatório anteriormente apresentado.

Bom, acho que mostrei alguns fatos para que o leitor tire suas próprias conclusões. Não, não sou radical. Apenas conheço os dois mundos, o bastante para estar vacinado contra campanhas publicitárias sem base técnica. Na verdade, o importante é o uso correto dos elementos, ressaltando as suas qualidades, quase como uma química. [Webinsider]

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Artigos de autores diversos.

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