Nos últimos dois meses, fui convidado para, no mínimo, 10 despedidas de amigos e amigas que se mudaram do Recife para o mundo. Temporariamente ou não, deixaram nossa cidade querida – e meus largos abraços – competentes jornalistas, publicitários, webdesigners, músicos, cientistas sociais, webwriters, videastas. Mas, deixando o saudosismo de lado, que loucura é essa? Para onde diabos vai esse povo todo? E, principalmente, por quê?
Se sua experiência e seu repertório cultural lhe dizem que não há nada de novo nisso, infelizmente, sou obrigado a concordar. Desde de que o mundo é mundo e o Brasil é o que é, nordestinos migram para São Paulo ou para qualquer outro canto que ofereça condições mínimas de trabalho. Difícil mesmo é ver a coisa toda saltar dos livros e acontecer com gente próxima ou com você mesmo.
Falta mercado. Esse é sempre o primeiro motivo para o êxodo. No caso dos profissionais de web, com um agravante – o medo. Pior que fobias próprias, o medo que os clientes têm de investir em algo novo. Uma cultura reacionária que se espalha tanto na esfera estatal quanto na privada há séculos. A conseqüência imediata é uma involução do mercado digital local. Clientes medrosos geram empresários medrosos. E empresários medrosos e sem verba, trabalhos sem qualidade, pouco criativos e sem nenhum diferencial. O processo estagna e bons profissionais tornam–se caros e dispensáveis. E aí, lá vamos nós, paraíbas, discutir digital solutions em São Paulo.
Colocar a culpa disso tudo no cliente seria, talvez, irresponsável e injusto. Inclusive, por que há vários casos muito bem sucedidos de e–commerce, sites institucionais, promocionais e governamentais por aqui. Talvez a culpa disso tudo seja do governo, que sobrecarrega os empresários com impostos absurdos; talvez das faculdades que formam pseudo–empreendedores; talvez dos seus avós, arcaicos senhores de engenhos. Talvez até dos nossos índios que não resistiram ao domínio mercantilista português. Mas acho já vou longe demais.
A verdade é que, enquanto o resto do mundo oferecer oportunidades deslumbrantes de crescimento intelectual e profissional, nossos talentos escoarão sem pensar duas vezes. Afinal, não dá pra ter uma carreira profissional e ser um revolucionário ao mesmo tempo. Ou dá? Por enquanto, prefiro rever meus amigos. [Webinsider]
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket
Mais lidas

O áudio esotérico ainda está por aí!
abril 14, 2025


David Lean, o maior cineasta de filmes épicos que já vi
abril 8, 2025

Jack Reacher: dos filmes ao seriado
abril 4, 2025

Preservando o som quadrafônico
março 31, 2025

DRM: a luta contra a proibição de cópias continua
março 27, 2025
Mais conteúdos

O custo de fingir que tem um negócio de sucesso
abril 17, 2025

O áudio esotérico ainda está por aí!
abril 14, 2025


David Lean, o maior cineasta de filmes épicos que já vi
abril 8, 2025