A internet proprietária: quando software e hardware aprisionam

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Nós gostamos de novidades. E no mundo da tecnologia pessoal, novidade é o item de maior venda e lucro. A síndrome do dispositivo brilhando de novo, última geração, com aquelas funções todas que você não usa (mas quer e tem), em cores e formatos vibrantes e chamativos, tem sido a característica de maior fascinação e persuasão na compra de tecnologia pessoal. Estão aí a Apple, Facebook, Google e Samsung que não me deixam mentir.

Redes Sociais? Uma oportunidade de ouro para empresas conectarem com potenciais clientes. Smartphones? Tablets? Novamente, dispositivos móveis sensacionais para manter seus potenciais clientes bem próximos do seu negócio.

Contudo, antes de se apaixonar perdidamente por estes objetos tentadores, é importante saber o que está ficando para trás: muitas das ferramentas que hoje usamos sem problemas quando se trata de marketing online. A web internet, com toda a sua padronização de anos a fio, está se tornando no que muitos estão chamando de Splinternet – uma rede despedaçada, sem padronização, onde ferramentas tidas como universais passam a funcionar aprisionadas a um contexto de software e hardware bastante específico. Eis o que está acontecendo.

A web internet (como conhecemos) dispõe de padrões desenvolvidos nos últimos 20 anos que tem tornado viável o marketing online. Muitas empresas gastaram bilhões em marketing interativo em 2009 – mais de US$25B ou 12% do total gasto em marketing, diz o Forrest Research. São ferramentas que funcionam em qualquer PC ou browser da mesma forma, transparente quanto ao contexto de software e hardware em que o usuário está inserido.

As telas dos PCs podem ser diferentes (e são!), mas até em telas minúsculas de celulares os sites desenvolvidos com as ferramentas padronizadas para a web conseguem mostrar os seus respectivos designs gráficos de forma a torná-los usáveis por qualquer um. Quando queremos ter acesso a um site na web, simplesmente usamos qualquer browser e qualquer hardware sem maiores problemas. O Adobe Flash torna páginas interativas e pode ser executado em qualquer tipo de PC. O Google pode realizar suas buscas na web sem se preocupar com o tipo de software e hardware. Pageviews e click-thoughs podem ser medidos na web. Podemos usar Google Analytics para saber o que está funcionando. Tudo isso funciona porque a web internet opera sobre um conjunto de padrões que permite ver e conectar a tudo que foi desenvolvido para a ela.

Todavia, com os novos e atraentes dispositivos, isso não é possível. No IPhone, por exemplo, páginas desenvolvidas para Web podem não funcionar uma vez que a Apple decidiu não dar suporte ao Flash. As aplicações (ou apps) para IPhone funcionam apenas e tão somente no IPhone e nos dispositivos da Apple. Isso também é verdade para os aparelhos Android. A mesma coisa para o Windows Phone. E, mesmo diante de sua derrocada, se repete para a RIM e seu Balckberry. Ou seja: na migração da web internet para a app internet a coisa toda perdeu a padronização de décadas.

Com o surgimento do contexto de aplicações de logins, como Facebook e Foursquare, por exemplo, a internet perdeu sua padronização em nível de contexto de software. Uma aplicação de login é aquela que você tem de obrigatoriamente entrar nome e senha para ter acesso. Toda rede social é uma aplicação de login. Uma vez dentro dela, você está envolto por um contexto de utilização completamente particular a aplicação em pauta. No Facebook, uma vez dentro dele, o mecanismo de busca do Google não enxerga nada. Muitas pessoas dentro do Facebook podem estar falando sobre o seu produto/serviço, mas os mecanismos de busca, desenvolvidos para a web internet, não veem toda essa atividade. O mesmo acontece com qualquer outro contexto de aplicação de login. A incompatibilidade reina soberana.

O que aconteceu? Bem-vindo a Splinternet. É uma tendência forçada goela abaixo por questões de competitividade das empresas líderes do mercado de tecnologia pessoal. Essa onda é tão forte e avassaladora (é barato e fácil de usar) que tem definido o que as empresas devem usar em ambiente corporativo. Afinal, de onde surgiu o movimento BYOD (“bring your own device”)? BYOD permite que o funcionário utilize seu próprio equipamento pessoal (laptop celular, tablet, etc.) como equipamento da empresa – algo impensável no passado por motivos de segurança.

Não se surpreenda se o Facebook lançar um browser, tablet ou smartphone (ou todos?) em que o usuário, ao ligá-lo, já cai imediatamente dentro da rede – e usa a internet a partir deste contexto. A Apple já anunciou a sua iTV. O Google tem um carro sem motorista, guiado pela sua cloud, andando pelas ruas nos USA. A SmartTV da Samsung permite que você use a internet a partir dela, é claro.

Estamos evidenciando o fim da era de ouro da web internet – e dando boas-vindas a um mundo completamente despadronizado, controlado por empresas que vivem brigando nos tribunais pela paternidade de patentes. Para mal, para o bem, bem-vindo a SPLINTERNET. [Webinsider]

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Miguel F. Gouveia, CEO da Brains@work Consultoria & Assessoria Empresarial, empresa especializada em posicionar negócios online.

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2 respostas

  1. Excelente artigo, Miguel! A Internet agora tem nome e sobrenome. Isso nos faz pensar que a nova internet parece mais como uma linha de montagem de carros, onde as peças (app’s) não podem ser usadas por outras marcas (dispositivos).

  2. Ótimo texto, lúcido e pertinente. A opção por tecnologias e plataformas abertas na web garantem interoperabilidade e menores custos de desenvolvimento e distribuição. Também consolidam os príncipios que nortearam a criação da web por Tim Berners -Lee nos anos 90 e que são os pilares do W3C (Consórcio World Wide Web): Plataforma Open Web – Uma Web para todos, em qualquer dispositivo, em qualquer lugar, em qualquer cultura, segura e confiável!

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