Com o avanço do OLED poder-se-ia supor que as telas de LCD estão com os dias contados, ainda mais agora que o OLED entra na sua geração 4K. Correto? Ledo engano. A indústria vem percebendo que muita coisa ainda se pode conseguir de aprimoramento nas atuais telas de cristal líquido.
O segredo, se é que se pode chamar assim, é modificar tanto a estrutura do pixel de LCD quanto o backlight, e o que está se vendo são avanços em ambos os campos.
Pixels e subpixels tiveram a sua composição alterada, com a ajuda de polímeros, e com a diminuição do tempo de resposta, por exemplo, mas nenhuma modificação obtida serviu para aumentar a gama de cores na tela. Para conseguir atingir este objetivo, foi preciso investir em pesquisa das fontes de luz (backlight) utilizadas.
Depois do advento da iluminação por LED houve um avanço considerável e significativo na qualidade da imagem obtida, mas o tempo mostrou que alguns dos méritos da luz de LED ainda poderiam sofrer algumas modificações.
O problema central está no espectro de emissão do LED azul InGaN (composto pelos nitretos de gálio o e índio), dopado por aluminato de ítrio, contaminado com cério (Ce:YAG, onde YAG é granada de ítrio e alumínio), de modo a se obter o chamado LED Branco, com a combinação do azul com o amarelo do composto dopante:
O espectro de emissão do LED branco mostra um desbalanceamento em favor da emissão da cor azul (450 a 495 nm), obrigando o uso de filtro adequado nas telas com este tipo de backlight.
A introdução de Quantum Dots
Quantum Dot ou QD (poder-se-ia traduzir como “Pontos Quânticos”) é um tipo de nanocristal (partícula menor do que 100 nm) semicondutor de energia. Com cerca de 2 a 10 nm de diâmetro, este tipo de nanopartícula fluoresce (emite luz) dependendo da energia excitadora que incide sobre ela. O QD tanto se comporta como uma partícula fotoluminescente (caso das telas de TV) como eletroluminescente.
Sob o ponto de vista da estabilidade eletrônica o uso de QD é promissor. Analistas comentam serem partículas estáveis, exceto se muito próximas da fonte excitadora. O QD pode também ser depositado com sucesso em suportes sólidos ou mantido em suspensão, o que facilita a montagem nas telas.
É exatamente no depósito em suporte sólido que a inovadora Nanosys resolveu apostar. A empresa propõe uma construção de tela inserindo uma placa de QD entre o backlight e a camada de LCDs.
A sua concorrente e igualmente inovadora QD Vision propõe uma abordagem um pouco diferente: as partículas são encarceradas em um tubo, e este interposto entre a fileira de LEDs e a placa dispersora de luz.
Em ambos os casos, o elemento excitador usado é o LED de cor azul. Quando a luz passa pelo suporte com partículas QD o resultado é a emissão de luz branca, esta direcionada à camada de LCD, na frente da tela.
Esta luz branca tem um espectro de emissão mais uniforme (o pico de luz azul previamente encontrado no LED branco praticamente desaparece) e a gama de radiação emitida é bem superior aos atuais limites, o que significa imagens com cores mais saturadas e compensadas nas variações de escala.
Saturação, estabilidade e maior gama de cores na tela, sem falar na economia de energia, são alguns dos atrativos que estimularão os fabricantes de televisores a oferecer novas opções de construção de telas LCD, independente da tecnologia utilizada.
Tal fato se soma a outras inovações concorrentes, todas propícias para a futura introdução do Blu-Ray 4K, que demandará uma maior performance do sistema como um todo, particularmente o das telas usadas.
A propósito, o Blu-Ray 4K per se promete realizar a transmissão de sinal UHD de alto desempenho de maneira estável, já que o percurso de sinal via cabos HDMI é significativamente menor do que as transmissões por outros meios como, por exemplo, nos dispositivos de streaming, que dependem de sinal externo.
As aplicações de telas com tecnologia QD não se restringem aos televisores, podendo ser usadas em dispositivos menores, como telefones ou tablets. O futuro dirá, provavelmente já este ano, se a tecnologia QD irá avançar ou não. [Webinsider]
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Paulo Roberto Elias
Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.
2 respostas
Olá, Rui,
O espectro de emissão é o mesmo das telas normais de TV, puxando para um lado ou para o outro, de acordo com a tecnologia usada e o modelo.
Quanto ao consumo eu não saberia lhe informar corretamente, e no caso você teria que recorrer a alguém do setor de engenharia que trabalhe nesta área, e de preferência um profissional que tenha chance de ter esta medida à disposição em algum manual de serviço ou de especificações dos chipsets das telas.
Ola Paulo.
Voce saberia dizer-me qual é o comprimento de onda de cada cor dos dots da tela de um tablet e o quanto mW eles emitem individualmente?