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DRM: a luta contra a proibição de cópias continua

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DRM: as proteções contra a reprodução e/ou cópia de discos no computador prosseguem em discos novos.

Pelos meus cálculos já são decorridos 18 anos em que eu me debrucei sobre o famigerado assunto DRM (Digital Rights Management), que cobre um conjunto de iniciativas feitas para impedir a cópia de qualquer mídia.

Indo aos alfarrábios, eu descobri que havia escrito para o meu site pessoal da época alguns artigos abrangendo o DRM propriamente dito e o HDCP (High Definition Copy Protection), implementado na conexão HDMI, uma verdadeira praga, que traz até hoje uma dor de cabeça a quem usa. Anos depois, eu estive às voltas com a proteção infame, que levou o nome de Cinavia, introduzida explicitamente na fabricação de discos Blu-Ray.

Na mídia de áudio e vídeo em ambiente analógico era tudo diferente, e bem menos elaborada a maneira como se fazia uma cópia de conteúdo. Um elepê, por exemplo, geralmente era copiado em fita magnética, primeiro rolo e depois cassete. O videodisco era transposto também para uma fita de videocassete, geralmente VHS e depois SVHS. Em ambiente digital, tudo isso mudou radicalmente e se tornou um obstáculo para muita gente.

Durante todos esses anos, eu vi na indústria protetora todo tipo de malabarismo. Um deles chegou a ser patético e foi rapidamente abandonado: o da proteção contra cópia de um CD. Eu ainda tenho na minha coleção vários discos deste tipo. O aviso está estampado na contracapa do disco. A “proteção” iria impedir a reprodução do disco em um drive de computador, a não ser que um player incluído no disco fosse instalado. O processo de instalação em si era potencialmente perigoso, e não adiantava nada.

Abaixo eu mostro um CD protegido contra cópia, lançado pela Odeon, que fez uso desta proteção durante muito tempo:

image001 2

A proteção leva o nome de “Cópia Controlada”. O diretório do disco nos mostra o “player” que deve ser instalado para reproduzir o disco em um computador.

As proteções da era Blu-Ray que duram até hoje

São inúmeros os algoritmos de proteção usados para impedir a cópia de um disco Blu-Ray. Cerca de 2 anos atrás, eu compilei e discuti vários tipos de proteção de discos, e comentei sobre o então esquema de proteção que obrigava o usuário a somente usar um computador Intel para reproduzir qualquer disco. O esquema era o SGX (Software Guard Extensions).

Essa exigência foi rapidamente derrubada por aplicativos, como, por exemplo, o AnyDVD HD e similares. No final, a Intel tirou o time de campo e quem se ferrou nisso foram aqueles que tinham os computadores exigidos.

Programas de reprodução como o PowerDVD, da Cyberlink, haviam imposto a presença do SGX no BIOS, e com o término do sistema de proteção pela Intel, a empresa ficou sem jeito de explicar aos seus usuários a lambança que depôs contra o programa deles.

O mais inacreditável ainda é que depois da versão 22 do PowerDVD a reprodução de qualquer Blu-Ray foi excluída de vez. Eu vinha atualizando o programa todo ano, mas depois do anúncio que a versão 23 não tocava mais Blu-Ray 2K ou 4K, eu parei de atualizar. E mais ainda, impeço até hoje qualquer tipo de atualização da versão 22, que ainda roda no micro. Eu não uso e nem vou usar o computador para assistir filmes ou ouvir música. Mas eu preciso do PowerDVD e outros aplicativos como referência para inspecionar o conteúdo de discos, antes de escrever os meus textos para o Webinsider.

O fim do AnyDVD HD

Para tornar a reprodução de Blu-Ray 2K ou 4K por qualquer software é preciso um utilitário como o AnyDVD HD, que eu uso há muitos anos. Dias atrás, o AnyDVD parou de rodar e eu tive a surpresa de saber que desde aproximadamente junho do ano passado a Redfox havia fechado as portas. Como o programa deles continuava funcionando até recentemente eu não sei. Provavelmente porque o servidor da Redfox continuava operando. Já o fórum deles desapareceu faz tempo.

O AnyDVD HD foi originalmente escrito e vendido pela Slysoft, com sede em Antigua (Caribe), que encerrou as suas atividades sem maiores explicações. Nem precisava: o exército do DRM parece que conseguiu que o site deles fosse impedido de ir ao ar. O mesmo grupo se mandou para Belize, na época longe do alcance da MPAA, e abriu um novo site, com o nome RedFox. Os seus donos não aceitaram mais o registro do “novo” AnyDVD HD com a licença antiga, obrigando todo mundo a comprar uma chave nova. Agora, com o fechamento do RedFox, o programa ficou totalmente inútil.

Na busca por um utilitário que tivesse as mesmas funções do AnyDVD HD, eu achei até agora apenas duas opções: uma, bastante cara, do antigo site DVDFab, que oferece um programa chamado Passkey, e a outra, muito mais em conta, que leva o nome de Xreveal, com versões gratuita e paga.

O pessoal do DVDFab oferece o Passkey em versões separadas, para uso com algum tipo específico de mídia. E uma versão com tudo junto, tipo “All-In-One”, mas aí o preço ao usuário vai nas alturas.

Com o Xreveal a situação é bem diferente: apenas um único aplicativo desprotege todas as mídias, tal como o antigo AnyDVD HD. Existem duas versões, uma gratuita e outra Pro, que permite a aquisição do uso por mês ou com a aquisição da chave permanente. Esta última gera uma despesa em torno de 40 dólares, super mais em conta do que aquelas do Passkey, que giram em torno de 200 dólares na versão que desbloqueia tudo.

Eu instalei a versão gratuita do Xreveal, para testes. É preciso fazer o programa rodar antes de colocar o disco no drive, fazendo com que ele trabalhe no background. É possível e mais prático mandar o programa rodar na inicialização do Windows também. Depois do disco rodando, o programa examina o conteúdo e informa o progresso do exame em um mensagem “pop-up” no canto inferior esquerdo da tela:

image003

Tal mensagem é similar ao AnyDVD. Se a versão gratuita do Xreveal não conseguir achar a chave de desbloqueio do disco, aparece uma segunda mensagem, perguntando se o usuário quer pesquisar a chave daquele disco:

image005

Todas as chaves de acesso aos discos estão compiladas em um arquivo chamado KeyDB.cfg, instalado em um diretório apropriado, que pode ser mudado, se o usuário quiser. Normalmente, o banco de dados das chaves, e que é usado por muitos aplicativos, pode ser baixado diretamente no site distribuidor das chaves. O arquivo KeyDB.cfg é constantemente atualizado, quando novos discos são lançados.

A versão gratuita deve ser instalada com um plug-in, que permite a busca da chave apropriada. Durante os meus testes, bastou mandar o Xreveal procurar a chave on-line, e o disco ficou desbloqueado. Mas, em outros discos, a chave não foi descoberta. Eu contactei o suporte, e eles me pediram para rodar um programa incluído no aplicativo, que faz um “dump” (“descarregar”) do conteúdo do disco. De posse dessas informações, o suporte manda a chave por e-mail, e esta tem que ser incluída manualmente pelo usuário. N.B.: o bloco de notas do Windows lê e salva o arquivo KeyDB.cfg. Abaixo, eu mostro um trecho editado deste arquivo:

; KEYDB.cfg

; 2017-09-03 22:09:23

;

; server: http://www.labdv.com/aacs

; processing keys: 18 (18 from doom9.org forum)

; host certificates: 8 (7 from doom9.org forum)

; disc VUK keys: 24010 keys for 23999 discs (0 from doom9.org forum)

 

; processing keys

0xE8395ADAEA95C918466ED000C4D824932DAF8F16 = LUCYUHD_NA | U | 1-0x3A7DCAE4F099D2BA0C5C7F2AFC9640B0

Notem que na primeira linha depois de “;processing Keys” foi inserida a chave solicitada, destinada ao desbloqueio do filme Lucy em 4K. Depois disso, foi necessário reinicializar o Xreveal, e no exame de disco seguinte, o conteúdo do mesmo se tornou disponível.

Vários reprodutores de disco ótico disponíveis para o computador recorrem ao banco de dados do arquivo KeyDB.cfg, como, por exemplo, o popular VLC, que muita gente usa para tocar discos.

Entretanto, não se pode ter certeza de que o banco de dados especificamente baixado por algum aplicativo possa ser usado por outros aplicativos. No meu caso, eu achei preferível desbloquear para todos os aplicativos indistintamente, e desta maneira facilitar todas as tarefas que eu precisar, a qualquer momento.

Na versão Pro do Xreveal, os autores dizem que tudo funciona automaticamente. O programa é essencialmente o da versão gratuita, mas na compra da chave o resto dos recursos são liberados.

Tudo isso, todo esse transtorno, teria sido evitado se não fosse a teimosia da MPAA em encomendar novos métodos DRM de proteção. Vejam que o pirata vai sempre dar um jeito, mas o usuário final, que tem direito a fazer cópia do disco que ele ou ela compraram vai se ver em palpos de aranha para conseguir levar as suas cópias para onde quiser e preservar o original, que pode ter custado bastante caro!

Existe, no entanto, uma ironia nisso tudo: em tempos de streaming de áudio e vídeo, a relativo baixo custo, quem afinal vai se importar ou se incomodar com cópia de discos? O problema de desbloqueio irá sempre ficar restrito aos colecionadores de mídia. Se o colecionador não usa um computador para a reprodução, então ele ou ela não irão também se incomodar com tudo isso!  [Webinsider]

. . .

 

Cinavia, proteção injusta para o usuário

Cópia de mídia ótica: pseudo proteções para o uso no computador

Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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