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Na década de 1970 vários cineastas inovaram em Hollywood, fazendo cinema de boa qualidade e fora dos padrões comerciais. Arthur Penn, com Pequeno Grande Homem, foi um dos meus cineastas favoritos.

 

Nos meus dias de frequentador de cinemas de arte e cinematecas, o nome de Arthur Penn se tornou sinônimo do cinema contemporâneo americano, em oposição ao tradicional cinema comercial da Hollywood antiga.

Muito antes dos cineastas americanos seguirem esta linha de criatividade, a Europa já tinha feito a sua parte, notadamente a França, com a Nouvelle Vague. Porém, o tradicional contar de estórias norte-americano não ficou para trás e assim o movimento de arte em Hollywood foi chamado de “New Hollywood” apropriadamente.

Dentre os filmes do diretor Arthur Penn ganhou destaque Little Big Man (no Brasil, O Pequeno Grande Homem), de 1970. O ator Dustin Hoffman, quer faz o personagem chave do filme é, na realidade, um homem de fato baixo (1,65 m de altura), mas no enredo a sua estatura pouco importa, e sim o fato de ele ter sido um homem de pouca expressão, mas com uma vivência rica, que o fez passar por gerações em situações completamente diferentes.

O filme encerra diversos tipos de análise e crítica sobre a situação americana perante outras culturas, particularmente no primitivismo do lado oeste do país, focalizando a atenção na cultura dos índios, reconhecidos como “americanos nativos”.

Entre as sequências mais interessantes, uma delas se destaca, quando o velho cacique Old Lodge Skins, emulado de avô de Jack Crabb (Hoffman) o chama para subir o morro e esperar que ele morra. Nos diálogos ele diz que “hoje é um bom dia para morrer”, frase essa repetida no filme Star Trek: First Contact. na boca do Klingon Worf, em uma batalha do início do filme considerada perdida.

Little Big Man traça uma trajetória da vida de Jack Crabb, desde a sua captura pelos índios até a sua incorporação compulsória na sociedade americana. O roteiro explora cada uma dessas fases, mostrando evidências de uma sociedade corrompida pela ambição e pelo autoritarismo, onde a lei é o que menos importa.

Adolescente e sem experiência de vida, Jack Crabb é seduzido pela mulher de um reverendo, a Sra. Pendrake (Faye Dunaway, em um dos seus melhores papéis), uma mulher obcecada por sexo.

Em outros momentos de sua vida, Crabb experimenta de tudo e muda de personagem a cada etapa. Um desses momentos importantes do filme, Crabb se defronta com o General Custer, uma lenda viva dos filmes do gênero. Custer neste filme é um narcisista paranoico, determinado a matar todos os índios que ele encontra, mas tem o seu final na batalha de Little Big Horn, massacrado pelos indígenas.

Arthur Penn foi provavelmente um adepto da contracultura. No contexto do seu filme sobre o oeste americano, ele desconstrói todos os mitos criados por Hollywood a este respeito. E não só sobre a sobrevivência dos índios e da cultura indígena, mas da sociedade emergente, sem escrúpulo e corrupta.

A Nova Hollywood não durou muito tempo. Já faz muitos anos em que muitos cineastas daquela época se afastaram ou morreram, deixando as suas obras para trás. Já se foi o tempo em que cinéfilos procuravam nos cinemas cineastas como Robert Altman, que fez filmes como MASH ou Voar É Com Os Pássaros, por exemplo.

Na Hollywood de hoje prevalece o espírito da Velha Hollywood, com objetivos meramente de produzir filmes que tenham sucesso na bilheteria, e quando atingem este objetivo os roteiros e personagens são repetidos à exaustão. Sem nenhum critério de inovação. Neste processo pouco criativo não há espaço para cinema de boa qualidade, com cada vez mais raras exceções. [Webinsider]

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Combatendo guerras… com humor negro!

Sally Kellerman e a lembrança de MASH

Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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