A importância histórica de Star Wars no cinema moderno

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Star Wars e sua importância para o cinema moderno

Star Wars, creditado como o primeiro filme com Dolby Stereo, foi exibido com grande sucesso comercial. O formato do som ajudou a montagem dos primeiros home theaters e ficou nas películas exibidas nos cinemas.

 

Em 1977 Star Wars: Episode IV – A New Hope foi lançado nos cinemas com o nome de “Star Wars” (no Brasil, literalmente Guerra Nas Estrelas). O filme havia sido dirigido por um jovem cineasta chamado George Lucas, e prometia apresentar novidades técnicas.

Durante a maior parte da década de 1970, os filmes rodados em Panavision 35 mm passaram a ser apresentados sem as trilhas originais do formato, com 3 canais na tela e um canal surround, herdadas do CinemaScope. A gravação dessas trilhas era feita com a inserção na película de bandas magnéticas de alta fidelidade. Naquele momento fa década de 1970, entretanto, o som passou a ser reproduzido em Mono, com uma única banda ótica.

A mídia magnética trouxe não só a alta fidelidade de som aos filmes, como a possibilidade de gravar trilhas sonoras em múltiplos canais, o que foi feito com o uso de filme magnético de 35 mm. As bandas magnéticas são inseridas nas películas de 35 e 70 mm:

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Abaixo se pode ver a imagem de um projetor Cinemecanica Victoria 8, o mesmo modelo que foi usado no Cinema Metro Boavista, com lentes Curvulon para projeção em D-150 70 mm. A unidade leitora das bandas magnéticas (35 e 70 mm) está localizada no topo do projetor:

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A reprodução por bandas magnéticas havia atingido problemas técnicos, nunca muito esclarecidos pelos estúdios, e mesmo que as trilhas tivessem sido gravadas em som multicanal, nos cinemas elas continuavam a ser apresentadas em mono.

O problema maior da banda ótica sempre foi a baixa resposta de alta frequência e a baixa relação sinal ruído. Além disso, a gravação ótica na película estava limitada a um único canal. A divisão da banda para 2 canais já havia sido tentada, mas sem sucesso, por causa do nível de ruído.

Mas, uma série de melhoramentos foram paulatinamente introduzidos, como, por exemplo, a retirada da prata da banda ótica, um dos causadores de ruído. Depois da divisão das trilhas óticas em dois canais restava ainda como resolver a reprodução multicanal dos filmes em 35 mm.

Os laboratórios Dolby vinham trabalhando com redução de ruído fazia tempo. Na área profissional foi desenvolvido o Dolby A, usado em estúdios de gravação. As matrizes codificadas com Dolby A eram decodificadas (realinhadas) para o corte de acetato dos elepês.

O Dolby A foi também usado para a codificação da banda ótica dividida em dois canais, resolvendo assim de forma satisfatória a pobreza da relação sinal/ruído. Para converter os dois canais para os quatro canais do CinemaScope foi usada uma codificação matricial.

O projeto de separação da trilha ótica em dois canais foi aperfeiçoado na Dolby e levou o nome de Dolby SVA (Stereo Variable Area), sendo que o termo “Variable” se refere ao tipo de banda ótica usada. O sistema trabalha com 4 canais encarcerados matricialmente em dois canais.

Na área clara e variável da banda óptica a luz de uma lâmpada excitadora (ou de um diodo laser) passa pela película e vai ser recebida por um sensor, tipo célula fotoelétrica ou equivalente.

Em princípio, todos os formatos de áudio podem ser gravados ou codificados em uma única película:

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O formato matricial (estéreo com sinais fora de fase para os canais surround) já tinha sido usado na fabricação dos elepês quadrafônicos, aliás com a formulação de mais de um tipo de matriz, como SQ e QS, por exemplo.

No elepê, a matriz gerava dois canais surround, além dos canais frontais. Para o padrão da Dolby, a fórmula da matriz foi modificada desta forma: um dos canais surround passou a ser reproduzidos na frente, como canal central da tela. O segundo canal surround se tornou um canal surround mono.

O diagrama abaixo mostra esta diferença entre as matrizes. As modificações estão assinaladas na figura em vermelho:

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Notem que no elepê quadrafônico e no Dolby Stereo os dois canais esquerdo e direito frontais são mantidos. Assim, se um elepê quadrafônico fosse reproduzido sem um decodificador o som sairia em estéreo convencional. No caso dos cinemas, na ausência do decodificador, o som dos dois canais seria somado e reproduzido em mono.

Na era do home vídeo os dois canais matriciais foram mantidos, e assim foi possível criar um som multicanal dentro de casa, a partir de um videodisco ou videocassete estéreo de dois canais. O primeiro decodificador doméstico foi batizado com o nome de Dolby Surround.

Star Wars e a saga de George Lucas

Embota Guerra Nas Estrelas tenha sido creditado e reconhecido como o primeiro filme feito em Dolby Stereo, na realidade este formato já havia sido usado em Lsztomania, filme do diretor Ken Russel de 1975.

George Lucas se formou em cinema na Universidade do Sul da Califórnia (USC), em uma época em que cineastas emergentes estavam procurando seus espaços na indústria de cinema em Hollywood. Ele e Francis Ford Coppola se uniram a outros, e fundaram uma pequena empresa com o nome de American Zoetrope, em um esforço para vencer barreiras. No início, Coppola teve mais êxito e Lucas nem tanto;

O início de George Lucas como cineasta foi puramente acadêmico. Chegou a filmar American Graffiti, com base na sua experiência de vida em Modesto, California, onde nasceu. Anos depois, ele se aventurou na realização de Star Wars, projeto ambicioso, baseado na antiga cultura do cinema de ficção espacial.

Logo no início o cinéfilo experimentado nota a lembrança dos antigos seriados das matinês, como, por exemplo, Buck Rogers. Este tipo de filme seriado era tirado dos quadrinhos, com amplo sucesso no público mais jovem. Lucas apelou para o mesmo sentimento da sua potencial plateia e deu certo. Logo nas primeiras cenas, os cortes de tomada usados lembram os antigos seriados.

Muita coisa já se falou sobre Star Wars, e muitos mitos sobre a estória foram criados, mas no final o filme está muito mais ligado a um filme de aventura espacial, com conotações épicas de como o Império estava sendo combatido.

O projeto, rodado na Inglaterra, teve inúmeros contratempos. Curiosamente, um deles foi a percepção de que o ator David Prowse, que personificou o maléfico Darth Vader, não tinha a voz que a produção queria, e acabou sendo dublado pelo icônico ator americano James Earl Jones, que ficou famoso pela sua participação.

Star Wars não só restaurou o som original do CinemaScope da Fox como também a extensão da fanfarra original, composta por Alfred Newman, quando o formato foi lançado. Apenas no lugar do logo CinemaScope, Lucas o substituiu por Lucasfilm.

Com o passar do tempo, George Lucas se tornou muito mais um empresário do que um roteirista e diretor de cinema. A Lucasfilm teve dois braços importantes e de grande sucesso, a Industrial Light and Magic e um estúdio de som avançado, o Skywalker Sound. A ILM se tornou referência na produção de efeitos especiais, e passou a ser contratada por muitos estúdios de cinema.

Star Wars teve várias sequências, porque Lucas decidiu contar a estória a partir do meio. Infelizmente, as prequelas 1, 2 e 3 não tiveram o mesmo nível de criatividade dos episódios IV, V e VI anteriores. Muito da mística dos dois primeiros filmes IV e V já havia se dissipado no último filme desta época (VI), com a introdução de personagens infantis pouco atraentes para o público adulto.

Star Wars acabou ficando na história do cinema como o primeiro em Dolby Stereo e/ou reverenciado como tal. O formato chegou a ter versão magnética Dolby Stereo em 70 mm. A banda ótica continuou gravada nas películas, e automaticamente reproduzida sempre que a trilha digital falhasse durante uma exibição, quer dizer, foi, no final, um esforço técnico que valeu a pena! [Webinsider]

 

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Avatar de Paulo Roberto Elias

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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