Seguindo uma tendência de mercado em plano mundial, as grandes empresas do momento pensam em Educação Corporativa quando tratam do treinamento e desenvolvimento (T&D) de seus funcionários e o conseqüente gerenciamento de seu capital intelectual.
O conceito é antigo, iniciado com a General Electric, sob a batuta de Jack Welch, no Crotonville Management Development Institute, em 1955. Porém, a cada ano, parece estar mais em voga como uma das práticas mais adequadas para assegurar o desenvolvimento das pessoas no ambiente de trabalho. Assim, a Educação Corporativa é um processo no qual os funcionários se envolvem em um constante aprendizado que visa melhorar o desempenho e aumentar sua produção nos negócios.
Em essência, a Educação Corporativa é uma estratégia das organizações para preparar seus recursos humanos de forma que possam se constituir em uma vantagem competitiva. O desafio é mantê–los sistematicamente atualizados em suas competências primárias, que dizem respeito a seus cargos, e a algumas competências básicas para os negócios, como bem definiu a consultora americana Jeanne C. Meister em seu livro Educação Corporativa:
- Aprendendo a aprender
- Comunicação/colaboração
- Raciocínio criativo/resolução de problemas
- Conhecimento tecnológico
- Conhecimento de negócios globais
- Liderança
- Autogerenciamento da carreira
Nesse cenário, as empresas dão a seus funcionários não a estabilidade de décadas atrás, o emprego para toda vida, mas sim a possibilidade de se manter profissionalmente competitivo em sua carreira, aprendendo a cada dia e aumentando seus conhecimentos. A única exigência é comprometimento e produtividade – fatores que por si só são determinantes para qualquer trabalho atualmente. Com as qualificações adquiridas, a capacidade de conseguir emprego nas mais diversas organizações, a empregabilidade, fica praticamente garantida.
Vários são os métodos possíveis dentro desse conceito, como laboratórios, aulas multimídia com CD–ROM, via satélite e e–learning. Todos têm como objetivo fazer com que o profissional esteja em imersão total com os valores e habilidades requeridos pela organização, de acordo com seu ambiente corporativo. Além disso, os programas educativos apresentados nas empresas são reconhecidos como uma “Universidade Corporativa” (sendo esse o restritivo nome original em inglês, Corporate University), alguns inclusive com status de MBA, aulas com consultores renomados e treinamentos com altos executivos de seus próprios quadros.
Dentre os métodos citados, o e–learning é um que começa a ganhar força em Educação Corporativa, ainda que aqui no Brasil se fale pouco sobre o tema. A resistência é em relação às dúvidas, muitas vezes infundadas, sobre a eficácia do aprendizado pela internet, usando apenas o computador.
Mas, criando–se um bom processo de acompanhamento da aprendizagem que realmente “cuide” dos seus aprendizes de maneira personalizada, as chances de se ter um bom projeto de Educação Corporativa a partir do e–learning são grandes. Uma das razões para isso é que cada passo dado no ambiente online será monitorado automaticamente, com todas as informações disponíveis para que ajustes sejam feitos durante e depois do programa. Como em qualquer sistema de Educação Corporativa, o importante é que as metas sejam relacionadas com os objetivos estratégicos da empresa no mercado e com as competências necessárias aos cargos desempenhados.
Para começar, é interessante que haja algum tipo de avaliação do gap de conhecimentos de cada funcionário antes (e também depois) de iniciada sua jornada pela Universidade Corporativa ou pelo processo educacional na organização. Essa medida é extremamente importante se a gestão do capital intelectual é uma das diretrizes do projeto.
A comunicação dos objetivos e dos valores da Educação Corporativa deve ser realizada para que o envolvimento de todos com as metas traçadas seja alcançado. Um das iniciativas mais bem pensadas em relação ao capital intelectual na organização valendo–se da Educação Corporativa foi criada pela Skandia, uma companhia sueca de seguros e serviços financeiros que desenvolveu o Skandia Navigator.
A ferramenta é um mapa de várias áreas consideradas críticas pela organização para que obtivesse um desempenho superior de forma sustentável ao longo dos anos. Alguns de seus indicadores têm foco no processo, outros no desenvolvimento e o mais importante, no ser humano. Óbvio, o foco financeiro existe no modelo da Skandia, mas apenas com valor histórico para a empresa.
Enfim, como um programa de Educação Corporativa tem por objetivo iniciar a cultura da aprendizagem contínua de acordo com a estratégia da organização, tão importante como acompanhar o desenvolvimento é avaliar o que se aprende ou o que foi aprendido pelos funcionários.
Instituir uma avaliação do impacto do programa para os participantes é uma forma de saber se as metas propostas foram atingidas e, ainda mais, de que maneira isso aconteceu. Os famosos quatro níveis de avaliação de treinamento criados por Donald Kirkpatrick podem ser adaptados e ampliados, já que se trata de um processo a ser gerenciado e não de um acontecimento único como o treinamento.
Os resultados servirão para aperfeiçoar o processo de educação, adequando as atividades a práticas que resultem em profissionais mais bem preparados e motivados para o desempenho de suas funções no trabalho. [Webinsider]
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Alexandre Bobeda
Alexandre Bobeda (@dezbloqueio) é redator, professor, designer instrucional, autor publicado. Criou o dezbloqueio conteúdo & ideias.
9 respostas
Um artigo muito interessante que a Faculdade Anhanguera indicou para tomar conhecimento desta ferramenta “Educação Corporativa”; percebo que é mais um processo de investimento empresarial nos colaboradores para que sintam se valorizado pela organização e também uma forma de reter talentos e auto valorização da capacitação que foi investida no negócio.
e
Boa-tarde
Fiz referência de seu artigo em curso de adm ao qual estudo, como e-learning pode ser uma estratégia para consolidar poposta de produção limpa P+L. E, recomendei aos demais acadêmicos.
OBRIGADO,
BERNARDES.
Estou tendo oportunidade de participar em Curso a Distância, estou interessado em aprofundar conhecimentos dentro do conceito de Universidade Corporativa.
Abel
A tendência do e-learning é crescer, mediante a exigibilidade no mercado globalizado. Uma vez que temos que constantemente se atualizarmos, para se manter no mercado competitivo. A resistência é normal, só que a cada ano percebe-se um crescimento mesmo nos países em desenvolvimento!
Ana Maria
Gostei muito do artigo, porém, sinto falta de uma enfase maior no que se tange ao pessoal: origem, valores e ética, que a educação corporativa é uma realidade, isso é sem dúvida, mas, não devemos pensar só em: empregabilidade, qualidade de prudução, competitividade. Acredito que o objetivo maior deve ser voltado para o social, para a sociedade comunitária, porque ali é que está os maiores colaboradores,para dali se formar individuo capaz intelectualmente e espiritualmente integrado com os objetivos da empresa. Se assim não for, teremos cidadãos capacitados intelectualmente, mas espiritualmente dismotivados, porque seus problemas pessoais os empeçam de desempenha uma bom trabalho.
Parabéns pelo artigo, pois trás uma linha de raciocínio bem claro como a educação corporativa vem se dando ao longo do tempo. Como é colocado em seu texto, sobre a resistência a essa tendência no Brasil, e é natural que haja, pois em se tratando do novo a resistência às vezes é inconsciente. No entanto, em virtude da eficiência, praticidade, contenção de custos e necessidade de manter os colaboradores antenados às transformações do mercado, esse modelo, não demora será mais uma verdade na forma de fazer educação dentro das instituições, seja ela pública ou privada, em virtude de sua praticidade.
O artigo é uma raridade, pois apresenta a educação corporativa de forma clara, sucinta e objetiva. Propicia ao leitor um entendimento pleno do assunto de modo alinhado às mais diversas correntes mundiais sobre o tema e/ou assunto.
Excelente artigo. No entanto, questiona-se, hoje, se a preocupação na empregabilidade do funcionário é realmente importante para a organização. O foco da Educação Corporativa é a abertura de novos mercados e o consequente aumento de sua vantagem competitiva, sendo assim, a educação é utilizada não em seu sentido de formação generalista do ser humano, mas apenas mais uma estratégia empresarial. Obviamente há muitas vantagens para o colaborador nessa participação na educação corporativa, no treinamento oferecido pela empresa, mas não necessariamente isso será para ele a chave do sucesso, a garantia de uma estabilidade no emprego ou a garantia de que, saindo dali, todas as portas do mundo se abrirão para ele.
Parabenizo pelo artigo. Concordo com o fato de que a educação corporativa é uma importante alavanca para o aumento da competitividade, seja da empresa, seja do colaborador. Entretanto, penso que o maior favorecido é a organização, se considerarmos todos os aspectos inerentes a educação corporativa. Existe muita subjetividade quando se refere à questão da empregabilidade dos colaboradores. Estar empregável não significa manter-se no emprego e muito menos que esse indivíduo será melhor valorizado ou valorado pela empresa, após ter passado por alguma trilha de formação e conhecimento dentro desse modelo educacional. Gostaria de poder trocar mais informações a respeito.