Manuela Nogueira Loddo
Sou assinante do Webinsider e tenho lido seus artigos de altíssimo nível, especialmente aqueles sobre usabilidade e arquitetura da informação. Tenho formação em arquitetura, portanto meu diploma é de arquiteta (arquiteta de verdade, no sentido mais completo da palavra).
No entanto, há alguns anos me distanciei de minha profissão original para trabalhar como gestora de conteúdos e interfaces web no Banco Central, onde exerço a função, entre outras, de “arquiteta da informação”!
Duplamente arquiteta, sinto–me à vontade para escrever algumas linhas sobre o interessantíssimo artigo da Laura Lessa (veja ao lado). Muito bem escrito, ao seu fim ela diz que há uma distância enorme entre a biblioteconomia e a arquitetura da informação, aqui no Brasil.
Buscando entender porque existe essa distância entre duas áreas que deveriam ser naturalmente afins, participei com dois colegas da 8th International Conference on Electronic Publishing, ocorrida em Brasília, em junho. Esperávamos encontrar respostas para nossas grandes dúvidas sobre arquitetura da informação, que não encontrávamos nem em artigos e nem em cursos de AI.
O que vimos foi uma excelente palestra de um bamba em Ciência da Informação, um professor da Universidade de Maryland, Dr. Dagobert Soergel, responsável pela indexação dos jornais científicos eletrônicos da Universidade de Harvard.
Ele fala em User–Centered Indexation, que me pareceu a chave para 99% dos nossos problemas de arquitetura da informação. O ilustre professor inicialmente falou de resultados de busca em “facets”, exemplificando com sua categorização de um resultado de busca no Google, que ele critica pela forma de apresentação de resultados sem categorização.
Em seguida, ele nos conduziu num exercício interessantíssimo sobre indexação com foco no usuário. O exercício partia de uma lista de assuntos relacionados a educação, no qual gerávamos, conjuntamente, uma categorização que buscava entender as formas pelas quais as pessoas buscariam aqueles assuntos. Não é isso que faz um arquiteto da informação na sua rotina?
Na verdade, nosso maior problema é que temos que trabalhar com indexação e thesaurus. Isso nada mais é do que utilizar técnicas da Ciência da Informação, como hoje também é denominada a Biblioteconomia. Porém, nos parece, pelos trabalhos cuja divulgação temos acompanhado pela própria web, que os arquitetos da informação não se utilizam dessas técnicas, pois acham que elas somente se aplicam a bibliotecas.
E os bibliotecários, como vimos na citada conferência, estão mais preocupados com a organização de suas bibliotecas digitais. Ou seja, mesmo que essas bibliotecas estejam organizadas da melhor forma possível, estarão hospedadas num website, que se não tiver uma boa AI, não favorece o encontro da informação.
Acho que está passando da hora de as duas áreas se unirem, pois o pouco que falta para o exercício adequado da AI é aquele conhecimento secular dos bibliotecários, e o pouco que falta para o exercício adequado da biblioteconomia em tempos de publicações eletrônicas é aquele conhecimento novo dos arquitetos da informação, que pensam no usuário como foco da informação oferecida. [Webinsider]
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6 respostas
No curso de biblioteconomia da UNESP a disciplina de Arquitetura da Informaçao já esta na grade curricular há alguns anos, alem de outras disciplinas voltadas a automação e as novas teconologias da informação, vale a pena se interar!
Fico muito feliz que estes debates estejam acontecendo. Sou estudante de Biblioteconomia/UFRGS, e tenho muito interesse pela área de AI. Como citado anteriormente, os currículos de Biblio ainda não estão adequados aos estudantes que visam trabalhar com tecnologias para sistemas de informação. Eu quero trabalhar com AI e terei que fazer cursos extra. Meu TCC será nessa vereda que Loddo tratou. Todas as informações relacionadas e indicações de cursos, serão bem vindas. Parabéns pela reportagem!
Gostaria de receber informes sobre cursos em Brasília, AI, Análise de Sistemas, citados pelo biblio Felipe, em faculdades particulares.
será que alguém pode me ajudar?
Atenciosamente.
Concordo também com a Loddo, pois os bibliotecários têm que passar a ter uma visão multidiscinar devido às novas tecnologias da informação e comunicação.Por isso, há conversar que outros profissionais estão tomando o lugar do bibliotecário, é que alguns estudiosos da área preferem outras sub-áreas como: Biblioteca Pública, A biblioteca como cultura em pról da Socieadde etc. Entretanto, cuidado Colucci, não generalize, existem muitos bibliotecários interessados em A.I.
Concordo plenamente: o bibliotecário é indispensável como catalisador da evolução dos sistemas de informação, minimizando as desvantagens técnicas e intermediando ações a fim de promover o acesso e participação de seus usuários. Só os bibliotecários não perceberam isso.
Concordo plenamente, o curso de graduação em Biblioteconomia deveria passar por uma reformulação no seu currículo e incluir algumas matérias que introduzam o conceito de AI e mais, mostre na prática como ela funciona, infelizmente este tipo de prática só ocorre em nível de pós-gradução. Como eu sempre gostei dessa área busquei um curso de formação específica em Análise de Sistemas em uma faculdade particular de Brasília, o que da muita base a profissionais da informação quando a questão é o casamento entre a informação e tudo que engloba tecnologias de informação, não só AI como Modelagem de dados, metodologia de desenvolvimetos de sistemas, gerência de projetos entre outras áreas que se aplicam de forma interligada com a chamada Ciência da Informação.