Cezar Calligaris
Este é o último artigo da série Valorização da internet. Nos outros artigos (veja ao lado) foram descritos os papéis de agências, veículos e anunciantes na retomada do crescimento do mercado de internet. Agora é a vez dos profissionais e associações.
A propaganda tradicional sobreviveu até hoje graças às proteções que criou para seu mercado: a Lei 4.680, o CENP (Conselho Executivo das Normas–Padrão), o Conar (Conselho de Auto–Regulamentação Publicitária) e tabelas–padrão de preços. Sempre que uma empresa foge a essas regras, recebe algum tipo de advertência ou punição.
Na propaganda online, porém, o que vemos é ainda um vale–tudo que não beneficia nenhum dos envolvidos. O anunciante paga um preço menor, mas não recebe um trabalho de qualidade. Os veículos pulam a agência na venda de espaços publicitários. As agências e produtoras competem de maneira selvagem entre si, muitas vezes propondo preços que não pagam seus custos.
Aí entra o papel das associações, especialmente a AMI (Associação de Mídia Interativa). A AMI deve ser parabenizada por quatro iniciativas. Uma é a criação do PCI (Pacote de Comunicação Interativa), que determina formatos–padrão a serem seguidos pelos veículos, diminuindo o trabalho das agências e custos para os anunciantes.
A segunda é a tentativa de estabelecer um código de conduta para a prática de preços e de participação de agências e produtoras em concorrências.
A terceira é a educação dos profissionais das agências e dos anunciantes em relação à internet e, a quarta, a realização de pesquisas em relação à intenção de anunciar na internet.
Além dessas medidas, as associações interativas poderiam propor aos seus associados duas medidas simples e que teriam grande efeito no mercado de propaganda online.
A primeira é a criação de um selo de qualidade, como é o ISO, para empresas que possuem uma estrutura mínima e atendem determinados requisitos de qualidade para a criação de projetos online. Isso ajudaria a separar as empresas sérias das que se aproveitam do desconhecimento do mercado, como os spammers.
A segunda é a criação de uma tabela básica de preços, que serviria de referência tanto para agências e produtoras quanto para anunciantes. As diferenças que hoje acontecem no mercado causam grande confusão entre todos os envolvidos, principalmente o mais importante deles, os anunciantes. Longe de ser cartelização, essa tabela serviria apenas como referência. Afinal, projetos online são difíceis de mensurar.
Sobre os profissionais de internet, eles precisam ter em mente duas coisas: primeiro, devem se valorizar, acreditar e vender bem aquilo que fazem. Não podem se posicionar como “primos pobres” da propaganda. Em um mercado tão descrente, se eles não acreditarem naquilo que fazem, quem acreditará?
Outra coisa que devem fazer é preparar–se para as oportunidades. Dois anos atrás, por exemplo, poucas pessoas falavam em usabilidade. Hoje há mais vagas do que profissionais no mercado. Se você não consegue vaga em uma função, estude e corra atrás de outra. Profissionais de internet aprendem e crescem rapidamente. E assim como em outros mercados, no mercado de internet há sempre espaço para quem é bom.
Outro ponto polêmico é em relação aos freelas. Cuidado para não vender sua inteligência por pouco, afinal você estará tirando um trabalho de toda uma estrutura de empregos já existente em agências e produtoras. E, acima de tudo, seja muito profissional, pois você vai fazer o papel de vendedor de internet para pessoas que podem não conhecer tão bem esse meio.
No início de 2° semestre de 2004, época do fechamento da série de artigos, chamam a atenção muitos fatos positivos na internet brasileira: usuários brasileiros dominando os serviços de internet como Fotolog e Orkut. Vice–campeões em tempo mensal de navegação, atrás apenas dos japoneses (dados do Ibope). Prêmios em festivais de publicidade internacionais e crescimento do e–commerce na casa dos dois dígitos. É esse tipo de notícia que profissionais e associações precisam divulgar ao mercado. Se bem feita a internet funciona, e é preciso dizer isso a quem ainda não acredita nela.
Esta é a internet brasileira chegando à maturidade. Se você não sabe ou não acredita, procure ler e se informar antes de deixar a web de lado. Com tanta gente no mesmo nível profissional e acadêmico e com tantas coisas em comum entre as empresas, esse pode ser o diferencial entre você e as marcas concorrentes ou mesmo entre você e seus concorrentes no mercado de trabalho. [Webinsider]
Uma resposta
ok mais não éra oque precisava dá