Alessandra de Falco
Em 2003, o mercado de jogos movimentou US$ 28 bilhões no mundo, mais do que a indústria de cinema. Deste total, quase US$ 1 bilhão refere–se aos jogos para celulares, sendo que a expectativa é atingir o valor de US$ 3 bilhões até 2007, o que influencia a tendência ao investimento no desenvolvimento de jogos portáteis.
Nos anos 90, surgiram os primeiros jogos 3D single e multiplayer para PCs; hoje, um Pocket PC com processador X–Scale, 400 MHz, 64 MB memória tem o poder de processamento de um PC de 1997; os Smartphones com wireless MMX permitem que os jogos 3D no celular sejam comparados com PCs do final da década de 90. Além do investimento em massive multiplayer e jogos high–end 3D, novos jogos singleplayer 2D (e 2,5D) são desenvolvidos para celulares.
O investimento na produção de jogos para celulares no Brasil cresce a cada dia visando inclusive à exportação. De acordo com Marcelo Carvalho, diretor de tecnologia da Devworks, a tendência é que a produção de jogos para celular na empresa supere a produção para web. A Devworks já possui 25 jogos para o dispositivo e está desenvolvendo seu primeiro jogo 3D.
A convergência PC–mobile está cada vez mais próxima, espera–se que até a metade do próximo ano sejam produzidos jogos multiplayers 3D também para celulares. De acordo com André Penha, diretor executivo da Délirus Entertainment, a tendência é a convergência até mesmo dos meios de distribuição de jogos. “Instala–se um jogo no PC que tem versão para celular e pode ser transmitido via bluetooth, wi–fi, IR…”, afirma Penha.
O Instituto de Computação da Unicamp, com co–patrocínio da FINEP e o apoio da Délirus Entertainment, está desenvolvendo um middleware para jogos multiplayers que permitirá a integração de diversas plataformas para que no futuro seja possível jogar ao mesmo tempo em diferentes dispositivos. A primeira versão do middleware será focada em desktops com diferentes sistemas operacionais e será finalizada em agosto de 2005.
Hoje no Brasil, o que dificulta a implementação de jogos multiplayers em telefones móveis é o problema de latência nas redes GPRS e CDMA – tempo que um bit demora em trafegar de um telefone para outro –, mas que tem sido contornado através da criação de jogos multiplayers por turno, ou seja, quando um player termina sua jogada o outro começa. Outro fator que dificulta a utilização da rede é o preço por tráfego que ainda é muito alto. Mas apesar destas limitações, os telefones celulares já têm alto poder de processamento o que facilita a jogabilidade.
O processo de produção de jogos
No Brasil, o movimento do mercado de jogo em 2003 foi de R$ 120 milhões, sendo que no último ano foram criadas 10 empresas de desenvolvimento de jogos. Segundo dados da Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos), 35 jogos (PC ou console) surgiram nos dois últimos anos e hoje 25 estão sendo desenvolvidos. Os jogos de consoles são responsáveis por 80% das vendas, mas as empresas também têm investido cada vez mais na produção de jogos para celulares.
De acordo com o diretor executivo da Délirus Entertainment, André Penha, o processo de produção de jogos engloba desde a análise de mercado até a venda do produto. Dois fatores são essenciais no início da produção: a definição de prazo para finalizar o jogo e a análise de mercado: “O desenvolvedor precisa saber qual a tendência para a época da publicação, ou seja, quais as expectativas dos players”. Muitas vezes, os jogos devem ser adaptados a diferentes línguas e culturas.
O prazo no desenvolvimento de um jogo é de extrema importância, pois a pesquisa de mercado tem validade e o custo de todo o processo é alto. Penha cita o jogo ProGoal Plus desenvolvido pela Délirus: “Através de pesquisa verificamos que havia no mercado uma demanda de jogos de futebol para celular com ótima jogabilidade e bons gráficos. Investimos nesta idéia, o que nos proporcionou a terceira colocação na segunda etapa do concurso mundial da Sony Ericsson”.
Marcelo Carvalho, diretor de tecnologia da Devworks, ressalta as diferenças entre a produção de jogos para celular e as demais plataformas: “Há a necessidade de adequar o trabalho às restrições do aparelho, como o processamento, o tamanho do visor do aparelho, o tamanho do arquivo (som, imagem e animação). Quanto menor o arquivo, mais rápido é o download, conseqüentemente o usuário gasta menos com o tempo de tráfego na rede e pode investir na compra de novos jogos. A produção para celular é específica, chamamos de Pixel Art, pois o artista desenha pixel a pixel para atingir o melhor efeito”.
A divulgação do jogo, normalmente, é de responsabilidade do publicador e a necessidade deste intermediário implica, muitas vezes, na negociação sobre a propriedade intelectual do jogo e também sobre os royalties. O publicador proporciona a venda através de lojas, sendo que as melhores marcas e os principais títulos de PCs e consoles são vendidos em prateleiras. Apesar do alto custo com a logística, este ainda é um bom meio de investimento, pois os gamers vão as lojas em busca de novidades.
Há também a possibilidade da venda online que gera uma porcentagem de lucro por unidade maior para o desenvolvedor, pois a venda é direta. Os jogos pay–per–play, que os players pagam um valor para jogar online, são boa alternativa antipirataria, que, segundo a Abragames, gera o prejuízo de R$ 650 milhões ao mercado de jogos brasileiro.
De acordo com Penha, o objetivo das desenvolvedoras de jogos hoje é encontrar o modelo de negócio mais viável. Os primeiros jogos serão risco do desenvolvedor que enfrentará a dificuldade de divulgação do produto, principalmente os jogos desenvolvidos para celulares, pois as operadoras brasileiras ainda não investem o suficiente em mídia. Segundo Carvalho, o crescimento do mercado de jogos para celular durará mais um ano e a partir de então as empresas desenvolvedoras terão retorno do investimento. [Webinsider]
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2 respostas
Estou fazendo o tcc sobre o assunto jogo para celular com bluetooth estou com duvida sobre ele.
EU TENHO QUE CONCEQUIR ENVIAR JOGO PARA MEU CELULAR