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Quando o assunto é navegabilidade, existem muitas teorias sobre o que é certo e o que é errado. Mas antes de tomarmos decisões relativas à navegabilidade em interfaces digitais é importante entender como nosso cérebro funciona quando o assunto é localização espacial.



O ser humano possui a habilidade de se situar no espaço. Ela funciona como um localizador biológico – um GPS (Global Positioning System) – mas com uma vantagem fundamental: nossa habilidade não deixa de funcionar caso parte do sistema de direcionamento falhe, por trabalhar de maneiras variadas.



Nós possuímos um complexo sistema cognitivo que utiliza três estratégias básicas para nos orientar no espaço: orientação, integração do trajeto e acompanhamento de rota. Elas podem ser usadas ao mesmo tempo ou não.



“Olhe para lá. Você vê aquele prédio cinza com janelas azuis? Siga naquela direção, o Correio fica no térreo”. Segundo os neurologistas, “orientação” é a estratégia onde uma pessoa se guia por um ponto de referência chamativo.



“Por onde você se lembra de ter passado? Então volte até a padaria e depois dobre à direita. Ande dois quarteirões até o Correio.” Na estratégia chamada “integração do trajeto”, o cérebro recompõe os trechos individuais do caminho em um relato de progresso cumulativo que leva em conta a lembrança dos nossos próprios movimentos.


Na integração do trajeto a memória cognitiva é menos solicitada. Ela lida com apenas algumas instruções gerais e com o chamado vetor de direcionamento. A integração do trajeto funciona porque se baseia fundamentalmente no conhecimento da direção geral de movimento.



“Siga em frente pela Alameda Santos, vire à esquerda na Rua Peixoto Gomide, então à direita na Avenida Paulista e vá até o meio do quarteirão.” Esta estratégia, chamada de “acompanhamento de rota”, usa referências como prédios e nomes de ruas, além de instruções para atingir pontos intermediários.



É muito mais precisa que a orientação ou a integração do trajeto, mas no acompanhamento de rota qualquer detalhe que você esqueça pode fazer com que você tenha problemas para chegar ao seu destino. É preciso manter em mente todos os pontos de referência e direções intermediárias. É o modo mais detalhado e, por isto, o mais confiável, mas pode falhar em decorrência de lapsos de memória rotineiros. O acompanhamento de rota realmente desafia o cérebro.



Estas três estratégias básicas do nosso sistema cognitivo também são utilizadas em ambientes virtuais. À medida que você se movimenta (navega) por um website ou interface gráfica, o cérebro coleta informações sobre este ambiente – cores, formas, sons, luminosidade, movimentos, sensação de passagem do tempo, etc – para determinar o caminho percorrido.



A parte de nosso cérebro que controla o direcionamento é chamada por neurobiólogos de “mapa cognitivo”. Mas este mapa é basicamente metafórico e se parece mais com uma estrutura hierárquica de relações, onde as posições e distâncias são relativas, do que com um mapa de verdade. Isto porque temos a tendência de memorizar apenas o que é necessário.



Os mapas cognitivos que usamos são parecidos com um gráfico, um conjunto de pontos e conexões – como um mapa de linhas de metrô. Os pontos representam as diferentes referências e as linhas entre eles correspondem a ações que nos levam de um ponto ao seguinte. Como em um mapa de metrô, as distâncias exatas e os ângulos precisos são desnecessários. O nosso mapa mental faz apenas uma aproximação das proporções entre trechos individuais e das direções e mostra os pontos de acordo com a relação entre eles.



Para a boa navegabilidade de um website o fundamental é ter disponíveis várias formas de localização – barras de navegação, menus, breadcrumbs, mapa do site, links descritivos, etc – e deixar que o próprio usuário escolha a estratégia que irá usar quando criar seu mapa mental. [Webinsider]



Avatar de Marcos Nähr

Marcos Nähr (Marcos_Nahr@Dell.com) é formado em Design Gráfico, consultor de conteúdo para o Global eCommerce da Dell Computadores e professor do Comunicação Digital da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

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