Curtas

Advertising Week 2005

Semana retrasada aconteceu a segunda edição da Advertising Week em Nova Iorque. O evento já faz parte do calendário oficial da cidade e inclui até desfile em carro aberto dos mascotes favoritos da publicidade pela Times Square. Estavam lá Tony the Tiger e o Energizer Bunny, entre muitos outros.

Fui a três eventos: do IAB (Interactive Advertising Bureau), do site de notícias MediaPost e da WOMMA (World–of–Mouth Marketing Association). Foi uma verdadeira maratona, pois os eventos aconteceram simultaneamente.

Uma das palestras mais interessantes foi a de Mark Cuban, durante o Media Forecast 2006. Ele é um pioneiro da internet, fundador da Broadcast.com que foi adquirida por 5.7 bilhões de dólares pelo Yahoo em 1999. Mas ficou famoso mundo afora por ter usado o dinheiro da transação em uma de suas paixões – o basquete. Mark comprou o Dallas Mavericks, time da NBA, e pode ser visto em todos os jogos discutindo com juízes e jogadores.

Como visionário que é, Mark segue olhando para o futuro e fundou a HDNet, que é um canal de TV que distribui toda a sua programação em alta definição (“High Definition”, “High Def” ou simplesmente “HD”).

Isso mesmo: enquanto o Brasil patina na discussão sobre os padrões de TV digital, a HD TV já uma realidade que chega aos lares de milhares de norte-americanos. Você sabia que a partir de 31 de dezembro de 2006 todas as emissoras dos Estados Unidos deverão desligar seus sinais analógicos e transmitir exclusivamente em HD?

Será um marco na indústria do entretenimento e interatividade. Aliás, já falei aqui sobre o potencial dos jogos online para a publicidade (veja ao lado). O que eu não disse é que a nova versão do Xbox da Microsoft, que será lançado ainda esse ano, vem capacitado para sintonizar HD TV. É a convergência cada vez mais perto de nós.

Mudando de assunto: Art of The Heist. Esse é o nome de um tremendo case que foi apresentando no evento do IAB. Trata–se de uma campanha que combina com muita criatividade marketing viral, jogos e uma grande estratégia “cross media”. No início desse ano a Audi começou a divulgar na TV, rádio e mídia impressa que um veículo A3 havia sido roubado de uma loja Audi na elegante Park Avenue em Nova Iorque. Para garantir a veracidade, a vitrine da loja foi destruída e fitas de isolamento como as usadas pela polícia foram colocadas na loja.

A partir daí foi desencadeada uma série de ações em todos os Estados Unidos que, durante três meses, incluíram a criação de empresas fictícias, blogs, anúncios em jornal, vídeos de segurança e até mesmo a aparição de personagens da trama em eventos reais, como entrevistas na MTV, feiras de games e de carros. Tudo com o objetivo de envolver as pessoas na intricada trama e gerar interesse pelo A3. Para se ter uma idéia da perfeição da campanha, um jornal chegou a procurar uma das personagens da trama para uma entrevista real.

Resultados: 500 mil pessoas envolvidas no jogo, aumento de 40% do tráfego no site da Audi especialmente nas páginas do A3 e mais de 3.800 test drives solicitados. Entre 8 a 14 de maio o hot site Stolen A3 pulou de 33 mil visitas para 281 mil. Em resumo, comparada às iniciativas anteriores, Art of the Heist gerou um aumento de 79% de interesse pelo A3 no site e mais de 10 mil contatos nas lojas.

No mais, pude constatar a importância cada vez maior das chamadas “consumer generated media”, ou seja, ações de marketing boca–a–boca e sites com conteúdo gerado por usuários, como redes sociais, blogs e podcasts.

Prova disso é o resultado da pesquisa realizada pela Forrester e Inteliseek, que mostra que as recomendações de consumidores são fundamentais na formação de opinião sobre determinado produto e serviço. Como bem diz Seth Godin, guru do boca–a–boca e um dos melhores palestrantes da semana: “incentive as redes sociais entre consumidores, mas saia do caminho para que eles possam falar e interagir”. [Webinsider]