Imagine uma rede wireless ultrapotente em termos de alcance e performance, disponível para usuários de dispositivos móveis por meio de celulares e palmtops, com a possibilidade do uso de VoIP para fazer chamadas. Pois é, essa é a nova dor–de–cabeça das operadoras de telefonia celular.

O Wi–Max é uma evolução da tecnologia de transmissão de dados sem fio conhecida como Wi–Fi, presente em aeroportos, hotéis e cafés. Enquanto o Wi–Fi tem curto alcance (cerca de 50 metros), o Wi–Max pode ter cobertura de até 50 quilômetros e capacidade de transmitir mais dados.

Isso permite que aparelhos capazes de operar com o Wi–Max possam acessar a internet em alta velocidade, e realizar chamadas via VoIP, entre outros, mesmo em movimento. Testes recentes da Samsung mostraram que a tecnologia é eficiente para pessoas deslocando–se a velocidades de até 120 quilômetros por hora.

Diante dessa tecnologia, é possível o uso da banda disponível para chamadas usando o conceito de voz sobre IP. Resultado disso: o usuário pode fazer ligações praticamente a custo zero. É certo que ele deverá pagar pelo acesso às redes Wi–Max, mas as possibilidades e facilidades de comunicação se ampliarão consideravelmente para essa pessoa.

Por exemplo, se ela for uma usuária de Skype, ela pode baixar a versão para PocketPC do programa e fazer ligações sem custo algum para seus contatos cadastrados no seu perfil. Usando o Skypeout esse mesmo usuário através do seu PocketPC poderá discar para qualquer telefone fixo ou móvel no mundo a custos extremamente simpáticos.

Pois bem, pessoal, agora teremos uma briga interessante. Mais uma vez o avanço tecnológico vai modificar as práticas do mercado. Por sinal cabe aqui uma citação filosófica: o avanço tecnológico é que dita as regras do mercado de tecnologia, e não a vontade dos diretores. Um exemplo claro disso ocorreu com o surgimento das tecnologias de P2P (Per–to–Per) que deram origem aos fenômenos Napster e eMule, entre muitos outros. O mercado de sonoplastia mudou por conta desses avanços.

É claro que os fabricantes de celulares e as operadoras não estão de braços cruzados diante do Wi–Max. Muitas oferecem serviços de acesso à internet e conteúdo exclusivo por meio da tecnologia 3G. A americana Verizon Wireless, por exemplo, lançou, em 60 cidades americanas, um serviço de acesso rápido à internet ao preço de 60 dólares por mês.

A Verizon, porém, adotou medidas claras para evitar a canibalização de suas receitas com tarifas de celulares. Os assinantes são impedidos de usar a tecnologia 3G para fazer chamadas via VoIP. Será que essas proibições vão durar muito tempo? Até quando o usuário vai se submeter a isso?

Se nós pensarmos que o Google está oferecendo gratuitamente o acesso à internet em alguns locais dos EUA, em breve eles poderão passar a fazer isso usando os recursos do Wi–Max. Diante disso, de que adianta as operadoras proibirem chamadas via VoIP dentro de suas redes de dados?

É muito provável que essas proibições não durem muito, até mesmo porque empresas criativas e inovadoras, com o poder de investimentos pesados, deverão entrar nesse mercado. Imaginem o Google como operadora de telefonia, integrada ao Google Talk? Eles já conhecem o conteúdo dos e–mails dos usuários do Gmail, já conhecem as buscas, as localidades preferidas (Google Earth), a rede de amigos (Orkut) e conheceriam também as conversas dos seus usuários que usarem recursos de VoIP em sua rede. Tudo isso é especulação, mas plenamente possível de acontecer nos próximos meses.

Agora preparem–se pois ainda não chegamos ao ponto crucial dessa discussão: quanto custa para uma operadora manter sua rede atualizada? Quanto custa implantar novas áreas de cobertura, com ERBs (antenas) e toda a comunicação necessária? Outra questão: quanto custa para montar uma rede Wi–Max e permitir que usuários se comuniquem via VoIP?

Sem dúvida nenhuma estamos olhando para uma competição desleal. É muito mais caro manter as redes de telefonia.

No final disso tudo, quem paga a conta é sempre o usuário. Até quando o usuário vai preferir pagar mais para usar as operadoras? Até quando os usuários corporativos vão continuar optando por usarem as operadoras vendo uma alternativa imensamente mais barata? Quais as armas que as operadoras usarão para combater essa nova onda? Será que apenas proibir vai resolver o problema? [Webinsider]

Eduardo Lins

<strong>Eduardo Lins</strong> (eduardo.henrique@comperantime.com) é gerente de inovação da <strong><a href="http://www.comperantime.com/" rel="externo">Compera nTime Yavox</strong></a> e apresenta treinamento junto ao <strong><a href="http://www.i-group.com.br" rel="externo">I-Group</strong></a>.