Muito mais do que um sistema operacional, Linux é uma idéia! Idéia que visa em seus primórdios valorizar o avanço da TI em relação aos entraves da propriedade intelectual.
Trocando em miúdos: você pega algo que alguém já criou e a partir daí desenvolve ou customiza, com a obrigação de repassar as alterações realizadas por você para que outras pessoas possam utilizá–las também. O resultado é um ciclo onde não é mais necessário inventar a roda todos os dias.
Até aqui tudo muito interessante. Mas por que tantas empresas odeiam essa idéia e chegam a dizer que não conseguem faturar com esse esquema?
Está questão é puro marketing (mercado). Mas que diabos então é marketing?
Vamos ver uma definição de marketing (de Alexandre L. Las Casas): “Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou individuos e considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem–estar da sociedade”.
Ao tentar comercializar um produto ou um serviço, devemos responder algumas questões, que são de extrema importância para que a atividade seja bem sucedida.
O que é meu produto ou serviço?
Em que ramo atuo?
O que eu tenho que oferecer no mercado?
O que é meu diferencial?
Quem é meu cliente?
O que o cliente espera do meu produto ou serviço?
Onde esta meu cliente?
Qual o investimento necessário?
Diretores de TI e gerentes de projeto, ao responder a estas perguntas, poderiam dizer que é difícil dar suporte ao Linux devido a grande diversidade de distribuições existente no mercado.
Por exemplo: se eu fosse um fabricante de hardware, como faria para que as distribuições Linux tivessem o driver para o hardware que eu fabrico?
A primeira resposta que vem à nossa cabeça é a mesma que grandes empresas acabam aplicando: simplesmente distribuir o driver para os mantenedores das distribuições. Entretanto, não há garantias de que o mantenedor da distro irá colocar o driver do meu hardware, o que dependeria de sua vontade ou avaliação.
Porém, se usarmos uma outra estratégia de marketing, veremos outra forma de alcançar nosso objetivo.
Veja o esquema
Produto ou serviço => Preço => Distribuição => Promoção
Se conseguimos influenciar o mercado e criar nele uma necessidade ou desejo por parte dos consumidores pelo meu hardware, os consumidores vão procurar utilizar apenas as distros Linux que possuem o driver para este meu hardware. Assim, uma distro Linux, se quiser participar ativamente no mercado, terá como obrigatoriedade possuir este driver.
Algo como a Tetra Pack faz. Em vez de desperdiçar esforços pressionando seus clientes (indústrias alimentícias) para a aquisição de embalagens melhores, a empresa inverte o papel. Transforma suas embalagens em uma necessidade dos consumidores de seus clientes, que assim adquirem as novas tecnologias sem rodeios.
Uma outra dica é não vender o Linux, e sim um ambiente customizado que satisfaz as necessidades e os desejos dos seus consumidores. Um pensamento ou uma idéia sozinha não tem valor no mercado. O que se consegue vender são idéias que tenham aplicabilidade comercial.
E podemos dizer sim que Linux is Commerce, frase que faz parte de uma das campanhas da IBM para a adoção do Linux. .[Webinsider]
Marcos Vinícius da Silva Junior
Marcos Vinicius M. da Silva Junior é consultor em segurança da informação.
Uma resposta
Ótimo ponto de vista sobre o cunho comercial no mercado de software.
Parabéns.