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Motivada por uma grande profusão de comentários por aí e de empresas que oferecem “design thinking” como mais um produto de sua prateleira, resolvi me pronunciar um pouco sobre o assunto.

Design thinking, pra quem não sabe, é, literalmente, o pensar do design levado para cadeiras ou profissionais de marketing, administração e gestão. Mas acabou se tornando uma “disciplina” e um processo ao passo que Tim Brown assim a lançou, com metodologia e tudo, em seu livro com este nome. Só que não há novidade quando se entende o processo.

Para quem leu o livro em português e não pescou ou em inglês e desconhece o termo, aqui vai uma explicação: “human factors” é um outro nome para a disciplina Ergonomia, principalmente assim chamada nos Estados Unidos. E “fatores humanos”, como foi traduzido aqui, não é apenas uma expressão no texto, mas uma referência a essa disciplina que estuda o comportamento humano durante a interação com um produto, serviço ou em dada circunstancia e situação.

Tudo se baseia em pesquisa e metodologias como Observação (em caixa alta porque é um dos métodos da Ergonomia), Entrevistas Estruturadas, Análise da Tarefa, Avaliação de Usabilidade, Cenários e Personas, etc.

O grande mérito do fundador da IDEO foi elevar esse pensar do design ao patamar da inovação sob a ótica da responsabilidade social – na saúde, principalmente.

Com a participação de pessoas num processo de criação conjunta (ou co-criação para usar os termos da moda), em uma simulação ou na real situação pesquisada, Tim Brown e sua equipe puderam perceber as reais necessidades das pessoas em dada situação, as circunstâncias envolvidas no momento, suas limitações ou percepções culturais (que levam a modelos mentais específicos) para então fazer a pergunta certa e chegar numa solução que provavelmente não era a do problema percebido mas de outro não percebido, este sim, de fato a causa de todo o desarranjo.

Apenas com esse pensar, afirmou ele e dissemina-se agora, é possível de fato inovar e não apenas aprimorar alguma coisa. Sim, porque olhar para o problema de forma obtusa só faz com que seja possível aparar as arestas.

Mas se temos a chance de observar e entender as pessoas envolvidas com o processo em todo um contexto e histórico que as levam a fazer alguma coisa daquela forma, bem como associar isso à analise de situações semelhantes mas não necessariamente afins, só assim teremos o poder de pensar em algo que realmente faça diferença.

Acho ótimo que esse termo tenha ganho tanto destaque e esteja tão em voga – afinal é a essência do design centrado em pessoas (ou ergodesign, como batizou minha gurua Anamaria de Moraes), forma como enxergo o meu trabalho. Só acho que deve-se referenciar a origem de tudo e o verdadeiro embasamento teórico: a Ergonomia.

Convido a leituras complementares a este post:

Usabilidade não nasceu ontem e tem história
Modelo Mental: conheça algumas definições
Inovação Radical
Uma homenagem pessoal à Anamaria de Moraes: Ergonomia, Fatores Humanos e Divinos

Posicionamento da MaisInterface

[Webinsider]

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Renata Zilse (renata@maisinterface.com.br) é designer com mestrado em design e arquitetura da informação.

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3 respostas

  1. Excelente texto, claríssima a explicação. Busquei este assunto para entender melhor como atuar com alunos com algum tipo de limitação, que ocupam os espaços escolares totalmente sem acessibilidade.Continuo lendo, buscando entender como atender melhor. Parabéns!!!!

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