Quando o homem pousou na Lua no final da década de 60, o custo da viagem foi equivalente ao peso dos astronautas em ouro. Apesar disso, quase tudo que subiu foi abandonado no espaço ou desceu queimando em nossa atmosfera. A pequena cápsula que trouxe Armstrong, Aldrin e Collins de volta ao planeta Terra era uma micro fração de tudo que subiu e foi desperdiçado.
Pode ser difícil acreditar, mas esse processo não mudou muito. Até mesmo os ônibus espaciais desperdiçavam grande parte do que subia com eles. E é por essa razão que atividades espaciais de qualquer natureza ainda são raras, apesar de toda tecnologia existente atualmente.
A SpaceX, uma das empresas contratadas pela Nasa para levar carga e astronautas para Estação Espacial Internacional (ISS), tem um plano para resolver esse problema. Reaproveitar tudo que for possível. Detalhes como a tampa protetora do engate da nave Crew Dragon com a ISS, que abrirá e fechará em lugar de ser ejetada no espaço, até foguetes que retornam à Terra, fazem parte desse plano.
Só que existe um problema nessa estratégia. O peso do foguete é uma combinação da sua própria estrutura metálica, a carga e o combustível. E para subir e descer ele precisa de combustível proporcional ao seu peso. Está seguindo o raciocínio? Quanto maior o peso, mais combustível é necessário e consequentemente ele ficará ainda mais pesado. Complicado, não é?
Com uma carga “leve”, a SpaceX já havia conseguido encher o tanque para subir, deixar a entrega em órbita, dar meia volta e pousar em terra firme. Mas se há muita carga (peso) o combustível usado para subir praticamente seca os tanques do foguete na ida e a única alternativa para conseguir voltar em segurança é pousar no local mais próximo possível do ponto final da trajetória de descida. Em outras palavras, no meio do oceano em uma balsa pilotada por computadores.
Foi e voltou
A tecnologia que temos à nossa disposição hoje nos faz crer que até uma loucura dessas parecer banal, mas acredite, não é. Em realidade é algo muito mais complicado, por exemplo, que pousar jatos em porta-aviões. Tão complicado, que já falhou inúmeras vezes.
Nos últimos meses vários foguetes chegaram até a balsa, mas algo de errado sempre acontecia e lá vinha uma mega explosão. E tudo ao vivo. A SpaceX, nesse aspecto, é extremamente transparente e sempre transmite fracassos e sucessos ao vivo e provavelmente em virtude disso acabou criando uma legião de fãs torcendo por eles ao redor do mundo.
Sou um deles. Venho acompanhando a empresa e as diversas tentativas há muito tempo e sempre esteve claro para mim que em breve conseguiriam porque depois de cada falha, aprimoravam o processo e o quase vinha ficando cada vez mais quase.
No dia 8 de abril de 2016 eles conseguiram pousar no meio do oceano e uma multidão de pessoas ao redor do mundo comemorou redistribuindo a incrível façanha via redes sociais. Já assisti o vídeo incontáveis vezes e ele continua me arrepiando.
Marque essa data no seu calendário. Estamos presenciando a história acontecer diante de nossos olhos. Futuras gerações lembrarão desse dia como o passo fundamental para baratear e popularizar voos espaciais. Parabéns SpaceX!
[Webinsider]
http://br74.teste.website/~webins22/2016/02/19/o-carro-comecou-a-afalar-e-ninguem-entende/