Um mundo cada vez mais imersivo desponta à nossa frente através da realidade virtual.
É o que prometem as diversas iniciativas que colocam o usuário / consumidor / cidadão com um gigantesco óculos, virando a cabeça no melhor estilo “O Exorcista”.
De fato, a capacidade de capturar e replicar o mundo simultaneamente em todos os ângulos de visão (seja o 360 graus plano, como nas fotos estilo “Panorama” ou esférico, incluindo “a parte de cima e de baixo”), grosso modo, no mínimo quadruplica a quantidade de informação a ser absorvida.
O cone visual do ser humano (a área de visão percebida sem o movimento da cabeça) é o que sempre acabou determinando as mídias imersivas que temos hoje.
A TV, o cinema ou qualquer ‘coisa’ que use uma tela para replicação de um conteúdo visual (fixo – foto, ou dinâmico – filme), utilizando o movimento de câmeras (ou seja, a captura em ângulos distintos) para direcionar o foco do público e, assim, construir a narrativa através dos elementos que o diretor (do filme, do vídeo, do conteúdo) desejava destacar.
Como, por exemplo, quando há a alternância de câmera entre diálogos (chamada pelos cineastas/diretores de Teoria da Linha de Diálogo, ou Regra dos 180º).
Um mundo em 360º
A partir do momento em que se torna possível capturar um cenário em 360 graus simultaneamente, a quarta parede é mais facilmente quebrada.
Há um maior grau de imersão do espectador na narrativa ao se eliminar os elementos “do mundo real” (visão periférica e limitação do campo de visão) que o jogavam, a todo instante, nesta balança entre a atenção ao universo lúdico e esse monte de outras coisas na sala.
Aliás, vivências em primeira pessoa já permitiam ampliar esse grau de imersão, como neste divertido videoclipe da banda russa Bitting Elbows:
Mas a visão ampliada das multicâmeras permitirá uma inclusão muito maior de elementos à cena/situação, proporcionando, até mesmo, conclusões diferentes de uma narrativa dependendo de onde estava o foco do espectador.
Lembra do filme “Ponto de Vista” – Vantage Point? Nele são apresentados diferentes ‘pontos de vista’ de diferentes personagens para elucidação de um atentado terrorista); incorpore uma filmagem em 360 graus. É isso!
https://www.youtube.com/watch?v=XfOzWY96sJc
Muda-se a forma de pensar em imagem, foco e movimento; adicionam-se elementos que poderão conduzir uma história a caminhos diferentes a cada vez que ela é, ludicamente, vivida; abre-se caminho para tratar o mundo dos vídeos e filmes de uma forma cada vez mais aberta (algo que a indústria de games utiliza amplamente), onde o jogador espectador é menos expectador e mais personagem. [Webinsider]
JC Rodrigues
JC Rodrigues (@jcrodrigues) é publicitário pela ESPM, pós-graduado pela UFRJ, MBA pela ESPM. Foi professor da ESPM, da Miami Ad School e diretor da Disney Interactive, na The Walt Disney Company.